Na Guiné-Bissau, o Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas está a ser fortemente criticado e acusado de estar ao serviço de Umaro Sissoco Embaló. As últimas declarações de Biaguê Na Ntan inflamaram ainda mais a situação.
Na semana passada, o chefe dos militares afirmou que qualquer pessoa apanhada com uma arma na mão nas ruas do país, a perturbar ou a mobilizar militares para um golpe de Estado, “será eliminada”.
Para os partidos da oposição e a sociedade civil estas declarações comprovam o envolvimento dos militares nas disputas políticas.
O movimento cívico Frente Popular classificou as palavras de Biaguê Na Ntan como “perigosas” e “irresponsáveis”. Em entrevista à DW, Fernando Mandinga, membro do movimento cívico Frente Popular, vincou que o Chefe do Estado-Maior “não pode usar o seu cargo para amedrontar os cidadãos da Guiné-Bissau”. “É uma declaração perigosa que contraria todos os preceitos constitucionais”, criticou.
O líder de outro movimento cívico, denominado “Pó Di Terra”, também repudiou as ameaças de Biaguê Na Ntan. Vigário Luís Balanta lembrou ao chefe militar que não pode mandar matar ninguém à luz da lei magna do país.
“De acordo com a Constituição da República, em nenhum caso é permitida a pena de morte. Então, isso proíbe explicitamente eliminar uma pessoa. E ele, na qualidade de Chefe do Estado-Maior, tem o compromisso com a Constituição da República. Por isso, chamamos a atenção dele e de toda a chefia do ramo: Fiquem no vosso canto para proteger o território”, advertiu.
Nas suas declarações, o Chefe do Estado-Maior garantiu ainda que as Forças Armadas vão assegurar que as eleições marcadas para 23 de novembro, que estão a ser contestadas pelos partidos guineenses, sejam realizadas num clima de estabilidade e sem perturbações.
Fernando Mandinga, da Frente Popular, afirmou que Biaguê Na Ntan está ao serviço do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló. “É claro que a comunicação de Biaguê Na Ntan é profundamente partidária, visando defender e chancelar as atitudes do ex-presidente Umaro Sissoco Embaló, o que não é atribuição de um general das forças armadas”, condenou.
Já o deputado eleito pela Coligação Pai Terra Ranka, Dionísio Pereira, acredita que a postura do Chefe do Estado-Maior mostra que algo está a fugir do seu controlo. “É uma declaração que assusta a todos”, disse, acrescentando que “ao ouvir o Chefe do Estado-Maior nos termos em que prestou a declaração, percebemos que algo não está a correr bem com a própria classe castrense. E isso preocupa-nos bastante”.
Dionísio Pereira espera do Chefe do Estado-Maior uma postura que traga “estabilidade” e “paz” para o país. “Queremos estabilidade. Então, o que esperamos dos detentores do poder é que nos garantam a estabilidade para podermos praticar as nossas atividades”, frisou.
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