Sem avanço com a Gol, Ceará vai negociar voos com Flybondi e JetSmart para América do Sul – Negócios
O voo entre Fortaleza e Córdoba, na Argentina, a ser operado pela Gol, está longe de se tornar uma realidade, apesar da solicitação do Governo do Ceará para a companhia aérea. Sem maiores avanços na questão, o caminho agora é de aproximação entre a gestão estadual e as low costs Flybondi e JetSmart Airlines em busca de novas rotas.
O assunto foi tratado por Eduardo Bismarck, titular da Secretaria do Turismo (Setur) do Ceará, em entrevista ao Diário do Nordeste. Em um balanço da gestão à frente da Setur, o secretário revelou que fez uma série de pedidos à Gol, o que inclui a retomada do voo entre Fortaleza e Córdoba, ocorrido em julho de 2018 e na alta estação de 2019, mas que considera o assunto “incipiente” com a companhia aérea.
“Dentro de alguns pedidos que fiz para a Gol, pedi um voo para alguma nova cidade, e Córdoba é uma que vejo sendo muito promissora. Somos hoje o destino do Nordeste que proporcionalmente tem maior potencial para receber turistas argentinos. (…) Estive conversando com a Gol e vi que essa história de Córdoba está muito incipiente, não tem ainda uma concretude maior. Tenho insistido com eles, mas está distante”, contou.
Veja também
Bismarck já havia manifestado interesse em um novo destino na Argentina, considerado por ele, junto de outros países da América do Sul, como um “grande filão” para o turismo cearense. Segundo o secretário, essa tentativa de aumentar a conectividade entre Fortaleza e as nações sul-americanas é em virtude dos sucessos das atuais rotas.
“Tenho pedido para Gol duas coisas: um destino a mais na Argentina e outro na América do Sul, que está vindo para o Ceará, estamos investindo em promoção. Os voos do Chile, da Latam, estão com uma alta ocupação. Se, por um acaso, tivesse mais uma frequência para o Chile, viria cheio. Acho que a dificuldade mesmo é avião. Os voos da Argentina vêm todos lotados”, considera.
Aéreas de baixo custo podem vir para o Ceará?
Nesse contexto de atração de voos internacionais é que despontam as companhias aéreas de baixo custo, conhecidas como low cost ou ainda ultra low cost. Três delas são a JetSmart Airlines e a Sky Airline, com sede no Chile, e a Flybondi, com base na Argentina.
O secretário de Turismo disse que está em contato permanente com representantes dessas companhias, que têm passagens em geral mais baratas do que aéreas brasileiras, como Azul, Gol e Latam.
Bismarck pontuou ainda que a Gol tem prioridade na negociação para atrair voos internacionais para Fortaleza, mas caso a aérea brasileira não atenda aos pedidos, vai haver um estreitamento de laços com representantes das companhias estrangeiras.
A tendência é de uma reunião em maio para apresentar números que convençam as empresas sul-americanas de baixo custo a voarem para o Estado.
Legenda:
Foto:
JetSmart já opera em quatro cidades do Brasil, e vai começar a voar entre Recife e Buenos Aires a partir de julho de 2025
José Fernando Ogura/Secretaria Municipal de Comunicação Social de Curitiba
Se a Gol não conseguir atender, temos números para buscar outras companhias, e vou acabar me comunicando com outras. Já falei com outras companhias aéreas da América do Sul, tipo a Flybondi, Sky e a JetSmart, que a gente pode ativá-los mais fortemente, mas estou priorizando a vinda da Gol, por ser uma companhia aérea brasileira, que é boa para o brasileiro voar também, que o argentino já está acostumado a voar nela para que possamos ter um fluxo maior.
“A JetSmart e Flybondi são companhias low cost. O que gosto da JetSmart é que ela tem a própria operadora. Muito bom quando você tem isso porque ela vende o pacote para o próprio avião e já é low cost. Já estive falando com eles, tivemos uma reunião em fevereiro, e agora a gente está marcando uma segunda reunião para maio para apresentar o projeto e os números. As demais companhias aéreas sul-americanas também estou tentando marcar para maio”, completou.
As três companhias aéreas já operam no País, incluindo frequências para o Nordeste, como Salvador (Bahia) e Recife (Pernambuco). Maceió (Alagoas) tem voos charter da Flybondi para Córdoba.
Quais os novos destinos internacionais que o Ceará deve ter?
Desde que Eduardo Bismarck assumiu a Setur, três novas frequências internacionais foram anunciadas: a primeira foi a ligação entre Fortaleza e Caiena, na Guiana Francesa, que começou a operar em abril; depois, foi a vez do voo entre a Capital e Lisboa operada pela Latam, também iniciada no mesmo mês; por fim, o anúncio da retomada dos voos para Madri (Espanha), rota que será inaugurada em janeiro de 2026 pela Iberia.
Um dos principais desafios, como explicou o secretário, é a escassez de aeronaves no mercado, algo alegado à exaustão pelas empresas aéreas ao redor do mundo. Por isso, os estudos de viabilidade é garantir que as rotas para cidades como Fortaleza sejam “extremamente rentáveis”: “Não se bota avião para onde a rota é mais ou menos”, acrescentou Bismarck.
Nessa perspectiva, o secretário celebrou a presença massiva da TAP e da Air France no Estado. São atualmente 11 voos operados pelas companhias (sete para Lisboa, três para Paris e um para Caiena), mas na alta estação, o número sobe para 16 (três rotas extras para a capital portuguesa e duas para a francesa).
Legenda:
Foto:
Air France tem atualmente quatro voos semanais em Fortaleza na baixa estação
Setur/Divulgação
“Hoje a Air France está colocando aqui o mesmo número de franceses do que Portugal. Tem 25 anos que a TAP está aqui, e os voos estão sempre lotados. Melhor coisa desse voo é que é bom para os dois voos: tanto temos muitos brasileiros, como temos muitos estrangeiros vindo para o Brasil”, destacou.
O desejo dele, no entanto, é de que, ainda em 2025, Fortaleza ganhe novidades na conectividade internacional: “As principais companhias aéreas, de alguma forma, já cheguei a dar um toque. Quero conseguir um voo a mais, gostaria de anunciar pelo menos mais um destino da América do Sul e mais um europeu”, projetou.
Capitais sul-americanas na mira
Isso inclui negociações permanentes para retomada de voos que já existiram, como rotas entre Fortaleza e Itália, Países Baixos e Alemanha. A perspectiva, porém, é ainda mais positiva para a América do Sul, sobretudo para Assunção (Paraguai), Lima (Peru) e Montevidéu (Uruguai).
“Segundo os estudos que levantamos, os maiores potenciais que temos é Montevidéu, Assunção, Lima e Bogotá. Quando a gente bota um voo Bogotá-Brasília, normalmente é mais difícil ter um Bogotá-Fortaleza, porque o fluxo acaba vindo por Brasília. Alguns desses outros destinos a gente está lutando para conseguir. Vamos acabar conseguindo em algum momento. Na hora que algum tiver avião, vem um aumento de frequência no Chile, na Argentina e uma nova cidade”, reforçou Eduardo Bismarck.
Crédito: Link de origem