ato internacionalista ressalta compromisso solidário do MST – Brasil de Fato

Um ato com a presença de representantes de Palestina, Cuba, Venezuela e da República Árabe Saaraui Democrática ressaltou o compromisso do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) com o internacionalismo e a luta por causas comuns, em especial a libertação de opressões externas. A mesa ocorreu neste domingo (11) no quarto e último dia da 5ª Feira da Reforma Agrária, no Parque da Água Branca, em São Paulo (SP).

“Assim como recebemos solidariedade, a oferecemos. Isso é ternura entre os povos. O MST reafirma seu compromisso de doar sua produção para outros países”, disse Rosana Fernandes, coordenadora da brigada do MST na Venezuela. Ao Brasil de Fato, ela disse que, entre as ações que o MST faz no momento, estão o envio de um contêiner de medicamentos para Cuba, além do projeto Pátria Grande, no sul da Venezuela que ajuda a assegurar a soberania alimentar do país.

Ativista pela libertação da Palestina, Soraya Misleh lembrou da ajuda dada por brigadas do MST durante colheitas de oliveiras na Cisjordânia e trouxe detalhes da dura realidade vivida atualmente na Faixa de Gaza. “Estão nos matando de muitas formas, de fome, por bombas, falta d’água, hospitais bombardeados. Israel fala abertamente de solução final, expulsar todos os palestinos, até da Cisjordânia, indo contra toda a lei internacional”, disse ela.

Misleh, no entanto, destacou que isso não é novidade: “Vivemos 77 anos de tragédia (nakba, em árabe) contínua, com apartheid e a ameaça de apagamento histórico. A resistência nunca foi opção para os palestinos”.

“Por isso, é importante apoiar a iniciativa BDS: Boicote, Desinvestimento e Sanções contra Israel. E nosso presidente Lula rompa relações com esse Estado criminoso.”

Cuba, Saaraui e Venezuela

O cônsul geral de Cuba em São Paulo, Benigno Pérez Fernández, elogiou o caráter solidário do ato e do MST, afirmando que “Cuba também sempre compartilhou o que tem”. Ele, no entanto, disse que “não é fácil ser vizinho do império”.

“Os Estados Unidos querem nos matar de fome desde 1961, mas as 600 mil pessoas que foram às comemorações do Primeiro de Maio em Havana mostram que eles não vão conseguir”, afirmou o cubano.

Ahmed Mulay, embaixador da República Árabe Saaraui Democrática (Rasd) pediu que o Brasil reconheça a nação como país independente, assim como o fez em relação ao Estado palestino. “Desde 1976, 84 países já reconheceram o Rasd. Somos a última colônia africana“, disse ele.

“Somos o único povo árabe que fala espanhol. Pegamos em armas contra a Espanha e, depois, contra o Marrocos, em 52 anos de guerra até hoje”, explicou.

“Hoje, cerca de 150 mil soldados marroquinos nos oprimem, com armas francesas e drones israelenses. Mas quando um povo decide dar o sangue para ser livre, ninguém os vence”, afirmou.

O embaixador da Venezuela no Brasil, Manuel Vadell, explicou que o “o internacionalismo é parte da revolução bolivariana”. Ele lembrou como o apoio de países como Cuba e movimentos como o MST foram importantes para a consolidação do socialismo venezuelano, a ponto de que uma das diretrizes da diplomacia venezuelana é “trabalhar com organizações populares”.

Agradecendo ao MST pela iniciativa Pátria Grande, ele explicou que por décadas o país se acomodou em comprar 90% da comida consumida, devido à dependência do petróleo, situação que vem mudando com assistência técnica do movimento brasileiro. “O povo entendeu que devia produzir o que come.”

Haiti não ficou de fora

Apesar de não contar com um represente do país no ato, o Haiti não foi esquecido. Messilene Gorete, da direção do setor de internacionalismo do MST, empunhando bandeira haitiana, denunciou a luta do país mais pobre das Américas.

“O povo haitiano paga o preço de ter sido o primeiro país da América Latina a conseguir sua independência, graças a uma revolta de escravizados. Hoje, ele resiste ao plano de nova intervenção militar e ao regime racista da vizinha República Dominicana.”

Gorete concluiu dizendo que doar é parte do patrimônio imaterial do MST: “Não doamos o que sobra, mas sim o que temos”.

“E nosso compromisso é romper os bloqueios de silêncios de povos oprimidos, nos juntando às suas lutas. Globalizemos a luta, globalizemos a esperança.”

A militante do MST Messilene Gorete empunhando a bandeira do Haiti (Foto: Rodrigo Durão/Brasil de Fato)

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