O Banco de Cabo Verde (BCV), em parceria com o Banco de Portugal e a Organização Não Governamental “Mundu Nôbu”, lançou em abril, os primeiros materiais de educação financeira em língua crioula. O ato central decorreu no auditório do BCV, na Cidade da Praia, e contou com a presença do Primeiro-Ministro, Ulisses Correia e Silva, do Governador do Banco de Cabo Verde, Óscar Santos, e do Governador do Banco de Portugal, Mário Centeno.
Para o Governador do BCV, Óscar Santos, esta iniciativa reveste-se de particular importância num contexto em que “desde a crise económica e financeira de 2008, os bancos centrais têm prestado uma atenção especial à necessidade de se promover a educação e informação financeira dos consumidores de produtos e serviços financeiros”.
Apesar dos avanços registados nesta área, o responsável máximo do BCV reconhece que “ainda existem desafios a serem enfrentados”, destacando a necessidade de ampliar o alcance das iniciativas de educação financeira, sobretudo nas zonas mais remotas e menos favorecidas. “Promover novos hábitos financeiros, ensinar a gestão do dinheiro e introduzir a educação financeira como disciplina nas escolas são passos fundamentais para preparar melhor os cidadãos para o futuro”, afirmou.
Por seu lado, o Governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, sublinhou a dimensão inovadora do projeto, destacando o facto de os conteúdos terem sido adaptados para o crioulo cabo-verdiano. “Esta ideia de trazer a literacia financeira, que já tinha algum material construído no Banco de Portugal e no Plano Nacional de Formação Financeira em Portugal, para crioulo — através do trabalho do Dino e da Liliana — foi algo muito potente e que o Banco aderiu de imediato”, destacou.
O Primeiro-Ministro, Ulisses Correia e Silva, valorizou o impacto transformador desta iniciativa, especialmente junto das camadas mais jovens. “Ter uma boa experiência nas escolas com os alunos, descomplicar conceitos, tornar simples o que à partida parece complicado — esse é o grande objetivo”, referiu.
Ulisses Correia e Silva enfatizou ainda a importância da literacia financeira não apenas no ambiente escolar, mas também na vida quotidiana das famílias. “É nas escolas, mas também nas nossas casas, na relação com o dinheiro, na forma como gerimos o que recebemos. O dinheiro não cai do céu e não é infinito. Já vimos histórias de pessoas que, de repente, ficaram sem nada por má gestão financeira, por acreditarem que o dinheiro nunca acaba — mas o dinheiro acaba”, alertou.
Os materiais de educação financeira em crioulo serão distribuídos nas escolas das ilhas de Santiago, São Vicente e Santo Antão, com a realização de aulas de economia ministradas pelo Governador do Banco de Portugal, Mário Centeno. Esta iniciativa insere-se no quadro da cooperação institucional entre o Banco de Cabo Verde e o Banco de Portugal, com o objetivo de reforçar o grau de literacia financeira da população cabo-verdiana.
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