Empresas no Brasil tentam se reposicionar diante do caos de tarifas de Trump

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Os países já vinham se distanciando, mas agora o belicismo comercial de Trump ameaça um “divórcio litigioso”, com consequências nefastas para a economia global — que já afetam negócios brasileiros num cenário ainda imprevisível.

Encomendas suspensas, investimentos adiados e o temor de uma concorrência maior aqui com o desvio de produtos asiáticos para o Brasil são alguns dos relatos de empresários à frente de exportadoras de diferentes portes e setores ouvidos pelo GLOBO.

Há também, por outro lado, a oportunidade de exportar mais ou até pela primeira vez para o mercado americano. Todos serão afetados de alguma forma, afinal, EUA e China são os dois maiores parceiros comerciais do Brasil.

E, neste momento, produtos americanos sofrem uma tarifa de 125% para entrar na China; e os chineses, de 145% para ingressar nos EUA. Trump impôs 10% a produtos do Brasil, sendo que o aço, um dos principais itens que o país manda para lá, ficou com 25%.

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Temor de efeito colateral

Contêineres em navio no porto de Baltimore — Foto: Jim Watson / AFP

A Forbal Automotive, que produz autopeças para caminhões, tratores e colheitadeiras em Flores da Cunha, no Rio Grande do Sul, acaba de investir R$ 4 milhões num centro de distribuição em Tampa, na Flórida. A ideia é vender in loco para fabricantes de máquinas agrícolas como John Deere, CNH Industrial e AGCO, que já são seus clientes no Brasil. A empresa já exportava marginalmente peças para os EUA, mas, antes do tarifaço, foi estimulada por esses clientes a ter presença física lá.

— Já exportamos para América do Sul, Central e México. Com alíquotas mais elevadas para concorrentes como China e Vietnã, ganhamos vantagem competitiva — diz Giuliano Santos, CEO da empresa, otimista e cauteloso.

Ele reconhece o cenário ainda volátil, mas o plano é ter 50% da receita de exportações da firma nos EUA até 2028.

A Usaflex, que produz até 32 mil pares de calçados diários em quatro fábricas gaúchas, recebeu, nos últimos dias, ligações de várias varejistas americanas interessadas em contratos de fornecimento. Buscam alternativas a países asiáticos, também entre os mais taxados por Trump junto com a China.

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— Eles não têm saída, pois, com esse nível de tarifa, fica inviável comprar da Ásia. Mas a questão é entender o volume desses pedidos e a duração — diz Sergio Bocayuva, CEO da Usaflex, que teme o aumento das importações asiáticas no Brasil: — Eles vão procurar novos mercados para escoar a produção. E será uma competição desigual, já que itens deles são 40% mais baratos.

A iGUi, fabricante de piscinas e que atua em mais de 50 países, decidiu há um ano e meio trocar a exportação por terra para os EUA a partir de sua fábrica do México (sobretaxado em 25%), pelo envio diretamente do Brasil em navios, com menor custo. Sem querer, antecipou-se a Trump.

— Isso nos favoreceu muito agora. Com 10% aqui contra o que vai pagar o México, é como se nossas piscinas chegassem quase de graça lá — afirma Filipe Sisson, CEO da iGUi.

Tecnologia: freio no plano de crescimento para os EUA e busca por outros países

Wylkie Colares, fundador e CEO da Tecnorise — Foto: Divulgação
Wylkie Colares, fundador e CEO da Tecnorise — Foto: Divulgação

As últimas semanas têm sido agitadas na Tecnorise, empresa brasileira de tecnologia que fornece sistemas de segurança para condomínios, com sede em Fortaleza. O plano de expansão para os EUA caminhava conforme o esperado, com a ampliação da base de clientes na Flórida e a previsão de avanço para outras regiões. Mas, desde que Donald Trump iniciou sua atual guerra comercial, os planos esbarram em novos desafios.

Embora a companhia desenvolva softwares, no setor de serviços, sua expansão está diretamente ligada aos equipamentos vendidos nos EUA. Cerca de 70% dos interfones, sensores, câmeras e fechaduras eletrônicas, que fazem seus sistemas funcionarem, vêm de fora dos EUA.

