Oposição guineense amplifica a voz em Paris – DW – 24/04/2025

Mais de dez líderes políticos da oposição guineense reúnem-se em Paris para assinar um acordo que visa solucionar o impasse político na Guiné-Bissau.

Esta cimeira ocorre depois de fracassarem várias tentativas da oposição de convocar protestos de rua contra a permanência de Umaro Sissoco Embaló na Presidência da República, cujo mandato de cinco anos terminou em fevereiro. 
As estratégias para pressionar Embaló a retomar a normalidade constitucional não têm funcionado.

Nesta quinta e sexta-feira (24 e 25.04), Domingos Simões Pereira, Nuno Gomes Nabiam, Baciro Djá e Aristides Gomes, todos ex-primeiros-ministros, juntam-se aos demais líderes políticos, como Braima Camará (MADEM-G15), Fernando Dias (PRS) e Agnelo Regala (União para a Mudança), para apresentar um plano de ação conjunta para “resgatar a democracia” na Guiné-Bissau.

Em exclusivo à DW África, Flávio Baticã Fereira, porta-voz da comissão organizadora da reunião, revela alguns detalhes do que estará em cima da mesa na capital francesa.

DW África: Qual é o objetivo desta cimeira de líderes?

Flávio Baticã Fereira (FBF): Vai acontecer um ato histórico. Creio que é a primeira vez que políticos guineenses estão em França para uma assinatura desta envergadura.

Estamos a tentar reunir os políticos da Guiné-Bissau aqui em França para poderem discutir o impasse político que prevalece em Bissau há décadas.

DW África: O que será assinado em Paris?

FBF: Um acordo de Paris. Não quero adiantar o conteúdo, mas é um acordo que é bom para o país, para os guineenses e também para nós. Não tenho autorização para avançar mais dados, mas serão os líderes dos partidos políticos a discutir e a chegar a uma solução para a saída da crise na Guiné-Bissau.

Sissoco Embaló (esq.) e Emmanuel Macron (dta.)
Presidentes da Guiné-Bissau e França são aliados políticosFoto: Ludovic Marin/AFP/Getty Images

DW África: O acordo está relacionado com a ideia de formar uma “frente única” para eleições ou é apenas uma proposta para resolver a crise política no país?

FBF: É tentar uma solução para sair da crise. Como sabe, hoje vivemos num não-Estado. O único órgão ainda legal na Guiné-Bissau é a Comissão Permanente da Assembleia Nacional Popular, que está impedida de funcionar. Esse acordo vai-se basear no restabelecimento da ordem constitucional, para que possamos encontrar uma saída airosa desta situação.

Agora, uma “frente única” contra quem? Sissoco? Não sei se vale a pena. Mas caberá aos líderes políticos encontrarem uma solução. São duas grandes plataformas, dirigidas por Nuno Nabiam e Domingos Simões Pereira. Haverá um documento em cima da mesa para discutir os pontos. A partir daí, a ordem do dia será assinada e veremos como sairemos dessa reunião já a partir de amanhã.

DW África: Porque é que esta cimeira decorre em Paris e não em Bissau?

FBF: Nós escolhemos Paris porque, como sabe, a Guiné-Bissau faz parte da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que está praticamente dominada pela francofonia. Assinando um acordo aqui em Paris, com a mediatização que poderá haver em França, poderá atingir todos os países da CEDEAO e o continente africano em geral.

Houve vários acordos e reuniões em Portugal, e achamos que a lusofonia já compreendeu perfeitamente o que se passa na Guiné-Bissau, mas essa outra parte [francófona] carece de informações sobre Bissau. Esta plataforma que vamos criar aqui poderá projetar a Guiné-Bissau na boca do mundo. Aqueles que apoiam o Presidente Sissoco podem assim compreender melhor o que se passa em Bissau.

DW África: Isto é um recado para Emmanuel Macron, que tem sido parceiro de Sissoco Embaló?

FBF: Também. Fomos recebidos no Ministério dos Negócios Estrangeiros na semana passada, e explicámos a situação do nosso país. Curiosamente, o nosso ato vai acontecer a cerca de 100 ou 200 metros do Palácio do Eliseu, na mesma rua, quase frente a frente. Não terá como não se aperceber que a Guiné-Bissau está reunida à sua frente.

Grupo de guineenses exige fim do mandato de Sissoco Embaló

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