Ammy Injay usa a música como instrumento de revolta construtiva na Guiné-Bissau

A cantora guineense Ammy Injay, que já conquistou o público em Portugal, Alemanha, Espanha e França com o álbum Willi Mansa, defende a música como uma ferramenta de mudança positiva para a Guiné-Bissau. Num momento em que o país abraça a transformação digital, a artista aconselha os músicos guineenses a aproveitarem esta evolução de forma construtiva.

“É importante encarar a transformação digital como uma oportunidade que nos pode ajudar na divulgação dos nossos trabalhos, sempre de forma positiva e alinhada com a qualidade dos conteúdos que produzimos. Ao trazermos bons conteúdos, temos uma excelente oportunidade para que a mídia e as redes sociais promovam coisas boas. É nisso que devemos focar: numa produção que seja educativa e produtiva”, afirmou Ammy Injay.

Conhecida pela sua voz ativa em temas sociais, Ammy tem sido uma das artistas que mais apela à mudança na Guiné-Bissau, sublinhando a evolução da música nacional e o crescimento da participação feminina no setor, apesar dos desafios ainda existentes.

“Sentimos a discriminação em qualquer ambiente e, na música, não é diferente. Vemos isso com clareza quase todos os dias”, declarou a artista, acrescentando que a arte não deve ser confundida com vulgaridade ou associada a aspetos negativos. “Trabalho para despertar consciências e contribuir para a emancipação da juventude, promovendo uma mudança de mentalidade.”

Oriunda de uma família de régulo, Aminata Injai, conhecida artisticamente como Ammy Injay, deixa ainda uma mensagem de encorajamento às mulheres guineenses: “É fundamental mantermos a resiliência, ouvirmos conselhos, procurarmos informação, pesquisarmos para distinguir o que é bom do que é prejudicial, e conhecermos os nossos direitos enquanto mulheres.”

Comprometida com o empoderamento feminino, Ammy Injay usa as suas canções, ações comunitárias e encontros sociais para promover a consciência crítica e impulsionar mudanças positivas nos bairros de Bissau e nas suas periferias. “No meu dia a dia, trabalho para fortalecer a camada feminina através da música e da ação direta, sempre com o objetivo de despertar a consciência de forma positiva”, concluiu a artista.