Estilo de vida pouco saudável impulsiona o aumento do número pessoas com menos de 50 anos com a doença
O aumento dos casos de câncer em adultos jovens não está ligado a um crescimento nas mutações genéticas em relação ao passado, por exemplo. A ciência já indica que essa tendência ocorre pela maior exposição a fatores de risco ambientais e comportamentais. Estilos de vida pouco saudáveis têm se tornado mais comuns, contribuindo para o aumento da incidência da doença na faixa etária de 20 a 49 anos.
Um dos exemplos mais preocupantes é a crescente prevalência da obesidade e do sobrepeso na população. Dietas cada vez menos saudáveis, ricas em ultraprocessados e pobres em nutrientes essenciais, estão diretamente associadas a esse cenário. Além disso, o consumo de álcool segue em alta, e o tabagismo, apesar de ter diminuído em algumas regiões, ainda é um fator significativo em diversas partes do mundo. A prática insuficiente de atividade física também agrava o problema, já que o sedentarismo está relacionado a um maior risco de desenvolvimento de diversos tipos de câncer.
Diversos estudos já demonstraram a forte relação entre o aumento de peso e certos tipos de câncer, como o de intestino e o de endométrio. No Brasil, uma pesquisa do Observatório de Oncologia, publicada em 2019, já alertava para o crescimento expressivo de diagnósticos de câncer em pessoas com menos de 50 anos.
Os dados mostraram que, de 1997 a 2016, “na população de 20 a 49 anos, houve aumento da mortalidade por todas as neoplasias e pelos cânceres de cavidade oral, mama, colo e corpo do útero, sistema nervoso central e linfoma não-Hodgkin. Houve aumento da incidência dos cânceres de próstata e da glândula tiroide. O câncer de cólon e reto, por sua vez, apresentou o aumento tanto da incidência quanto da mortalidade”, indicando, há quase 10 anos, uma tendência de mudança no perfil epidemiológico da doença.
Esse fenômeno tem sido observado globalmente e foi tema de recente capa da revista americana Time que destacou como o câncer em adultos jovens se tornou uma preocupação crescente na oncologia moderna. A reportagem mostrou que, nas últimas 3 décadas, a incidência de câncer em pessoas com menos de 50 anos aumentou em 79% no mundo todo, segundo um estudo publicado na BMJ Oncology. Entre os tipos mais frequentes nesse grupo estão câncer colorretal, de mama, de esôfago e de pâncreas, muitos dos quais estão associados a fatores ambientais e mudanças no estilo de vida.
Diante desse cenário, é importante reforçar campanhas de conscientização sobre os fatores de risco, a promoção de hábitos saudáveis e a detecção precoce, garantindo que a população jovem tenha acesso à informação e a estratégias eficazes de prevenção. O câncer já não é mais uma preocupação restrita à 3ª idade, e reconhecer isso pode ser o 1º passo para enfrentar essa nova realidade de forma mais eficaz.
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