MOBILIZAÇÃO
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Notícia
Doença atinge mais de 1 bilhão de pessoas no mundo. Segundo a Federação Mundial da Obesidade, 31% dos brasileiros apresentam essa condição
A obesidade já afeta mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo e deve ultrapassar 1,5 bilhão de casos até 2030, de acordo com o Atlas Mundial da Obesidade 2025, lançado pela Federação Mundial da Obesidade (World Obesity Federation – WOF) em março.
O cenário preocupa especialistas e instituições de saúde, que alertam para o impacto da doença no aumento de mortes prematuras associadas a doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer.
Segundo o documento, que se baseou em dados de 2021, o alto índice de massa corporal (IMC) foi responsável por 1,6 milhão de mortes prematuras relacionadas a DCNTs em todo o planeta. No Brasil, o panorama também é alarmante, resultando em quase 61 mil.
Diante desse cenário, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), ao lado da WOF, passaram a promover a campanha Mudar o Mundo pela Saúde.
O objetivo da ação é mobilizar governos, autoridades científicas, profissionais da saúde e a sociedade para enfrentar a obesidade de forma sistêmica.
Para promover transformações duradouras, a SBEM e a Abeso destacam que é necessário um esforço coletivo, com ações integradas entre governos, setor privado, profissionais de saúde e população.
Com base nos dados recentes e nas projeções do Atlas da WOF, as instituições reforçam que a obesidade não deve ser tratada como uma falha individual, mas como uma doença complexa e crônica.
No Brasil, quase 70% estão acima do peso
A publicação da WOF revela que 68% da população brasileira estão acima do peso. Destes, 31% apresentam obesidade e 37% estão com sobrepeso. Além disso, a publicação projeta o aumento desses índices até 2030: a obesidade pode crescer 33,4% entre os homens e 46,2% entre as mulheres.
Para que as transformações ocorram, a SBEM destaca que é preciso ampliar os serviços de prevenção e tratamento na atenção primária, capacitar profissionais e criar medidas regulatórias que incentivem o consumo de alimentos saudáveis e restrinjam a publicidade de produtos ultraprocessados, especialmente voltada ao público infantil.
A alimentação inadequada é apontada entre os principais fatores de risco para mortes prematuras por DCNTs. Segundo o Atlas Mundial da Obesidade, dietas ricas em sódio, carnes processadas e bebidas açucaradas têm agravado o avanço dessas doenças, aliadas à baixa ingestão de frutas, vegetais, grãos integrais e fibras.
Incentivar uma dieta rica em fibras (como consumir psyllium ou chia) pode contribuir no combate ao sobrepeso, uma vez que prolongam a sensação de saciedade.
Segundo o Conselho Federal de Farmácia (CFF), as fibras solúveis aumentam o peristaltismo e auxiliam na regulação do trânsito intestinal, o que ajuda a reduzir o apetite entre as refeições.
Outro ponto importante na prevenção e no controle da obesidade é a ingestão adequada de ácidos graxos essenciais, como o ômega-3. Estudo publicado na revista Trends in Food Science & Technology apontou os benefícios do nutriente na melhora do metabolismo da glicose, na redução da inflamação e no equilíbrio do perfil lipídico.
O estudo reforça o potencial dessa substância como estratégia terapêutica para a saúde metabólica. Por outro lado, a falta de ômega-3 na dieta pode comprometer essas funções e dificultar o controle do peso, além de aumentar o risco de doenças cardiovasculares.
As estimativas da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), destacadas pelo Atlas, indicam que os impactos de dietas ricas em alimentos altamente processados e pobres em alimentos de origem vegetal custam ao mundo, anualmente, mais de US$ 6 trilhões em problemas de saúde.
Ações para um futuro mais saudável
Além das políticas públicas, as autoridades reforçam a importância de mudanças individuais e comunitárias no estilo de vida, como o incentivo à prática regular de atividade física.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que um em cada três adultos no mundo não se exercita o suficiente e que 81% dos adolescentes estão fisicamente inativos.
No Brasil, entre 40% e 50% da população adulta não atingem os níveis mínimos recomendados de atividade física, fator que contribui diretamente para o ganho de peso e suas consequências.
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