Wylkie Colares, fundador e CEO da Tecnorise, diz que, embora não haja um percentual de tarifação definido para softwares, seu ramo já foi afetado e prevê que outros também serão:

— As empresas de segurança contratam a nossa plataforma para prestar serviços em condomínios e empresas. Fornecemos tecnologia, somos parte de um contexto no qual precisamos comprar produtos, e grande parte vem da China. E o preço para o consumidor final vai aumentar. Então, não é só o setor ligado ao aço, por exemplo, que será impactado. Toda a cadeia produtiva será, inclusive empresas de tecnologia como a minha.

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O plano de crescimento da Tecnorise foi desenhado nos últimos dois anos, quando ainda não estava clara a vitória de Trump e muito menos o seu plano de choque tarifário para proteger a indústria americana. A companhia chegou ao fim de 2024 com os EUA respondendo por 6,5% do seu faturamento, o que subiria para quase 10% neste ano.

Mas a meta já está em suspenso. Colares reuniu há poucos dias a diretoria para iniciar estudos para prospectar outros mercados, como Europa e América do Sul.

— Nesses dois anos, adaptamos nossa tecnologia aos EUA. Agora, discutimos com nosso departamento jurídico e contábil como mensurar e entender o impacto. Vamos olhar outros mercados.

O tarifaço ainda é cercado de dúvidas. Por isso, o empresário avalia ainda novas formas de atender o cliente americano, como abrir um escritório nos EUA

— Qualquer mudança terá impacto no preço do serviço. Os EUA são o maior mercado de consumo do mundo. Todos os olhares estarão sempre voltados para lá — justifica.

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Colares lembra que, nos últimos anos, as restrições crescentes à China em solo americano, que continuaram no governo de Joe Biden, já vinham aumentando no setor, mas agora estão se agravando rapidamente:

— Não temos noção do que pode acontecer no futuro. Isso causa medo, insegurança e instabilidade. Pensamos que talvez seja interessante tirar o pé do acelerador de um lugar e começar a olhar para outro, para compor a margem de crescimento internacional. (Bruno Rosa)

Alimentos: pedidos antecipados para os EUA e temor de mais inflação

Pamela Manfrin, CEO do Della Foods — Foto: Rubem Vital / Divulgação
Pamela Manfrin, CEO do Della Foods — Foto: Rubem Vital / Divulgação

Ao longo da última semana, Pamela Manfrin, CEO da Della Foods, fabricante de alimentos em pó e com operações de comida congelada para o varejo e de restaurantes para empresas, se deparou com um pedido de antecipação de nada menos que cinco contêineres de chocolate em pó de um de seus clientes nos EUA.

A executiva não vê outra razão para a ordem de compra além da incerteza gerada pelas tarifas de Donald Trump sobre importados nos EUA. Para ela, as consequências vão além da taxação generalizada em si. Ela cita a valorização do dólar em meio às incertezas, alimentando a inflação no Brasil e afetando custos da empresa com diferentes matérias-primas, como o plástico, essencial para as embalagens dos alimentos.

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— Isso tudo interfere no centro de custos. E a incerteza tem seu preço. Então, o repasse acaba sendo inevitável, pois ninguém sabe quanto tempo essa disputa vai durar. Por isso, há esse movimento de aumento de estoques. Hoje, a dúvida de todo mundo é a tabela de preços, mas ninguém quer perder dinheiro nem clientes — atesta Pamela.

Com fábrica em Londrina, no Paraná, e a movimentação de 80 toneladas de alimentos por dia, ela conta que a instabilidade aumentou as consultas:

— Temos notado pedidos antecipados dos clientes nesses dias para exportar com preço prefixado para os EUA. Mas estamos mergulhados nesse turbilhão de incertezas, com um vai-e-volta das tarifas.

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Outro dilema que ela diz compartilhar com muitos empresários é a posição do governo brasileiro sobre uma eventual retaliação.

— Embora haja uma expectativa de neutralidade, há o risco de o Brasil fazer algum movimento em relação às tarifas dos EUA, aumentando o custo da importação, o que poderá restringir a oferta no país. Não podemos esquecer que a economia brasileira tem uma série de gargalos de infraestrutura. E isso traz impacto na inflação, que já está em alta.

