Guineenses chamados a lutar pela reposição da democracia – DW – 15/05/2025

A sociedade civil guineense é convocada a sair à rua pela reposição da ordem democrática e pelo fim da supressão das liberdades fundamentais. A organização cívica e social “Po de Terra” (pau da terra) em parceria com a Frente Popular, plataforma que junta sindicatos e organizações juvenis, promovem a 25 de maio, Dia da África, uma manifestação contra o atual Governo.

Sem avançar com pormenores da iniciativa por uma “questão de estratégia”, Vigário Luís Balanta, secretário-geral do Movimento “Po de Terra”, ressalta à DW a importância da união entre a população para lutar por melhores condições.

DW África: Quais são as principais reivindicações desta manifestação e o que esperam alcançar, a nível político e social?

Vigário Luís Balanta (VLB): Como todos nós sabemos, somos guineenses e temos motivos mais do que suficientes para fazer a manifestação. Porque, durante estes últimos cinco anos, vivemos na violação sistemática da nossa Constituição.

O regime instalado não respeita a Constituição, não respeita os direitos humanos e, além disso, há inflação no mercado. Produtos de primeira necessidade com preços galopantes e não há transparência no imposto de IVA. Sabemos que pode ser até boa ideia, mas o problema é sua aplicabilidade, porque não há Parlamento para fiscalizar os atos da governação e o Governo que temos perdeu a legitimidade.Esperamos alcançar a atenção de todo mundo, a atenção da comunidade Internacional e do povo guineense porque o povo já está mobilizado.

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E isto vai afetar na vida política e social, porque queremos a mudança, e vamos fazer a mudança. Há a necessidade de o Estado repensar a política pública para os jovens, para defender os mais velhos, porque não há saúde na Guiné e não há educação. Por isso temos obrigação de levantar, na qualidade de jovens conscientes. E, com a Frente Popular e demais outras organizações, juntamo-nos para fazer isso. Por isso convocamos todo o povo guineense.

DW África: Porque é que escolheram o Dia da África para esta mobilização e que mensagem pretendem passar, quer internamente como para a comunidade internacional?

VLB: Porque primeiro simboliza Dia da África, mas acima de tudo, é dia da Resistência. Porque foi fundado para demonstrar a união entre o povo africano e para ter a independência real contra o colonialismo. Mas na prática, estamos a assistir uma coisa diferente. Porque há um outro modelo de colonização, onde alguns grupinhos do Ocidente manipulam os Presidentes africanos para fazer a sua vontade e nós, Movimento Revolucionário “Po de Terra”, não estamos de acordo com isso.

Porque Amílcar Lopes Cabral ensinou-nos que devemos pensar com as nossas próprias cabeças e andar com os nossos pés. Nós não podemos ter um Presidente marioneta, da agenda dos outros. Temos que ter um Presidente que pensa na Guiné e, acima de tudo, um Presidente que respeite a Constituição para ter melhor legitimidade e legalidade nas suas funções.

Então escolhemos dia 25 de Maio porque é um dia de festa de África, mas acima de tudo, também vai servir de reflexão para gritar viva à liberdade. Para fazer a manifestação contra o abuso do poder na Guiné-Bissau e contra o regime instalado na Guiné-Bissau que aos poucos está a consumar a sua ditadura. É por isso que estamos a lutar e vamos lutar com firmeza e determinação.

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DW África: Onde vai decorrer a manifestação e quantos guineenses esperam mobilizar?

VLB: Nós não vamos poder dizer diretamente onde vai decorrer a marcha. É uma questão de estratégia.

Como sabem, o regime acompanha a informação e depois atuam através daquela informação, mas a única coisa que eu posso afirmar é que a marcha é para todo o território nacional. Em todas as regiões, em todos os setores haverá marcha.

DW África: Contestam também a legitimidade do atual presidente, Umaro Sissoco Embaló. Que resposta esperam perante esta situação?

VLB: A nossa manifestação é clara. É contra a permanência do atual regime no poder, porque o mandato do Presidente acabou no dia 27 de fevereiro do corrente ano, então ele está a carecer da legitimidade e de legalidade.

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A “Po de Terra” e Frente Popular promovem a 25 de maio, Dia da África, uma manifestação contra o atual GovernoFoto: Amanuel Sileshi/AFP

Na qualidade de jovens temos que lutar, temos que defender e temos que proteger a Constituição da República, porque é a nossa Carta Magna. Podemos divergir em tudo, mas temos que convergir na nossa Constituição. E quem pôr isso em causa, vamos levantar contra e, neste caso, está a acontecer contra o Presidente e contra a cúpula do regime. Porque sabem bem que o mandato acabou, mas estão lá, pela via de força. E nós não vamos ficar com conformismo, com braços cruzados, vamos lutar e estamos determinados para fazer isso acontecer.

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