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O Brasil subiu cinco posições no ranking de desenvolvimento humano atualizado todos os anos pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Na tabela que compara os resultados de 193 países, o Brasil aparece ao lado de Palau na 84ª posição, com um IDH de 0.786.
A partir desses números, os pesquisadores fazem uma equação que dá um resultado que varia entre 0 e 1 — e, quanto mais próximo do 1, melhor a situação ou o IDH daquele país.
“O IDH foi criado para enfatizar que as pessoas e suas capacidades devem ser o critério final para avaliar o desenvolvimento de um país, não apenas o crescimento econômico”, contextualiza o PNUD em seu site oficial.
No relatório anterior, que considerava os dados de 2022, o Brasil aparecia na 89ª posição do ranking.
Uma nota de 0.786 no IDH coloca o país numa classificação de desenvolvimento humano considerada “alta”, um pouco acima da média mundial e dos resultados da América Latina e do Caribe.
No entanto, outras nações da região aparecem bem à frente, como Chile (45ª posição, IDH de 0.878), Argentina (47ª posição, IDH de 0.865) e Uruguai (48ª posição, IDH de 0.862).
O topo do ranking global é liderado por Islândia (IDH de 0.972), Noruega (0.970), Suíça (0.970), Dinamarca (0.962), Alemanha (0.959) e Suécia (0.959).
Já as últimas colocações são ocupadas por Sudão do Sul (0.388), Somália (0.404), República Centro-Africana (0.414), Chade (0.416), Níger (0.419) e Mali (0.419).

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Avanços e dificuldades do Brasil
O Brasil tem apresentado crescimentos no IDH desde o início dos anos 1990 — as únicas três exceções foram 2015, 2020 e 2021.
Em 2015, a queda aconteceu na renda bruta per capita e na expectativa de anos na escola.
Já entre 2020 e 2021, os dois primeiros anos da pandemia de covid-19, houve uma redução na expectativa de vida — algo que impactou o mundo todo.
De 2022 para 2023, o Brasil avançou em dois dos quatro fatores analisados para o cálculo do IDH.
A expectativa de vida ao nascer saltou de 74,87 anos para 75,85.
Esse, aliás, é o maior número alcançado na série histórica e supera o pico conquistado em 2019, último ano antes da crise de saúde pública causada pelo coronavírus, quando a expectativa de vida estava em 75,81 anos.
Já a renda bruta per capita nacional subiu de US$ 17,5 mil para US$ 18 mil.
No entanto, os dois números relacionados à educação permaneceram inalterados de um ano para o outro: a expectativa de anos na escola ficou em 15,79, enquanto os anos de escolaridade seguiram em 8,43.
Aliás, os anos de escolaridade estão congelados em 8,43 no país por três anos consecutivos, desde 2021.
IA como tábua de salvação?
O relatório da PNUD recém-divulgado alerta para a “desaceleração sem precedentes” no desenvolvimento humano.
A expectativa era que o mundo passasse por uma fase de recuperação sólida após as perdas relacionadas à pandemia de covid-19, entre 2020 e 2021.
Mas os últimos resultados revelam um “progresso frágil”, com o menor crescimento no IDH desde o início dos anos 1990.
Os dados também revelam que as desigualdades entre países ricos e pobres continuam a aumentar, uma tendência que se consolidou nos últimos quatro anos.
“Por décadas, estivemos num caminho para alcançar um desenvolvimento humano no mundo muito alto a partir de 2030, mas a desaceleração recente sinaliza uma grande ameaça”, alertou Achim Steiner, um dos coordenadores do PNUD, em materiais divulgados junto com o relatório deste ano.
“Se em 2024 essa tendência continuar e se tornar o ‘novo normal’, a meta estabelecida para 2030 ficará inalcançável por décadas — e fará do mundo um lugar menos seguro, mais dividido e mais vulnerável aos choques econômicos e ecológicos”, complementou ele.
Mas o estudo da PNUD aponta um caminho para retomar um crescimento sólido nos indicadores do IDH: a inteligência artificial.
“No meio dessa turbulência global, precisamos urgentemente explorar novas maneiras de incentivar o desenvolvimento. Como a inteligência artificial continua a avançar rapidamente sobre muitos aspectivos de nossa vida, precisamos considerar o potencial que ela representa”, justifica Steiner.
“Novas possibilidades surgem praticamente todos os dias e, embora a IA não seja uma panaceia, as escolhas que fazemos hoje têm o potencial de reacender o desenvolvimento humano e abrir novos caminhos e possibilidades”, acredita ele.

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Um levantamento conduzido pela PNUD que foi incluída no relatório sobre o IDH aponta que metade das pessoas acreditam que seus empregos serão automatizados.
No entanto, 60% esperam que a IA traga um impacto positivo no mundo do trabalho, ao criar novas oportunidades e profissões que ainda não existem no mundo de hoje.
Mesmo em países com um IDH baixo ou médio, dois terços dos respondentes antecipam que essas novas tecnologias vão ter um impacto em setores como educação, saúde e trabalho já no próximo ano.
O relatório recém-publicado da PNUD propõe uma abordagem da IA “centrada no humano” por meio de ações como “criar uma economia em que as pessoas colaboram com as novas tecnologias, em vez de competir com elas” e “modernizar os sistemas de educação e saúde para suprir as demandas do século 21”.
“As escolhas que fizermos nos próximos anos vão definir o legado dessa transição tecnológica para o desenvolvimento humano”, acredita Pedro Conceição, um dos diretores do PNUD.
“Com as políticas corretas e o foco nas pessoas, a IA pode ser uma ponte crucial para novos conhecimentos, habilidades e ideias que empoderam todo mundo”, conclui ele.
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