O momento de instabilidade acontece justamente quando a Della Foods acelera sua ofensiva no exterior, sobretudo nos EUA. As exportações representaram 8% do faturamento do grupo no ano passado, número que deveria subir para 25% em 2025. Desse total projetado, os EUA respondem pela maior parte das vendas.

— Os Estados Unidos são os maiores consumidores de alimentos industrializados do mundo. E as vendas para lá têm um tíquete médio maior que na América Latina justamente pelo perfil de consumo ser baseado em produtos de maior valor agregado — diz a líder da companhia, que decidiu esperar os próximos movimentos de Trump para reavaliar os negócios.

— Apesar da incerteza, pode ser um bom momento para crescer e ampliar ainda mais o processo de internacionalização da companhia.

Calçados: chance de vender nos EUA e risco de concorrência chinesa no Brasil

Ricardo Gracia, fundador e CEO da Kidy — Foto: Divulgação
Ricardo Gracia, fundador e CEO da Kidy — Foto: Divulgação

O empresário Ricardo Gracia, fundador e CEO da Kidy, empresa de calçados infantis com duas fábricas no país — em Birigui (SP) e Três Lagoas (MS) — e faturamento anual de R$ 150 milhões, sempre participou de feiras do setor nos Estados Unidos, mas nunca havia vendido um par sequer aos americanos. O valor dos sapatos concorrentes chineses na gôndola do Walmart, por exemplo, é igual ao seu preço de custo, inviabilizando as vendas para os EUA.

Com a tarifa de 145% imposta por Trump aos produtos chineses, Gracia já foi procurado por distribuidores de calçados de Dallas e de Miami que estão procurando fornecedores alternativos. Ele acredita que, nos próximos dois meses, vai conseguir fechar sua primeira venda aos EUA, ainda que em volume baixo, mas abrindo portas a um novo e importante mercado.

— Exporto para 60 países, mas, por conta dos preços dos calçados chineses, era impossível entrar no mercado americano. Até criei uma plataforma na Amazon e mandei 2 mil pares para os EUA, mas não vendi nenhum. Agora, já tive prospecção de distribuidores de Dallas e Miami e a expectativa é iniciar as vendas em breve. Com as tarifas sobre os produtos chineses e o dólar alto, as condições para entrar nos EUA mudaram e são positivas — diz o empresário.

Ele conta que suas duas fábricas produzem 12 mil pares por dia, e 11% da produção são exportados especialmente para Emirados Árabes e países da América Latina. Gracia lembra que nos 35 anos de existência da empresa, nunca havia recebido sondagens de distribuidores americanos.

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Ao mesmo tempo, o empresário embarca para a China nesta semana para procurar matérias-primas mais baratas. Com expectativa de queda de vendas de sapatos chineses para os EUA, o empresário vê possibilidade de comprar lá itens mais baratos como velcros, laminados e componentes para solas, melhorando assim suas margens de ganho.

— Há 27 anos vou para a China, e eles sempre são muito estratégicos e têm margem de negociação. Acredito que haverá queda nos preços da matéria-prima com menos vendas aos EUA, e posso melhorar minha margem de ganho pagando um pouco menos por itens para fabricação de calçados aqui — diz.

O líder da Kidy sabe, no entanto, que “ainda há muito nevoeiro” no cenário comercial global com as incertezas da guerra de tarifas aberta por Trump e que as alíquotas impostas por ele ainda podem mudar. Ainda assim, prefere ver o atual cenário como uma oportunidade.

A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) também segue essa linha. Avalia que a alta tarifa imposta especialmente aos chineses fará com que compradores americanos busquem alternativas de fornecimento fora do país asiático, abrindo uma janela de oportunidade para o calçado brasileiro. Mas concorrentes asiáticos, menos taxados que a China, também estão no páreo, como Vietnã e Indonésia.

