Bienal de arte pensa uma nova Guiné-Bissau – 07/05/2025 – Tom Farias

A Guiné-Bissau, região da África Ocidental, está fazendo neste exato momento uma grande revolução do conhecimento. O país africano abriga desde quinta-feira (1º), a sua primeira Bienal de Arte e Cultura de Bissau (MoAC Biss 2025), sob o tema “Mandjuandadi: Identidades em Liberdade”, coordenada por Miguel de Barros, Zaida Pereira, António Spencer Embaló, Karina Gomes, Welker Bungué, Nú Barreto e Mamodu Alimo Djaló, grupo de ativistas culturais guineenses que vem, através da arte, propor novos diálogos com vistas a integrar sua gente à nação.

Nesta quinta-feira (8), a convite do festival, estarei presente no painel “Editores e Escritores: Desafios Comuns”, com intelectuais e artistas locais e de outras nacionalidades, como Abdulai Silá (Guiné), Raja Litwinoff (Alemanha), Mussa Baldé (Guiné) e Ticiana Sousa Santos (Brasil). Esta edição da Bienal, que vem sendo pensada há três anos, é um dos momentos mais importantes de uma real virada de página na cultura do país, marcada por grande desigualdade social e econômica e pelas profundas dores deixadas pelo colonialismo europeu.

Este evento é o maior já realizado desde a proclamação da república guineense, que declarou sua independência nos primeiros anos da década de 1970, em uma luta liderada pelo político, poeta e intelectual Amílcar Cabral, assassinado em 1973. Cabral fundou o Partido Africano Para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) nos idos de 1956.

A primeira edição da bienal está organizada em cinco áreas curatoriais: artes plásticas e visuais; artes performativas e imagem em movimento; conferências e políticas públicas; literatura e música —todas em celebração à “criatividade e à diversidade”, segundo os seus organizadores.

Com foco nos eixos temáticos, a Bienal MoAC Biss tem dado muito espaço para artistas e criadores guineenses, além de realizar incursões nas periferias da cidade, com base nas escolas de primeiro e segundo ciclos, promovendo bate-papos interativos para educadores, estagiários de educação e alunos, como a que se realizou com a escritora infantojuvenil Kátia Casimiro, autora, entre outros títulos, de “O Abutre Vaidoso” (Editorial Novembro) e “O Avião Que Tinha Medo das Alturas” (Flamingo Edições).

A programação, rica e diversa, e se estenderá por todo mês de maio. Artistas de outras origens, como Cabo Verde, Senegal e Moçambique, também estão por aqui, com suas músicas e literaturas. Na tarde de ontem (5), o festival contou com uma roda de conversa sobre “Arte e Artistas Africanos no Mundo: Do Processo de Aprendizagem aos Desafios do Mercado Internacional”, que teve como participantes a brasileira Heloisa Pisani, representando o Sesc São Paulo, os artistas plásticos Nú Barreto e César Schofield Cardoso, a fotógrafa e cineasta Mónica de Miranda, a empresária e educadora Elizabeth Myriam Gomes Sá.

A noite encerrou belamente com o show da cantora angolana Alana Sinkëy. Filha do célebre músico guineense Bidinte, mestre do gumbé, Alana canta como alguém que ora ao sagrado, evocando seus velhos ancestrais. Ela é uma Luedji Luna local, sua viagem musical percorre de diferentes gêneros e estilos. Foi aplaudida de pé.


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