A diversificação de produtos aliada às tecnologias emergentes está a fomentar a inovação no setor dos ETF, alargando a oferta para além das criptomoedas, derivados estruturados e ativos privados.
O mercado de ETF está a atravessar uma revolução impulsionada pela inovação e pela tecnologia. De acordo com o mais recente relatório da PwC, a diversificação de produtos e o uso de tecnologias emergentes como a inteligência artificial (IA) e a tokenização estão a redefinir o setor. Estes instrumentos deixaram de ser exclusivamente veículos de ações e obrigações, passando a incluir novos ativos como criptoativos, crédito privado e derivados estruturados. Em 2024, o volume de ETF ativos cresceu 52%, superando o bilião de dólares em ativos sob gestão. Este crescimento deve-se a uma maior procura por produtos diferenciados e à necessidade dos investidores acederem a estratégias mais sofisticadas.
O futuro dos ETF será moldado pela evolução da regulamentação, pela adoção de novas tecnologias e pela capacidade das gestoras de diferenciar os seus produtos. A tokenização de ativos e a IA vão continuar a desempenhar um papel fundamental na personalização dos investimentos e na redução dos custos operacionais. A procura por ETF de criptoativos e estratégias alternativas continuará a aumentar à medida que os investidores procuram diversificação e maior rentabilidade.
Criptoativos e tokenização: a nova fronteira dos ETF
Um dos avanços mais significativos no setor foi a aprovação de ETF de criptomoedas nos Estados Unidos, que atraiu fluxos significativos de investidores. Além disso, o presidente Trump adotou uma posição mais favorável em relação aos criptoativos desde o seu regresso à Casa Branca em 2025. Recentemente, assinou uma ordem executiva para criar uma reserva estratégica de bitcoins, com o objetivo de posicionar os EUA como líder global em criptomoedas.
Segundo a PwC, 83% dos inquiridos nos EUA espera uma forte procura neste segmento nos próximos anos. Contudo, a Europa continua atrasada devido às restrições regulatórias, embora se preveja uma abertura gradual à medida que forem estabelecidos quadros normativos mais definidos.

A tokenização de ativos é outro elemento-chave na transformação do mercado de ETF. Graças à tecnologia blockchain, os ETF tokenizados permitem maior eficiência de custos, redução da intermediação e maior acessibilidade para investidores de retalho. Segundo o relatório da PwC, 63% das gestoras de ativos considera que a tokenização será um fator disruptivo na indústria nos próximos cinco anos.
IA e digitalização: a revolução no acesso aos ETF
O crescimento dos ETF depende não só da inovação nos produtos, mas também da forma como estes são distribuídos. A digitalização do setor tem sido fundamental para democratizar o acesso ao investimento e melhorar a experiência do utilizador. A IA está a desempenhar um papel crucial na otimização de carteiras, personalização de estratégias de investimento e deteção de oportunidades de mercado em tempo real.
Os robot-advisors e as plataformas digitais estão a ganhar relevância, especialmente em mercados como os EUA e a Ásia-Pacífico, onde a adoção da gestão automatizada de investimentos é mais elevada. De acordo com a PwC, 72% dos gestores de ativos acredita que a IA transformará a indústria financeira nos próximos anos, melhorando a eficiência operacional e reduzindo custos.
Quem lidera a adoção tecnológica nos ETF?
O impacto da inovação e da tecnologia nos ETF varia de região para região. Os EUA continuam a ser o epicentro do crescimento, com o maior número de lançamentos de ETF de criptomoedas e derivados avançados. A Europa, embora mais lenta em termos regulatórios, está a impulsionar a adoção de ETF ativos e soluções de investimento automatizadas.
Na Ásia-Pacífico, mercados como o Japão e a China têm demonstrado um interesse crescente na tokenização e digitalização do investimento, com regulações favoráveis à expansão do setor. O Canadá, por sua vez, lidera a inovação em ETF ativos e produtos alternativos, com um forte crescimento na integração de IA na gestão de investimentos.
Mudança regulatória: chave na diversificação dos produtos
A regulamentação está a desempenhar um papel fundamental na inovação e diversificação dos ETF. Uma decisão emblemática foi a da SEC americana, em fevereiro de 2025, ao permitir ETF com exposição direta a ativos digitais e criptomoedas. Esta decisão foi acompanhada por medidas semelhantes noutras regiões, como a autorização do Banco Central da Irlanda, no início de 2025, para ETF com 100% de exposição a Collateralised Loan Obligations (CLO), facilitando o acesso de investidores de retalho a produtos tradicionalmente reservados a investidores institucionais.
Adicionalmente, o Luxemburgo está a flexibilizar a regulamentação aplicável aos ETF ativos, permitindo às gestoras reportar as suas posições com um mês de atraso. Esta medida procura equilibrar a transparência característica dos ETF com a necessidade de proteger as estratégias de gestão ativa da concorrência.
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