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Além disso, há o risco de os produtos asiáticos menos competitivos nos EUA terminarem no Brasil, aumentando a concorrência com o produto nacional. Somente no mês de março, as importações brasileiras de calçados aumentaram 47,7%, na comparação anual, com a chegada de mais de 5 milhões de produtos no país. A principal origem foi justamente a China, de onde foram importados 2,55 milhões de pares, 51,7% mais que em março de 2024.

— Essa invasão ocorreu antes mesmo do tarifaço. A previsão é que aumente ainda mais nos próximos meses. A China não ficará sem escoar sua produção e precisará direcioná-la para outros mercados — preocupa-se Gracia.

Máquinas: encomendas suspensas e peças mais baratas no horizonte

André Bordignon, sócio-proprietário da Brawel Máquinas — Foto: Arquivo Pessoal
André Bordignon, sócio-proprietário da Brawel Máquinas — Foto: Arquivo Pessoal

André Bordignon, dono da Brawel Máquinas, pequena fabricante de equipamentos de corte e modelagem instalada em São Paulo, exporta em torno de 25% de sua produção para os EUA e sentiu um clima de paralisia entre seus clientes americanos nos últimos dias, desde que Donald Trump aprofundou seu tarifaço.

— Estou tentando cutucar alguns clientes que já estavam na mão, só que eles ainda estão meio inseguros com o que vai acontecer. Querem comprar, têm a necessidade, mas ainda estão confusos. Tem dois ou três aqui que eu já estou abordando há mais de uma semana, e eles falam assim: ‘Vou esperar mais um pouquinho, acho que mais para o mês que vem eu vou fechar’ — conta o empresário.

Diante da incerteza, a Brawel também está segurando os envios para os EUA, completa Bordignon:

— Queria mandar para os EUA um contêiner. Se eu fechasse as novas vendas, já mandaria tudo junto, mas também dei uma segurada para ver o que vai acontecer.

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Apesar do compasso de espera, o empresário vê no tarifaço uma oportunidade de ganhar espaço no maior mercado do mundo. Isso porque a Brawel compete, nos EUA, com fabricantes chineses. Como a sobretaxa sobre os produtos da China que chegam ao mercado americano será, pelo menos até aqui, muito maior que a aplicada sobre as exportações do Brasil para os EUA, o empresário prevê que os produtos da Brawel ficarão mais competitivos diante dos chineses.

— No meu caso pessoal, se ele (Trump) taxar mais a China do que taxar a nós, está ótimo — diz Bordignon.

Para se diferenciar dos chineses no mercado americano, a Brawel investiu num escritório próprio de representação comercial nos EUA, instalado na Flórida, e em equipes locais tanto para vender as máquinas quanto para manter o relacionamento com os clientes, oferecendo suporte, por exemplo.

Bordignon vê mais oportunidades do que ameaças porque o nicho da Brawel no mercado brasileiro não tem grande participação da China. O atual nível do dólar e o diferencial de qualidade e atendimento próximo são os trunfos que tem para enfrentar eventual aumento de concorrentes chineses no Brasil. Ele de fato não teme uma “invasão chinesa” de produtos antes vendidos nos EUA, como se preocupam diversos outros ramos da indústria, no Brasil e no mundo, incluindo o de máquinas e equipamentos.

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A situação da Brawel é tão particular que até mesmo se essa “invasão” acontecer, a empresa poderia sair ganhando na hora de importar componentes para suas máquinas. Segundo Bordignon, os produtos que a empresa exporta para os EUA são mais simples, usam praticamente apenas componentes nacionais. Mas, em linhas de máquinas “mais automatizadas”, em torno de 70% dos componentes, em valor, vêm de fora.

Para facilitar a logística, boa parte das peças consumidas pela Brawel vem dos EUA, usando a volta dos contêineres na rota marítima Santos-Miami que a empresa usa para exportar para o mercado americano. E muitas dessas peças são de fabricação chinesa, exportadas para os EUA antes de chegar ao Brasil, conta Bordignon.

Diante do tarifaço, o dono da empresa não descarta um eventual desvio das vendas desses componentes do mercado americano para o Brasil, permitindo que as peças cheguem por aqui mais baratas. Seus custos de produção na fábrica paulistana, que tem 12 funcionários, cairiam.

