Biaguê Na Ntan acusado de militarizar a política – DW – 29/04/2025

​Na Guiné-Bissau, o Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas está a ser fortemente criticado e acusado de estar ao serviço de Umaro Sissoco Embaló. As últimas declarações de Biaguê Na Ntan inflamaram ainda mais a situação.

Na semana passada, o chefe dos militares afirmou que qualquer pessoa apanhada com uma arma na mão nas ruas do país, a perturbar ou a mobilizar militares para um golpe de Estado, “será eliminada”.

Para os partidos da oposição e a sociedade civil estas declarações comprovam o envolvimento dos militares nas disputas políticas.

O movimento cívico Frente Popular classificou as palavras de Biaguê Na Ntan como “perigosas” e “irresponsáveis”. Em entrevista à DW, Fernando Mandinga, membro do movimento cívico Frente Popular, vincou que o Chefe do Estado-Maior “não pode usar o seu cargo para amedrontar os cidadãos da Guiné-Bissau”. “É uma declaração perigosa que contraria todos os preceitos constitucionais”, criticou.

O líder de outro movimento cívico, denominado “Pó Di Terra”, também repudiou as ameaças de Biaguê Na Ntan. Vigário Luís Balanta lembrou ao chefe militar que não pode mandar matar ninguém à luz da lei magna do país.

“De acordo com a Constituição da República, em nenhum caso é permitida a pena de morte. Então, isso proíbe explicitamente eliminar uma pessoa. E ele, na qualidade de Chefe do Estado-Maior, tem o compromisso com a Constituição da República. Por isso, chamamos a atenção dele e de toda a chefia do ramo: Fiquem no vosso canto para proteger o território”, advertiu.

Protestos da diáspora guineense no aniversário da Revolução dos Cravos, Lisboa
No dia em que se comemorou mais um aniversário da “Revolução dos Cravos” em liberdade, os guineenses da diáspora saíram à rua para, mais uma vez, apelar a Portugal para que não apoie o regime ditatorial do Presidente Umaro Sissoco Embaló. Foto: João Carlos/DW

Nas suas declarações, o Chefe do Estado-Maior garantiu ainda que as Forças Armadas vão assegurar que as eleições marcadas para 23 de novembro, que estão a ser contestadas pelos partidos guineenses, sejam realizadas num clima de estabilidade e sem perturbações.

Fernando Mandinga, da Frente Popular, afirmou que Biaguê Na Ntan está ao serviço do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló. “É claro que a comunicação de Biaguê Na Ntan é profundamente partidária, visando defender e chancelar as atitudes do ex-presidente Umaro Sissoco Embaló, o que não é atribuição de um general das forças armadas”, condenou.

Já o deputado eleito pela Coligação Pai Terra Ranka, Dionísio Pereira, acredita que a postura do Chefe do Estado-Maior mostra que algo está a fugir do seu controlo. “É uma declaração que assusta a todos”, disse, acrescentando que “ao ouvir o Chefe do Estado-Maior nos termos em que prestou a declaração, percebemos que algo não está a correr bem com a própria classe castrense. E isso preocupa-nos bastante”.

Dionísio Pereira espera do Chefe do Estado-Maior uma postura que traga “estabilidade” e “paz” para o país. “Queremos estabilidade. Então, o que esperamos dos detentores do poder é que nos garantam a estabilidade para podermos praticar as nossas atividades”, frisou.

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