Uma segunda atribuição a Rubens reacende debate sobre autenticação usando tecnologia por IA

Parte da composição de “O Banho de Diana”, de Peter Paul Rubens. Coleção particular, França. Imagem cortesia da empresa Art Recognition

Uma nova análise por inteligência artificial reacendeu o debate sobre a autenticidade de O Banho de Diana (c. 1635), obra atribuída ao círculo de Peter Paul Rubens. A startup suíça Art Recognition identificou, em fragmentos da pintura, indícios de autoria parcial do mestre flamengo, embora também tenha apontado áreas não autênticas — inclusive a figura central da cena. A avaliação, apresentada em uma conferência em Maastricht no mês passado, dividiu especialistas.

A análise, encomendada por um colecionador francês, foi realizada com base em um modelo treinado em imagens de obras de Rubens. Dos 29 trechos avaliados, dez apresentaram alta probabilidade de autenticidade, enquanto outros quatro foram considerados inautênticos. A técnica levanta possibilidades, mas também ressalta limites, já que Rubens era conhecido por trabalhar com assistentes — o que torna a distinção entre mão do mestre e oficina especialmente desafiadora.

O parecer foi contestado por Nils Büttner, presidente do Centrum Rubenianum, autoridade reconhecida sobre a obra de Rubens. Segundo ele, aspectos técnicos como a preparação da tela e a qualidade geral da pintura não condizem com a produção do artista. Büttner, defensor do uso criterioso da IA, sugeriu que o banco de dados usado na análise pode ter sido insuficiente — e ressaltou que uma obra atribuída ao ateliê de Rubens, hoje no museu Boijmans Van Beuningen, poderia ter aprimorado os resultados se incluída no treinamento.

O caso se soma a uma série de debates sobre a autenticidade de algumas obras de Rubens, recentemente, Sansão e Dalila, pintura atribuída a Rubens e pertencente à National Gallery de Londres, foi alvo de questionamentos. Embora o uso da IA venha ganhando espaço entre colecionadores e estudiosos, casos como o de O Banho de Diana mostram que o método ainda depende fortemente da qualidade dos dados e da colaboração com especialistas. Fica, assim, a pergunta que paira discretamente sobre o setor: a tecnologia já está pronta para julgar aquilo que, por séculos, foi confiado ao olhar humano?

Crédito: Link de origem

- Advertisement -

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.