CTB assina carta pela reparação ao Haiti: 200 anos de luta e justiça

Em um gesto de solidariedade e compromisso com a justiça histórica, a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), assinou a carta aberta em apoio à luta do povo haitiano, que reivindica o reconhecimento e a reparação pela dívida imposta pela França após sua independência, há 200 anos. A carta, que será entregue ao Estado e governo franceses, além de organizações e à sociedade civil francesa, visa denunciar as consequências nefastas de uma dívida que, por mais de dois séculos, tem mantido o Haiti em um ciclo de empobrecimento e desigualdade.

O bicentenário da independência haitiana

No marco do 17 de abril, data que celebra os 200 anos de reconhecimento da independência do Haiti, organizações e movimentos populares da América Latina e do Caribe se uniram para promover uma coleta de assinaturas em apoio à causa haitiana. A dívida imposta pela França ao Haiti foi uma das maiores injustiças da história colonial. Após conquistar sua independência, em 1804, o Haiti foi forçado a pagar uma exorbitante quantia à antiga potência colonial como compensação pelos “danos” que a perda de sua colônia teria causado à França. Esse pagamento, que durou mais de um século, teve um impacto devastador no desenvolvimento do país, perpetuando um ciclo de pobreza e desigualdade que ainda perdura.

A crise atual no Haiti: Um genocídio silencioso

A atual crise no Haiti, caracterizada por uma violência crescente e uma instabilidade política que parece sem fim, é resultado direto dessa dívida histórica. A “gangsterização” do país, um dos efeitos mais visíveis da crise, é alimentada por um contexto de desigualdades sociais profundas e uma pobreza crônica, ambos exacerbados pela exploração e negligência que o Haiti sofreu após sua independência. A população haitiana, hoje, vive sob o peso de um legado de exploração e neocolonialismo que não foi devidamente reconhecido ou reparado.

A Carta: Reconhecimento e reparação

A carta aberta que a CTB agora apoia não é apenas um pedido de reparação financeira, mas também um clamor por justiça e reconhecimento. O documento exige que o Estado francês assuma sua responsabilidade histórica, oferecendo uma reparação ao povo haitiano pelos danos causados pela imposição dessa dívida imposta após a independência. As organizações que assinam a carta exigem que a França, como potência colonial, compreenda e reconheça as consequências desse ato, que ainda reverbera nas condições de vida do povo haitiano.

Um apelo à solidariedade

A CTB, em sua assinatura, demonstra mais uma vez sua postura solidária e internacionalista, unindo-se ao povo haitiano nesta luta por justiça. A coleta de assinaturas segue aberta e qualquer organização ou pessoa que deseje apoiar a causa pode aderir à carta, oferecendo sua assinatura como um gesto concreto de solidariedade. O documento será entregue ao governo francês e à sociedade civil do país, na esperança de que a França finalmente se responsabilize pelos danos históricos causados ao Haiti.

Para assinar a carta e apoiar essa causa justa, basta acessar o link disponibilizado pelas organizações envolvidas na campanha. É hora de reconhecermos o sofrimento e a resistência do povo haitiano, e de exigir, finalmente, reparação e justiça.

Confira a carta na íntegra e assine pelo link!

Reparação já à dívida da independência do Haiti!

Ao Estado e ao Governo da França
Às organizações e à sociedade francesa em geral

17 de abril de 2025 marca o 200º aniversário da ordem imposta pela França para que o Haiti pagasse uma indenização de 150 milhões de francos ouro em troca do reconhecimento da independência haitiana, após 21 anos de bloqueios e embargos. Assim, o Haiti foi forçado a pagar seus colonos e donos de escravos por ousarem se tornar, em 1804, a primeira nação negra livre no mundo moderno e a primeira nação livre no Hemisfério Ocidental.

Esse “resgate” consumiu a maior parte dos recursos fiscais e comerciais do Haiti, forçando o país a tomar empréstimos de bancos franceses, americanos e alemães para cumprir um acordo tão injusto. Por mais de um século, o Haiti teve que concentrar toda a sua economia no pagamento dessa dupla dívida de independência. O Haiti e seu povo ficaram empobrecidos, desencadeando um ciclo de extração, dívida e dependência que deixou a nação vulnerável à dominação da elite e à interferência estrangeira.

A atual crise no Haiti, um verdadeiro genocídio silencioso, é um dos resultados desse resgate. Entre as principais causas do gangsterização no Haiti estão a pobreza crônica e as desigualdades sociais acumuladas e reproduzidas ao longo de dois séculos de asfixia neocolonial.

Em vez de investir em infraestrutura, serviços públicos e desenvolvimento industrial, a riqueza do povo haitiano foi usada para beneficiar a França, ajudando a torná-la uma das maiores economias do mundo.

As demandas de reparação do Haiti estão, portanto, situadas dentro da estrutura desta história brutal de escravidão e racismo, extorsão pós-colonial e dominação neocolonial por antigos proprietários de escravos e seus aliados europeus e americanos. São parte integrante da luta persistente do povo haitiano por justiça e autodeterminação.

É hora de a França reconhecer, restaurar e reparar essa dívida com o povo do Haiti.

Da América Latina e do Caribe, reconhecemos em nossas próprias histórias relações semelhantes de exploração, endividamento e extorsão. Também reconhecemos a luta histórica do povo haitiano e a solidariedade vital que eles prestaram às lutas pela independência do nosso povo.

Portanto, fazemos nosso o clamor pelo reconhecimento, restituição e reparação da dívida da independência haitiana já! Juntamente com o povo haitiano, esperamos ações concretas, materiais e urgentes da França, para que comecem a reparar os danos causados ​​e estabeleçam novas bases para relacionamentos baseados na verdadeira liberdade, igualdade e fraternidade. E continuaremos a apoiá-los até que suas justas demandas sejam atendidas.

América Latina e Caribe, 17 de abril de 2025

Primeiras assinaturas:
Jubileo Sur/Américas
Comuna Caribe (Puerto Rico)
Jubileu Sul Brasil
Instituto PACS (Brasil)
Grupo de Pesquisa da UNIR “Territorialidades e Imaginários da Amazônia” (Brasil)
Diálogo 2000-Jubileo Sur (Argentina)
Itaipu Causa Nacional (Paraguay)
Comité argentino de Solidaridad por el fin de la Ocupación de Haití
OWTU Oilfield Workers Trade Union (Trinidade e Tobago)

Crédito: Link de origem

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