Márcio May retorna em grande estilo à Volta Ciclística do Uruguai

O consagrado ciclista Márcio May, participante dos Jogos Olímpicos de 1992, 1996 e 2004 e vencedor de diversos títulos internacionais, fez um retorno em grande estilo às pistas em abril: do dia 11 ao 20, disputou a Volta Ciclística do Uruguai, aos 52 anos. Natural de Salete (SC) e radicado em Brusque, May pedalou 26 anos após sua única outra participação na competição uruguaia.

Realizada na Semana Santa desde 1939, a corrida é considerada uma das mais exigentes do continente. Com longas etapas planas e expostas ao cruel vento uruguaio, completar a Volta do Uruguai não é tarefa fácil. Dos 149 ciclistas participantes, apenas 115 conseguiram finalizar a prova.

A missão terminou com sucesso no domingo de Páscoa em Montevidéu, depois de percorrer os pouco mais de 1,7 mil km da prova em exatamente 36h15min02s. Dos 115 ciclistas que completaram a prova, May terminou na 23ª colocação, à frente de muitos jovens competidores. O veterano não compete profissionalmente desde 2008.

A preparação exigiu uma média de 14 horas de treinos semanais, incluindo pedaladas de gravel bike (bicicleta projetada para diversos tipos de terreno) em estradas de terra batida. Aos sábados, longas jornadas de seis horas preparavam o corpo para as 12 etapas que somaram mais de 1,7 mil km e visitou 14 cidades no país vizinho.

O retorno ao Uruguai já era ensaiado em anos anteriores. Em 2022, Márcio percorreu as estradas de Santa Catarina sozinho em 10 dias em um roteiro de 2 mil km, com 30 mil metros de altimetria, num resgate da célebre Volta a Santa Catarina, competição da qual foi campeão em quatro oportunidades.

Márcio May Volta Ciclística Uruguai
Rodrigo Philipps/Márcio May

Ciclismo raiz

May queria reviver a experiência de correr em país de gente apaixonada pelo ciclismo, que lota as ruas para ver a corrida e encontrar seus ídolos. A carreira do brusquense está viva na memória dos uruguaios. Em todas as etapas o público buscava o buscava para autógrafos e selfies. Jornais, rádios e TVs acompanharam participação de Márcio May. A jornada da equipe foi acompanhada pelo fotógrafo Rodrigo Philipps, que prepara um documentário.

A equipe representada por May é a ACRS Cycling Team/Royal Ciclo/Audax, de Rio do Sul, no Alto Vale do Itajaí. Márcio May, Magno Nazaret, Guilherme Wisnieski, Gabriel Metzger, Alex Melo e Matheus Cabrini foram os competidores do time no Uruguai.

Antiga Metalciclo, a Royal Ciclo foi a equipe na qual May, em 1991, conquistou a vaga para os Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992. Em 2024, o brusquense já havia disputado a Volta de Goiás pela equipe de Rio do Sul.

Escaleras e vento cruzado

Em uma corrida por etapas como a Volta do Uruguai, o ciclista precisa cruzar a meta de chegada todos os dias. Quem não completar uma jornada está fora da corrida. É fácil ser eliminado, basta um pneu furado, um tombo, uma lesão, um resfriado ou uma bobeada no pelotão em um momento crucial e a missão já era. Cabrini caiu na primeira etapa, teve o quadro de sua bike quebrado e foi eliminado nos primeiros 70km. O próprio Márcio “sobreviveu” ileso a uma queda massiva no pelotão na quarta etapa.

Mesmo com um homem a menos, a equipe foi combativa em todas as etapas, recebeu forte marcação do pelotão e elogios da imprensa especializada.

Márcio May terminou todas as etapas no pelotão principal e mostrou que tem fôlego para andar em longas fugas. “Eu não me lembrava como é difícil pedalar com vento contra e com vento cruzado na escalera cerrada.”

Como o Uruguai não tem montanhas, o vento é determinante no andamento da corrida e quando o pelotão enfrenta ventos laterais – o famoso vento cruzado – em vez de andarem atrás uns dos outros, os ciclistas se protegem do vento rodando um ao lado do outro, formando a escalera que vai de um lado a outro da estrada. É difícil até para os mais experientes.

Márcio May Volta Ciclística Uruguai
Rodrigo Philipps/Márcio May

Emoção em Montevidéu

Márcio May andou muito bem e o desempenho superou suas próprias expectativas. Na prova contra o relógio, especialidade que garantiu ao ciclista inúmeros títulos nacionais, sul-americanos e pan-americanos, Márcio provou que o esforço de acordar às 4h30 seis dias por semana valeu a pena. Ele fez o 30º melhor tempo entre os 127 ciclistas, e ganhou quatro posições na classificação geral. “A crono individual serviu para me lembrar que a prova contra o cronômetro é sempre um sofrimento.”

Márcio May completa 53 anos no próximo dia 22 de maio e o sentimento de missão cumprida em Montevidéu foi acompanhado da emoção do reencontro com a esposa Luciane, que foi receber o marido na capital uruguaia.

“Reencontrar a Luciane no meio daquela multidão alegre foi o momento mais emocionante da prova para mim”, resumiu May.

Márcio May Volta Ciclística Uruguai
Rodrigo Philipps/Márcio May

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