Brasil impulsiona corrida armamentista na América do Sul com o sucesso do Gripen; avanço do caça no Peru escancara a liderança brasileira e desafia os F-35 dos EUA – RSM
Em movimento que agita o equilíbrio militar regional, o governo sueco solicitou aprovação parlamentar para vender até 12 caças Gripen E/F ao Peru, colocando o Brasil em posição estratégica como referência e catalisador para a expansão do avião sueco na América do Sul. A transação, revelada na proposta orçamentária sueca para a primavera de 2025, sinaliza uma nova fase na modernização militar peruana e consolida a influência crescente da Saab no continente.
O programa brasileiro de aquisição e coprodução do Gripen, iniciado em 2014, “fortaleceu a posição da Saab no continente” e criou um “polo de produção” que hoje viabiliza acordos com outros países da região. Agora, com o Peru buscando reforçar sua Força Aérea e superar a obsolescência dos MiG-29 e Mirage 2000, a decisão de apostar no Gripen consolida um efeito dominó iniciado pelo Brasil.
A informação é do Bulgarian Military.
Brasil como referência e polo logístico
A entrada do Brasil no projeto Gripen mudou o jogo. O contrato de US$ 4,5 bilhões assinado em 2014 com a Saab permitiu produção local pela Embraer, transferência de tecnologia e treinamento de engenheiros. Isso não só impulsionou a indústria nacional, como criou uma base logística e política que atrai países vizinhos.
“O sucesso da Suécia no Brasil e na Colômbia sugere uma crescente aceitação do Gripen como alternativa viável”, escreve o Bulgarian Military. No caso do Peru, a proximidade com o Brasil — tanto política quanto industrial — ajuda a reduzir custos e otimizar a cadeia de suprimentos.
Pressões dos EUA e escolha estratégica
A venda do Gripen, no entanto, não se dá sem resistência. Os EUA já vetaram, por exemplo, a exportação do motor F414 — fabricado pela General Electric — para a Colômbia, o que quase inviabilizou a operação por lá. Embora não haja veto confirmado no caso peruano, a interferência americana permanece uma sombra sobre o acordo.
“A decisão do Peru ocorre em um momento de acirrada competição regional”, afirma o Bulgarian Military. E completa: “O Gripen, embora não possua as características pouco observáveis do F-35, oferece uma alternativa atraente para países que priorizam custo e flexibilidade.”
Reação em cadeia na região
Caso se concretize, a venda pode desencadear uma reconfiguração militar regional. O Chile já opera F-16, a Colômbia acaba de escolher o Gripen, e o Equador pode ser o próximo a se mover. A possibilidade de uma nova “corrida armamentista silenciosa” é tratada como real por analistas, inclusive pela reportagem do Bulgarian Military.

“O Peru sinaliza sua intenção de traçar seu próprio curso em uma região moldada por influências concorrentes”, diz o texto. Ao apostar na neutralidade sueca e evitar fornecedores tradicionais como EUA e Rússia, o Peru envia uma mensagem geopolítica clara: quer autonomia.
Defesa, tecnologia e soberania
Além das aeronaves, o pacote sueco inclui “sistemas de defesa aérea não especificados” e possibilidade de transferência de tecnologia — prioridade para o Peru. A Saab, que já fez isso com sucesso no Brasil, poderia repetir a fórmula em Lima.
“A experiência da Saab no Brasil sugere que o Peru poderia obter benefícios industriais, impulsionando seu incipiente setor de defesa”, destaca o Bulgarian Military. Em tempos de instabilidade global, a possibilidade de coprodução e independência operacional é mais valiosa do que nunca.
Impacto no futuro militar da região
Enquanto o Brasil consolida sua posição de liderança regional com o Gripen, os demais países começam a rever suas estratégias. O texto do Bulgarian Military é claro: “As implicações deste acordo vão além das fronteiras do Peru. Se bem-sucedido, poderá levar outras nações sul-americanas a reconsiderar suas forças aéreas.”
O Gripen, com seu custo por hora de voo inferior ao dos concorrentes F-35 e Rafale, sua capacidade de operar em pistas curtas e seu perfil modular, se apresenta como uma solução realista para países com orçamentos limitados — mas ambições crescentes.
Crédito: Link de origem