Automotivo: cenário novo e ainda volátil

Giuliano Santos, CEO da Forbal Automotive — Foto: Divulgação
Giuliano Santos, CEO da Forbal Automotive — Foto: Divulgação

A Forbal Automotive, empresa que produz autopeças para caminhões, tratores e colheitadeiras, em Flores da Cunha, no Rio Grande do Sul, acaba de abrir um centro de distribuição na cidade de Tampa, na Flórida, num investimento de R$ 4 milhões.

A ideia é vender os produtos lá para fabricantes de máquinas agrícolas como John Deere, CNH Industrial e AGCO, que já são seus clientes no Brasil. A empresa já exportava marginalmente peças para os EUA, mas vinha sendo estimulada por esses clientes a ter presença física em solo americano e ampliar os negócios, já que é homologada a fornecer seus produtos globalmente.

— Já exportamos para a América do Sul, Central e México. Trump já vinha falando em tarifar produtos importados e no segundo semestre de 2024 estabelecemos a estrutura da Forbal USA. Agora, em março passado, abrimos o centro de distribuição em Tampa. Com as alíquotas mais elevadas para concorrentes como China, Vietnã, o Brasil, ganhamos vantagem competitiva — diz Giuliano Santos, CEO da empresa.

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Na prática, os produtos chineses serão taxados em 145%, enquanto a tarifa para o Brasil é de 10%.

O CEO da Forbal observa que os clientes americanos já estão revisitando sua base de fornecedores e sua empresa é beneficiada com o novo centro de distribuição nos EUA já que será possível fornecer peças diariamente às companhias do setor de transporte. Hoje, cerca de 14% de sua receita vêm das exportações e a meta era chegar a 2028 com um percentual de 20%. Santos diz que o cenário ainda é muito novo e está muito volátil, mas até 2028, 50% da receita de exportações da Forbal já virão do mercado americano.

No ano passado, de acordo com o Sindipeças, os Estados Unidos foram o segundo maior destino das peças brasileiras, com total de US$ 1,4 bilhão, respondendo por 17,5% das exportações de autopeças do país. Já as importações de autopeças dos EUA chegaram a US$ 2,2 bilhões.

Imobiliário: escalada pode requisitar avaliação da demanda

Filipe Sisson, CEO da Igui — Foto: Reprodução / Instagram
Filipe Sisson, CEO da Igui — Foto: Reprodução / Instagram

A iGUi, fabricante brasileira de piscinas e que atua em mais de 50 países no exterior, acompanha os movimentos de Trump com atenção, embora as taxações em vigor neste momento estejam garantindo vantagem competitiva à empresa. Isso porque, há um ano e meio, a iGui decidiu deixar de atender o mercado americano a partir de sua fábrica do México, que remetia produtos aos EUA por via terrestre a um alto custo, pela exportação direta do Brasil pelo canal marítimo.

— Isso nos favoreceu muito agora. Com 10% de taxação aqui contra 30% sobre o México, é como se nossas piscinas do Brasil estivessem chegando quase que de graça lá. Mas temos de observar porque Trump está mudando tudo conforme a Lua — diz Filipe Sisson, fundador e CEO da iGUi.

As exportações somam 20% do faturamento da empresa, que no ano passado foi de R$ 2,48 bilhões. O maior comprador internacional é a Argentina, onde a iGUi tem duas fábricas, mas que está perto de ser alcançado por três outros mercados de maior porte e que consomem produtos de maior valor agregado: EUA, Canadá e Austrália, diz o executivo.

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Caso Trump desloque sua mira da taxação de importações para a exigência de produção nos EUA, Sisson diz que será preciso avaliar o momento e a demanda:

— Entre 2017 e 2018, compramos um imóvel na Flórida para iniciarmos a produção lá. Mas cancelamos por causa dos custos locais. Mas vamos acompanhar o mercado. Se precisar, conseguimos botar uma unidade funcionando com rapidez, em um a dois anos. Pela taxa (10%) de hoje, isso não se justifica. Dependeria de que volume teríamos pré-acordados com parceiros — destaca.

A expectativa do empresário é de que “em algum momento” a política tarifária americana irá se acomodar, “porque ele está chamando (os países) à negociação”.

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