A direção política da Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC-FAC), representada por Emmanuel Nzita, acusa as Forças Armadas Angolanas de cometerem atrocidades sistemáticas contra civis em Cabinda. Em entrevista à DW-África, Nzita também desmente a alegada rendição de mais de 200 dissidentes, classificando a informação veiculada pelos meios de comunição angolanos como “pura propaganda do Governo angolano”.
DW África: Como descreveria a situação atual em Cabinda?
Emmanuel Nzita (EN): A situação em Cabinda é crítica para o povo porque, quando há ataque e entre a FLEC-FAC e as Forças Armadas de Angola, o Exército angolano, há retaliação contra o povo.
DW África: Portanto, quando há confrontos, as forças angolanas retaliam contra a população civil. É isso?
EN: Sim, é isso. E também ninguém reage. Nós até decretamos o cessar-fogo para criar boa condição. Essa é a expressão da nossa boa vontade de paz. Mas o Governo angolano sempre viola esse cessar-fogo. Por isso, cada vez que o MPLA ataca as nossas posições ou faz qualquer coisa, nós também devemos retaliar. Nós estamos ali em Cabinda, é nosso país. Nós não estamos fora, na República Democrática do Congo ou em qualquer outra parte. Tudo está a se passar ali dentro. Quando o Presidente angolano, João Lourenço, diz que FLEC acabou, não há nada, a situação é calma e sob o controlo do Governo angolano, é falso.
DW África: À voz da Alemanha, DW, chegaram notícias de que mais de 200 dissidentes da FLEC-FAC regressaram voluntariamente a Angola, abandonaram as matas da República Democrática do Congo e regressaram voluntariamente a Angola em resposta ao apelo dos seus líderes militares. Emanuel Nzita, confirma esta informação?
EN: Isto é mentira. Você pode ler que entre essas 202 pessoas há jovens, civis que alegam terem sido prometidos emprego. O Governo angolano, neste momento, está em negociação com o Governo congolês para repatriar esses civis ao Congo.
DW África: Então não são dissidentes. Ou seja, é propaganda do Governo angolano?
EN: É propaganda do Governo angolano. O Governo angolano prometeu emprego, prometeu o quê. Antes de sair do Congo, esse pessoal recebeu um bocadinho qualquer coisa para meter no bolso. Esses jovens dizem que são civis congoleses.
DW África: E ao nível diplomático Internacional, há alguma evolução?
EN: Angola não quer negociar. Para as autoridades angolanas, apenas a rendição é que conta. Nós devemos integrar a sociedade angolana sem ter em conta a especificidade de Cabinda, quer em termos sociológicos e jurídicos. O Governo angolano não quer respeitar isso. O povo de Cabinda está a ser escravizado por causa do petróleo.
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