O gestor e responsável de Investimentos, Gavin Marriott, reforça a sua aposta na Europa em detrimento dos EUA, com base em valorizações atrativas e expetativas de recuperação. Mantém um enfoque tático na tecnologia, enquanto o aumento da defesa responde a mudanças estruturais no setor.
O apetite dos investidores pela Europa aumentou nos últimos meses, impulsionado por valorizações atrativas, expetativas de recuperação económica e o forte impulso gerado pelo pacote de despesas alemão. Perante este cenário, o Schroder ISF Global Equity, com Rating FundsPeople, manteve uma clara inclinação para a Europa e o Reino Unido ao longo do último ano. O seu gestor e responsável de Investimentos, Gavin Marriott, explica que a decisão se baseou no baixo nível de expetativas para o crescimento europeu, que criou um ponto de entrada atrativo. “Mesmo uma melhoria modesta poderia surpreender positivamente e apoiar as valorizações”, diz ele.
Além disso, comenta que uma possível resolução da guerra entre a Ucrânia e a Rússia poderá levá-lo a aumentar ainda mais a sua ponderação na Europa, apesar da incerteza gerada pela guerra comercial. “A nossa maior preocupação para os exportadores europeus tem sido o crescimento na China e a falta de estímulo para o investimento das empresas”, refere. No entanto, reconhece que a incerteza sobre as tarifas e as eventuais medidas da administração norte-americana são fatores a ter em conta.
Em termos de exposição setorial, o fundo tem apostado na indústria e na manufatura, privilegiando as empresas europeias com posições de liderança global. “A eletrificação gerou uma retoma na procura de gestão e eficiência energética”, explica, o que beneficiou as empresas do setor. Além disso, o consumo de luxo continua no radar da equipa de gestão, confiando numa recuperação gradual da procura na China.
Tecnologia: gestão tática face à volatilidade
Quanto aos EUA, a decisão de sobreponderar a Europa foi financiada por uma menor exposição a este mercado. No entanto, Gavin Marriott refere que mantiveram um posicionamento positivo em tecnologia, embora com uma abordagem mais seletiva. “A nossa maior ponderação tem sido nas comunicações, com empresas que dependem do crescimento da publicidade digital e das subscrições, como a Meta e a Netflix”.
Relativamente aos semicondutores, a equipa ajustou a sua posição na Nvidia, passando de uma sobreponderação moderada para uma subponderação. “O crescimento explosivo dos chips GPU antecipou-se à procura futura, o que poderá conduzir a um abrandamento das receitas”, explica. Esta estratégia procura capitalizar a volatilidade de um setor que continua a atrair fortes fluxos, mas com ciclos de investimento muito pronunciados.
O fundo começou também a centrar-se no passo seguinte do desenvolvimento da IA: a monetização. “O foco está agora nas empresas de software, como a Salesforce e a ServiceNow, que estão a incorporar soluções de IA com modelos de receitas definidos”, afirma Gavin Marriott. Esta evolução permite captar o crescimento da IA sem depender exclusivamente do hardware.
Defesa: aposta tática com perspetiva de longo prazo
Uma dos movimentos mais recentes do fundo foi o aumento da exposição à defesa. “Historicamente, a nossa posição no setor da defesa era marginal, com nomes como a Airbus. Agora adicionámos empresas com mais peso no setor, como a BAE Systems e a GE Avionics”, explica.
Apesar do interesse crescente, Gavin Marriott sublinha que o impacto nas receitas destas empresas não será imediato. “As cadeias de abastecimento estão limitadas, não há capacidade disponível no setor para aumentar rapidamente a escala”, afirma. O responsável salienta ainda que as despesas com a defesa evoluíram: “Não se trata apenas de tanques e navios, mas também de tecnologia avançada, como drones e sistemas de cibersegurança”.
O fundo Schroder ISF Global Equity, tal como a estratégia Schroder ISF Global Equity Alpha (ambos com Rating FundsPeople), mantém uma posição equilibrada entre crescimento e valor, com 60-70% em ações buy & hold e 30-40% em oportunidades táticas de curto prazo. “A nossa estratégia combina nomes com vantagens competitivas estruturais e uma rotação ativa em setores com elevada volatilidade”, afirma Gavin Marriott.
A nível macro, o gestor acredita que a inflação será mais persistente do que o mercado antecipa, o que poderá alterar as expetativas de cortes de taxas nos EUA. “Posicionámo-nos em empresas com poder de fixação de preços, como a Coca-Cola ou a Procter & Gamble, que podem absorver melhor estes efeitos”.
Por último, Gavin Marriott salienta a crescente importância de investir com uma abordagem global em vez de estratégias regionais. “As fronteiras geográficas estão a tornar-se menos importantes. Os investidores estão a começar a dar prioridade a setores e temas em vez de simples divisões por países”, afirma.
Embora o processo de investimento de ambos os fundos continue a ser bottom-up, Gavin Marriot afirma que a geopolítica e a macroeconomia têm alguma influência. Explica que, antes da pandemia, cerca de 70-80% das discussões da equipa se centravam nos fundamentais das empresas, mas que, desde então, a macroeconomia se tornou mais proeminente, representando por vezes 60-70% do debate.
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