Venezuela não reconhece eleição de Noboa no Equador e Maduro chama de ‘fraude com apoio de ONG venezuelana’ – Brasil de Fato

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse nesta segunda-feira (14) que as eleições presidenciais que deram a vitória a Daniel Noboa no Equador foram uma “fraude escandalosa”. Ainda de acordo com o mandatário, a ONG venezuelana Súmate teve participação importante nesse movimento.

“Essa organização é especialista em guerra psicológica e fraude eleitoral, reconhecida pelo ditador fraudulento do Equador, Daniel Noboa. Foi a organização Súmate da Venezuela que armou a fraude. Escandalosa, podre, apoiada pelo imperialismo, financiada pelo imperialismo”, afirmou.

Maduro não apresentou provas para a acusação, mas disse que essa articulação é coordenada pelos Estados Unidos, que pretende “impor um projeto colonialista e dominar política, militar e economicamente uma nação que foi independente e libertada por Antonio José de Sucre, Simón Bolívar e Manuela Sáenz, nosso país irmão do Equador”.

A organização Súmate atuou durante os anos 2000 e 2010 e tinha como principal mentora a ultraliberal María Corina Machado. Ela fundou a Súmate com o objetivo de criar uma ONG para “monitorar eleições na Venezuela”.

No entanto, a entidade teve participação ativa nas mobilizações que culminaram no golpe de Estado contra o ex-presidente Hugo Chávez em 2002 e na campanha para a convocação de um referendo revogatório para encerrar o mandato do ex-presidente em 2004.

Após a vitória chavista na votação com quase 60% dos votos, os diretores da Súmate foram acusados de conspiração pela Justiça venezuelana, por receberem doações do National Endowment for Democracy (NED), instituição estatal dos EUA criada nos anos 1980, para atuar na política externa estadunidense.

O próprio NED é também uma organização não-governamental financiada diretamente pela USAid que ajudou, durante o golpe contra Chávez, na capacitação de opositores.

Maduro afirmou ainda que a eleição e o contexto político do Equador mostram que a “humanidade está enfrentando uma ameaça geopolítica significativa” dos EUA, que buscam “neutralizar e reverter” o surgimento de um mundo multipolar e pluricêntrico.

Noboa foi reeleito no domingo (13) com 55,8% dos votos contra a candidata de esquerda, Luisa Gonzalez, que oficialmente recebeu 44,1% dos votos, mas não reconheceu o resultado, afirmando ter sido vítima de fraude eleitoral. Em discurso depois da divulgação dos resultados oficiais pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), a candidata de esquerda disse que o mandatário usou o órgão eleitoral e o Tribunal Contencioso Eleitoral (TCE), como instrumentos de campanha. Ela também questionou o uso do “estado de exceção” no sábado (12).

Outras organizações populares também questionam os resultados do pleito. O ex-presidente Rafael Correa (2008-2017) disse que os resultados divulgados são “impossíveis” e não condizem com a realidade. “Todos sabem que esses resultados são impossíveis. Tivemos os mesmos 44% do primeiro turno. Esses mafiosos podiam ter disfarçado um pouco mais”, escreveu em seu perfil no X.

A ALBA-TCP denunciou uma “atmosfera de intimidação generalizada dos cidadãos” e “a tomada aberta de vantagens pelo governo de Daniel Noboa” durante o processo eleitoral. Diante dessa situação, expressou seu apoio à “demanda por uma revisão do processo eleitoral” e solicitou “uma investigação rigorosa, incluindo uma auditoria abrangente de todos os procedimentos e medidas, bem como a recontagem correspondente e transparente dos votos emitidos”.

Após os resultados do segundo turno das eleições no Equador, a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) Social emitiu um comunicado internacional para expressar seu apoio à candidata do movimento Revolução Cidadã.

Diferentemente do que fez com as eleições da Venezuela, em 2024, o governo brasileiro reconheceu o resultado do pleito equatoriano. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) parabenizou a vitória de Noboa e afirmou que trabalharia em conjunto com o governo do Equador “em defesa do multilateralismo, pela integração sul-americana e o desenvolvimento sustentável da Amazônia”.

Na mesma moeda

O não reconhecimento de Maduro sobre as eleições do Equador vêm na esteira de um não reconhecimento de Noboa para os resultados das eleições venezuelanas de agosto de 2024. O equatoriano disse que o candidato da oposição de extrema direita, Edmundo González, havia recebido mais votos, mesmo sem apresentar provas.

O não reconhecimento da vitória de Maduro, no entanto, já havia sido premeditado por Noboa. Em janeiro de 2024, o próprio presidente do Equador afirmou que não reconheceria porque não seriam “eleições livres”.

Os dois países têm relações rompidas desde abril de 2024, quando a Venezuela anunciou o fechamento dos consulados e de sua embaixada no Equador, em represália ao governo de Daniel Noboa pela invasão da embaixada mexicana para a prisão do ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas.

Na ocasião, Maduro pediu que seja restituído o status de asilado político a Jorge Glas, concedido pelo governo do mexicano um dia antes da invasão da embaixada, e declarou que apoia “plenamente” o pedido do México à Corte Internacional de Justiça para que o Equador seja expulso da ONU.

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