Desde as 11h33 que um corte de energia elétrica paralisou Portugal e Espanha. O apagão motivou a reunião de emergência do Conselho de Ministros, durante toda a tarde, com poucas informações ainda sobre a origem desta falha. Pelas 18h30, a REN deu explicações sobre o que aconteceu – “ficámos sem eletricidade em toda a rede de muito alta tensão” – e indicou que a expectativa é de que todo o País possa voltar a ter energia durante a madrugada. A prioridade é ligar os serviços de saúde, forças de segurança, aeroportos e vias ferroviárias e rodoviárias. Para já, estão repostas as centrais de Castelo de Bode e Tapada do Outeiro.
Sérgio Lemos/Medialivre
Pelas 15h15, Luís Montenegro falou pela primeira vez em público sobre este apagão. “Esperamos que ainda hoje a situação esteja resolvida”, disse aos jornalistas, em relação à restituição da eletricidade. O primeiro-ministro falou no momento em que saía de São Bento para ir até ao centro de operações da REN para se inteirar da situação. Adiantou ainda que estava em contacto com o homólogo espanhol, Pedro Sánchez.
O Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS) indicou que “não foram identificados até ao momento indícios que apontem para um ciberataque”. Acrescentando ainda, em comunicado, que está em contacto com as congéneres nos países afetados.
REN está a repor ligações
A REN informou, pelas 17h, que estão a decorrer as operações de reenergização do sistema elétrico nacional. “Nesta altura, foi possível recuperar a produção nas centrais hídrica de Castelo de Bode e termoelétrica da Tapada do Outeiro. Com esta produção, está em curso um processo muito gradual de retoma dos consumos, em primeiro lugar na região destas centrais e progressivamente em zonas adjacentes. Estão igualmente a ser preparadas as ações necessárias para retomar, em primeiro lugar, o abastecimento a pontos de consumo prioritários, como hospitais, forças de segurança, aeroportos e vias ferroviárias e rodoviárias”.
A operadora de energia nacional explicou que “as operações de reposição da distribuição de energia por todo o País revestem-se de particular complexidade, por arrancarem de uma situação de completo vazio e só com recurso aos meios de produção nacional, ao contrário do que está a suceder em Espanha, cuja operação de retoma da normalidade está a contar com contributos dos sistemas elétricos francês e marroquino”.
A Reuters citou, perto das 15h, fonte da REN dizendo que se tratou de um raro fenómeno atmosférico em Espanha, devido às variações extremas de temperatura que se verificam no interior do país. Porém, esta informação não se viria a confirmar, com a REN a “desmentir categoricamente a informação de fonte anónima colocada a circular em nome da empresa, em que se estima que a normalização do abastecimento de energia ao País possa demorar uma semana”.
Antes das 17h já tinha sido restabelecida a rede elétrica em localidades como Abrantes e Sardoal, situadas nas proximidades das centrais referidas pela REN.
Por volta das 21h o centro do Porto e algumas zonas da Grande Lisboa voltaram a estar iluminadas, nomeadamente Alvalade, Benfica, Areeiro, Parque das Nações, Campo de Ourique, Cascais, Parede e Sintra.
O primeiro-ministro não confirmou aos jornalistas a origem do corte de energia, indicando que ia procurar saber mais no centro de operações da REN, confirmando apenas que a origem não estava em Portugal.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, indicou que está a acompanhar a situação. O mesmo anunciou a presidente da Comissão Europeia. Ao final da tarde, Ursula von der Leyen referiu que falou com Luís Montenegro e que vai ajudar o País.
A EDP referiu, em comunicado, que está “a acompanhar os constrangimentos no abastecimento elétrico em alguns países europeus, estando a colaborar com as entidades oficiais no sentido de que a reposição de energia ocorra da forma mais rápida possível. A EDP alerta os seus clientes de que não existe ainda uma previsão para que o fornecimento de energia seja normalizado, mas deverá demorar várias horas.”
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No Metro de Lisboa passageiros ficaram retidos nas carruagens, mas foram retirados na hora seguinte. A PSP alertou para falhas nos semáforos e desaconselha deslocações desnecessárias.
O apagão afetou também Espanha – cujo governo anunciou que está a investigar a falha – e algumas zonas de França, Alemanha e Países Baixos, segundo informações que vão circulando nas redes sociais. A distribuidora de energia espanhola Red Electrica anunciou hoje que vai restaurar o fornecimento de energia depois do corte que atingiu o país, Portugal e vários países europeus, mas que a recuperação deve demorar entre 6 a 10 horas.
