Angola: Encontro debateu o fortalecimento e confiança das finanças públicas

O Ministério das Finanças de Angola (MINFIN) reuniu, nos dias 1 e 2 de abril, em Benguela, especialistas, técnicos e lideranças públicas, inclusive brasileiros, para discutir o futuro da gestão pública no país no XIV Conselho Consultivo sob o lema “Processos e Procedimentos: Aprimorar para Fortalecer a Confiança na Gestão das Finanças Públicas”.

Organizado por sessões plenárias e grupos temáticos, diversos temas foram debatidos por especialistas no sentido de gerar reflexões estratégicas sob o lema central do encontro. Participaram neste evento como oradores convidados e autoridades reconhecidas nas suas áreas.

A ministra das Finanças de Angola, Vera Daves de Sousa, abriu o evento e ressaltou a importância de uma “confiança” reconstruída “na prática, com trabalho sério, processos aprimorados e uma cultura institucional que não dê margem para desvios”.

“O que nos traz aqui hoje não é novo. É o passo seguinte dessa caminhada. Porque pessoas competentes, sem processos sólidos, são vulneráveis. Mas, processos sólidos sem pessoas comprometidas são ineficazes. Precisamos sempre dos dois. Tem sido esse um dos nossos apelos mais frequentes: pessoas, processos, sistemas. Como vasos comunicantes, um não funciona sem o outro”, disse.

Para o diretor-presidente do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) do Brasil, Alexandre Amorim, que participou no painel “O Papel dos Processos e Procedimentos na Transformação das Finanças Públicas”, a “revisão de processos e uso estratégico da tecnologia” deve ter como foco o cidadão. Aliás, uma das discussões durante o XIII Conselho Consultivo, realizado em 2021 em Cabinda, Angola, foi o “papel primordial do capital humano na sustentabilidade das finanças públicas”.

“A transformação digital precisa gerar valor real. No Brasil, ao integrar orçamento, finanças e execução em uma única plataforma digital, conseguimos reduzir custos, melhorar o controle e acelerar decisões”, explicou Amorim, que foi eleito em 2023 pelo conselho do Serpro, empresa que oferece serviços de tecnologia da informação (TI) para o governo brasileiro e criada em 1964 para modernizar a administração pública.

Amorim reuniu-se com a ministra das Finanças de Angola, onde mantém “uma parceria estratégica” e “troca de experiências” para “novas possibilidades de cooperação institucional entre as duas nações, com foco na modernização de sistemas de gestão financeira, ampliação da digitalização de serviços e fortalecimento das capacidades locais”.

O diretor-geral do Serviço de Tecnologias de Informação e Comunicação das Finanças Públicas (Setic-FP) de Angola, Edilson Santos, revelou a necessidade de se ter rapidez na realização dos processos e “focar em tendências não apenas nas pendências”.

Para ele, “a eficiência nasce do alinhamento entre estratégia, modelagem de processos e clareza sobre os ganhos que cada melhoria traz” e completou: “Falar de processos é falar de cultura, de resultados mensuráveis. Sem isso, seguimos tomando decisões com base em percepções, não em evidências”.

Ígor Lopes