Hitler na América do Sul? O enigma que persiste 80 anos depois do fim da guerra

O 30 de abril de 1945 marcou, oficialmente, o fim do regime nazista com o suicídio de Adolf Hitler em seu bunker, em Berlim. Essa é a versão aceita pelos historiadores e baseada em depoimentos de sobreviventes que testemunharam seus últimos dias. No entanto, desde as primeiras horas após sua morte declarada, rumores começaram a surgir sobre a possibilidade de fuga, encobrimento e até colaboração internacional para esconder o ditador nazista em algum canto remoto do planeta — e, segundo muitas dessas versões, esse lugar seria a América do Sul.

Uma morte sem corpo e o início das dúvidas

Diferente do caso de Benito Mussolini — exposto publicamente após sua execução, pendurado de cabeça para baixo — o corpo de Hitler nunca foi mostrado ao mundo. A versão oficial relata que ele e Eva Braun se suicidaram no bunker, e que seus corpos foram incinerados em seguida, restando apenas fragmentos que teriam sido enterrados às pressas nos jardins da Chancelaria do Reich.

Quando as tropas soviéticas chegaram a Berlim dias depois, não encontraram o corpo de Hitler. Em conferência de imprensa, o marechal Gueorgui Jukov afirmou que o cadáver não havia sido identificado e sugeriu que o Führer poderia ter fugido. O próprio Josef Stalin reforçou essa versão ao declarar a um enviado dos Estados Unidos que Hitler talvez tivesse escapado para a Espanha ou América do Sul.

A origem das suspeitas

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O fato de não haver provas físicas definitivas logo após a guerra alimentou inúmeras hipóteses. Alguns sugeriram que Hitler havia se refugiado em uma ilha no mar Báltico; outros, que teria fugido disfarçado por rotas subterrâneas; há ainda versões que afirmam que viveu como monge na Espanha ou como cidadão comum na Alemanha. Mas nenhuma ganhou tanta força quanto a ideia de que ele teria escapado para a América do Sul, especialmente para a Argentina, país que recebeu milhares de nazistas após a guerra.

Argentina como destino provável

A ligação entre nazismo e Argentina não é fortuita. Documentos do governo alemão desclassificados em 2012 revelaram que cerca de 9.000 nazistas e colaboradores fugiram para a América do Sul, sendo aproximadamente 5.000 deles para a Argentina. O país era conhecido como “última esperança” para criminosos nazistas, como definiu Simon Wiesenthal, caçador de nazistas.

Empresas com capital nazista operavam em solo argentino desde os anos 1930. Havia também, em Buenos Aires, a maior organização nacional-socialista da América Latina. Registros financeiros mostram que somas milionárias provenientes de saques nazistas passaram por bancos argentinos antes de serem desviadas para a Suíça — parte desse dinheiro teria sido usada para financiar a fuga e o refúgio de oficiais nazistas.

Os submarinos que reforçaram a teoria

Hitler na América do Sul? O enigma que persiste 80 anos depois do fim da guerra
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Em julho e agosto de 1945, dois submarinos alemães — U-530 e U-977 — se renderam no porto de Mar del Plata, na Argentina, dois meses após o fim da guerra na Europa. O atraso causou desconfiança. Os comandantes destruíram os registros de bordo, deram relatos confusos e não conseguiram explicar o desaparecimento de tripulantes e botes salva-vidas.

Relatórios secretos da embaixada dos EUA em Buenos Aires registraram avistamentos de submarinos não identificados na costa da Patagônia. Um deles menciona que dois homens desembarcaram do submarino U-530 em Puerto San Julián. Um dos desembarcados seria uma figura “muito importante”, segundo a descrição.

Logo surgiram especulações de que o submarino envolvido poderia ser, na verdade, o U-3523 — modelo ultramoderno da marinha alemã, capaz de atravessar o Atlântico sem precisar emergir. Considerado um dos únicos capazes de realizar tal travessia com discrição, o U-3523 desapareceu dos registros por décadas, o que alimentou ainda mais as teorias.

Uma foto, um destino e o mistério

Um relatório do FBI, datado de 1954, descreve o depoimento de testemunhas que afirmavam que Hitler chegou à Argentina de submarino pouco depois da queda de Berlim. Segundo o documento, ele teria se dirigido aos Andes com ajuda de autoridades locais.

Em 1955, outro arquivo da CIA relatou que um ex-soldado da SS, Philip Citroën, alegava que Hitler havia vivido na Argentina antes de se mudar para a Colômbia. O documento trazia, inclusive, uma fotografia tirada na cidade colombiana de Tunja, que mostraria o suposto ditador anos após o fim da guerra.

Esses registros, ainda que não comprovem nada de forma conclusiva, mostram que os serviços de inteligência americanos levavam as possibilidades a sério.

O achado do U-3523 e as provas forenses

A principal peça que alimentava a teoria da fuga era justamente o destino desconhecido do U-3523. Isso mudou em abril de 2018, quando o Museu da Guerra da Dinamarca anunciou a localização dos destroços do submarino a 123 metros de profundidade no estreito de Skagerrak. Ele havia sido afundado por uma aeronave aliada em 6 de maio de 1945, dias antes do suposto desembarque na Argentina.

Mesmo com a descoberta, o mito sobre o U-3523 não se desfez completamente. Sua capacidade técnica e o sigilo sobre sua missão até hoje são utilizados por conspiracionistas para sugerir que outro submarino similar poderia ter sido usado.

Paralelamente, provas forenses parecem confirmar a versão oficial. Em 2000, uma exposição na Rússia apresentou fragmentos de ossos encontrados no jardim da Chancelaria do Reich. Análises odontológicas conduzidas pelo francês Philippe Charlier mostraram que a dentadura batia exatamente com as radiografias dentárias de Hitler.

Entre fatos, rumores e uma narrativa que resiste ao tempo

Apesar das evidências científicas, as teorias da conspiração persistem. Livros como O exílio de Hitler, do argentino Abel Basti, afirmam que o ditador viveu livremente na Argentina, viajando inclusive para Brasil, Paraguai e Colômbia. Basti garante que serviços como a CIA e o MI6 tinham conhecimento disso, mas preferiram manter o caso em segredo.

A ausência de imagens públicas do corpo de Hitler, o envolvimento da Argentina com criminosos de guerra e o desaparecimento temporário de submarinos nazistas contribuíram para que esse capítulo da história permanecesse aberto para muitos. Enquanto os registros oficiais indicam que o ditador morreu em seu bunker, um número considerável de pessoas continua convencido de que ele escapou, viveu por décadas na América do Sul e morreu em anonimato, enterrado em algum local oculto que jamais será revelado.

[Fonte: Infobae]

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