1ª banda de afrobeat composta por mulheres negras no Brasil ressalta importância política do ritmo

“Afrobeat não é só um ritmo”: a afirmação de Stella Nesrine sintetiza o espírito do episódio do Sabe Som? desta sexta-feira (7). Apresentado por Thiago França, o podcast recebe as musicistas Sthe Araújo e Stella Nesrine, integrantes da Funmilayo Afrobeat Orquestra, para uma conversa sobre a formação da primeira banda de afrobeat composta exclusivamente por mulheres negras fora da África, a influência política do gênero e a construção de uma identidade sonora própria.

Criada em 2019, a Funmilayo Afrobeat Orquestra nasceu do desejo de Stella e da trompetista Larissa Oliveira de ocupar um espaço que ainda não existia: um grupo de afrobeat formado e liderado por mulheres negras. “A gente brinca que isso foi usado por um tempo, tipo, como surgiu a banda? Larissa e Stella incomodadas”, conta Stella, entre risos. 

No papo, as convidadas relembram o início do projeto e a escolha do nome, que homenageia Funmilayo Kuti, educadora e ativista pioneira na luta das mulheres nigerianas por justiça social e mãe de Fela Kuti, criador do afrobeat. “Ela foi uma das maiores influências do Fela em questão de posicionamento político”, destaca Sthe.

A conversa também explora o desafio de traduzir a essência do afrobeat para um contexto brasileiro, criando o que as próprias integrantes chamam de ‘Afrobeat à brasileira’. “A gente sempre pensou em como fazer o nosso afrobeat, do nosso jeito, como misturar os sons, como incluir elementos da música brasileira”, explica Stella, saxofonista da banda

Com referências que vão do samba ao ijexá, o grupo reinventa o gênero sem perder sua raiz combativa. “É um ritmo de resistência”, reforça Sthe, que fala sobre a estrutura das composições, o papel da percussão e o impacto da ancestralidade na musicalidade da banda.

As musicistas relatam os desafios de manter um trabalho autônomo e colaborativo, reforçando a importância da coletividade como ferramenta de transformação e fortalecimento dentro da música independente. “A gente consegue experimentar mais entre nós”, explica a percussionista.

Ainda sobre a dinâmica coletiva do grupo, formado por 11 mulheres, Stella comenta: “Eu acho que a gente caminha mais lento, mas quando a gente chega num resultado é muito emocionante, porque a gente chegou junto”.

A militância intrínseca ao afrobeat e o papel das mulheres negras na formação política do gênero também aparecem no episódio. “As grandes educadoras das nossas vidas são as mulheres”, reflete Stella, mencionando a importância das mães, avós e tias como referências. A banda busca resgatar esse protagonismo, tanto na escolha do repertório quanto na forma de se organizar. “Não existe no mundo outro grupo de afrobeat formado só por mulheres”, reforça Sthe, evidenciando o ineditismo e o impacto do projeto.

A conversa também traz uma seleção musical repleta de influências clássicas do afrobeat. A playlist está disponível no Spotify.

O podcast Sabe Som? vai ao ar toda sexta-feira, às 10h da manhã, e está disponível nas principais plataformas de podcast como Spotify e YouTube Music.

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