A empresa recusou avançar as causas do apagão, mas adiantou ser um “incidente excecional”, provocado por uma flutuação muito brusca no fluxo de energia da rede, de origem desconhecida, que provocou a desconexão de Espanha do restante sistema elétrico europeu.
INEM a funcionar
Os sistemas telefónico e informático do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) estão a funcionar com recurso a geradores na sequência da falha de energia que hoje afetou várias zonas do país, disse à Lusa fonte oficial.
“O INEM ativou o seu plano de contingência e tem os seus sistemas, telefónico e informático, a funcionar com recurso a geradores que foram automaticamente acionados”, assegura o Instituto. O INEM apela ainda a todos os cidadãos que liguem para o 112 “apenas em caso de emergência, para evitar uma sobrecarga do sistema”.
Governo acredita que “não terá tido origem em Portugal”
O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, indicou à RTP3 que as causas ainda estão a ser apuradas, mas poderá ter tido origem fora do País. “É um fenómeno a nível europeu que não terá tido origem em Portugal.” Questionado sobre se poderá tratar-se de um ciberataque, o ministro da Presidência disse que “ainda não há confirmação”.
“[É uma situação] que está a afetar a rede de transportes a nível europeu e o que estamos a fazer é focar-nos na prioridade: restabelecer o mais rapidamente o fornecimento de energia elétrica e na continuidade dos serviços públicos essenciais”, sublinhou.
Proteção Civil garante normalidade dos serviços
A Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC) avisa que os sistemas de redundância “estão a funcionar normalmente, permitindo que o sistema de comando, controlo e socorro funcione sem constrangimentos”.
“A ANEPC está a acompanhar a situação e a adotar os procedimentos que forem necessários, nomeadamente a reunião do Centro de Coordenação Operacional Nacional”, refere o comunicado da ANEPC.
Telecomunicações com falhas
A NOS confirmou que a falha energética está afetar os serviços fixos e móveis em algumas zonas e ativou o plano de contingência e que, dependendo da duração da reposição, esse impacto poderá ser generalizado.
Já a Vodafone que também está a registar perturbações alerta que, caso a reposição se prolongue excessivamente, “é expectável” deterioração da capacidade das suas redes, disse à Lusa fonte oficial. “Nessa sequência, os mecanismos para garantir a continuidade da operação foram desencadeados, tal como previsto”, asseverou a mesma fonte.
A Meo também confirmou que “os seus serviços se encontram temporariamente com perturbações”, afirmou fonte oficial. “Ativamos de imediato o nosso plano de contingência, unindo todos os esforços de forma a garantir a maior estabilidade possível dos serviços”, acrescentou.
Aeroportos com geradores e acesso em Lisboa condicionado
O acesso ao aeroporto de Lisboa está condicionado a quem tem voo, informou a ANA. “O acesso ao terminal [do aeroporto de Lisboa] está condicionado, para restringir ao máximo a entrada aos passageiros que tenham voo”, disse à Lusa fonte oficial da gestora aeroportuária.
Vídeo da estrada cortada para o aeroporto no apagão
A ANA acionou também os geradores de emergência, possibilitando o essencial da operação no Porto e em Faro, mas Lisboa com mais limitações, disse à Lusa fonte oficial da gestora aeroportuária. “Os aeroportos da ANA acionaram os geradores de emergência, o que para já possibilita a manutenção do essencial da operação aeroportuária nos aeroportos do Porto e de Faro. Em Lisboa a operação está a decorrer mas com limitações. Até ao momento, não se registam impactos nos Aeroportos da Madeira e dos Açores”, avançou a ANA.
Desta forma, nos aeroportos de Faro e do Porto estão a fazer-se todas as aterragens e descolagens, com recurso a energia de gerador, enquanto em Lisboa estão também a acontecer aterragens e descolagens mas com maior limitação, avançou a mesma fonte.
Adiado debate entre Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro
O frente-a-frente que ia fechar a ronda de debates entre o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, e o primeiro-ministro, Luís Montenegro, e que devia acontecer esta segunda-feira à noite com transmissão simultânea na RTP, SIC e TVI, foi adiado. A RTP está atualmente sem serviço.
O secretário-geral do PS propôs ao primeiro-ministro e às televisões o adiamento do debate entre os dois tendo em conta as circunstâncias que o país vive com o apagão. A proposta foi aceite. “O secretário-geral do PS, atendendo as circunstâncias que o país vive, já propôs o adiamento do debate tanto ao primeiro-ministro como às televisões”, disse a mesma fonte.
Em atualização
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