Portugal quer expulsar imigrantes ilegais. Fala-se em campanha política e pede-se prudência – Atualidade
A Agência para a Integração Migrações e Asilo (AIMA) vai começar a notificar 4.574 cidadãos estrangeiros, na próxima semana, para abandonarem o país voluntariamente em 20 dias, confirmou hoje o ministro da Presidência, António Leitão Amaro.
“O Governo foi informado esta semana pela AIMA que está a emitir 4.574 notificações para abandono de território nacional de cidadãos estrangeiros em situação ilegal”, afirmou Leitão Amaro, em declarações aos jornalistas, na sede do Governo, em Lisboa.
De acordo com o governante, trata-se do primeiro grupo de imigrantes notificado de um total de 18.000 indeferimentos.
Montenegro também confirmou
O presidente do PSD avisou hoje que os imigrantes ilegais vão ter de sair de Portugal, considerou que a política de imigração foi o “grande apagão” dos governos socialistas.
“O grande apagão que houve em Portugal foi mesmo a inexistência de uma política de imigração”, acusou o presidente do PSD, numa das críticas que fez aos executivos do PS.
Depois, neste contexto, procurou deixar uma garantia: “Aqueles que não cumprirem as regras e estiverem em Portugal de forma ilegal, temos de os fazer regressar à sua origem”.
“Só há regulação se as pessoas sentirem que o não cumprimento das regras tem uma consequência. Pelo contrário, se não cumprir as regras for igual a cumprir as regras, como aconteceu nos últimos anos, então mais vale a toda a gente não cumprir as regras, porque a consequência é a mesma”, justificou Luís Montenegro.
Pedro Nuno Santos fala em campanha
O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, afirmou hoje que o Governo está a usar a imigração para fazer campanha e tentar que não se fale dos “péssimos resultados” que Luís Montenegro deixa na sua governação.
“Eu vi sobretudo que o Governo está a tentar usar a imigração para fazer campanha e sobretudo tentar garantir que não se fala daqueles que são os péssimos resultados que Luís Montenegro nos deixa na sua governação, nomeadamente a contração económica e é muito importante que nós não nos esqueçamos disso”, afirmou o líder socialista numa ação de pré-campanha em Barcelos, questionado pelos jornalistas sobre a notificação de imigrantes para saírem do país.
Eleitoralismo e piada de mau gosto
O líder do Chega acusou hoje o Governo de eleitoralismo e classificou as notificações para mais de quatro mil estrangeiros abandonarem o país como “piada de mau gosto”, defendendo que apenas o seu partido quer controlar efetivamente a imigração.
“As pessoas não se deixam enganar por eleitoralismo. O Chega esteve um ano sozinho, praticamente, no parlamento, a dizer que é preciso controlar a imigração, que estávamos a atingir números impossíveis de sustentar para o país”, afirmou o líder do Chega em declarações aos jornalistas na feira agropecuária Ovibeja, que está a decorrer em Beja.
André Ventura disse que “o PSD não aceitou isso” e inviabilizou propostas do seu partido, como a introdução de quotas à entrada de imigrantes ou a realização de um referendo, mas agora, a duas semanas das eleições, “vem dizer que afinal o Chega tem razão”.
“Vir falar disto é uma piada de mau gosto, é eleitoralismo de mau gosto, mas sobretudo é gozar com um tema sério. E eu acho que as pessoas já não se deixam enganar e no dia 18 saberão que só houve um partido e um líder que quiseram efetivamente controlar a imigração e que se comprometem a fazer um controlo, não contra os imigrantes, mas um controle de uma imigração regulada, que permita ajudar o país, mas sem destruir o país. E sabem que esse político sou eu, não é Luís Montenegro”, defendeu.
Prudência de Marcelo
O Presidente da República lembrou hoje o contributo fundamental dos imigrantes para a economia portuguesa e argumentou que o anúncio de que 4.574 cidadãos estrangeiros vão ser notificados para sair do país não significa que “desapareça a imigração”.
Atendendo ao total de imigrantes em Portugal, que o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, disse rondar 1,5 ou 1,6 milhões de pessoas, o seu contributo para a economia “é fundamental, praticamente em todos os setores”.
“Mas vai desde a construção civil até à agricultura, vai ao turismo”, afirmou aos jornalistas, durante uma visita de surpresa à feira agropecuária Ovibeja, que está a decorrer em Beja.
Por isso, o Presidente da República alertou que “há erros que não se podem cometer” e é preciso ver, além dos cerca de 4.500 que o Governo já referiu que vão começar a ser notificados para abandonarem voluntariamente o país, qual “o número total daqueles que, na regularização, como consequência da nova lei, são forçados a sair”.
“Se são 4.000 em 1,5 milhões ou em 1,6 milhões, se são 5.000, se são 10.000”, afirmou, referindo, contudo, que mesmo que sejam “100, 10, 20, 30, 50, 100, 4 .500, é sempre penoso para os próprios”.
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