ONU registra mais de 1.600 assassinatos no primeiro trimestre de 2025

A Organização das Nações Unidas anunciou, nesta quarta-feira, que mais de 1.600 pessoas, em sua maioria integrantes de gangues, foram assassinadas no Haiti durante os três primeiros meses de 2025, quando os grupos criminosos intensificaram sua ofensiva territorial. Segundo relatório trimestral da ONU no país, o número expressivo tem relação com a violência causada por grupos de autodefesa, gangues e membros não organizados da população.

O número representa uma queda em relação ao trimestre anterior e aos três primeiros meses de 2024, que juntos somam 4.246 mortos. Mas a intensidade da violência não é necessariamente linear com os números, que varia de acordo com os ataques de gangues e operações policiais.

De acordo com o relatório, “entre janeiro e março de 2025, apesar do alto número de mortos entre suas fileiras (936 indivíduos), as gangues intensificaram seus esforços para expandir o controle territorial dentro e ao redor da área metropolitana de Porto Príncipe”.

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Também revelaram que a atuação das quadrilhas “se concentrou particularmente em bairros como Delmas 30 e Carrefour Feuilles, que, se capturados, facilitariam sua passagem para Pétion-Ville, uma das últimas áreas não afetadas pelo controle de gangues” e que abriga embaixadas, bancos e outras instituições. No final de março, lançaram “ataques violentos” contra as cidades de Mirebalais e Saut-d’Eau, para “controlar o acesso à fronteira com a República Dominicana em um trecho de quase 70 quilômetros”.

A ONU destacou que “três dinâmicas de violência e abuso se consolidaram” e surgiram claramente em 2024: violência diretamente ligada à atividade de gangues criminosas (responsável por 35% dos mortos e feridos); operações policiais contra gangues e “execuções envolvendo policiais” (56% dos mortos e feridos); e ações violentas de grupos de justiceiros, particularmente o movimento de justiça popular conhecido como Bwa Kalé (9% dos mortos e feridos).

O Haiti vive uma onda de violência, com gangues que controlam parte da capital Porto Príncipe e atacam, além de civis, instituições governamentais, incluindo delegacias, prisões e hospitais. No ano passado, a Unicef alertou para um aumento de 70% no número de menores recrutados por grupos armados, representando quase metade dos membros das gangues no país devastado pela violência.

“Este aumento sem precedentes, registrado entre os segundos trimestres de 2023 e 2024, aponta para um agravamento da crise de proteção infantil. Atualmente, cerca de metade dos membros de grupos armados são crianças”, declarou a agência da ONU para a infância em um comunicado.

Em janeiro deste ano, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) informou que mais de um milhão de pessoas foram deslocadas no Haiti pela violência das gangues, número que triplicou em apenas um ano. Do total de 1.041.000, boa parte foi deslocada mais de uma vez e mais da metade são crianças. Segundo o porta-voz da OIM, Kennewdy Okoth Omondi, este número é o maior já registrado na história do país.

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