O motoboy carioca Bruno Lima foi vítima de xenofobia durante uma discussão de trânsito com um motorista português em Gaia, cidade vizinha ao Porto.
Segundo Bruno, o motorista português teria jogado o carro em cima dele quando caminhava para subir na moto após uma entrega realizada no último sábado.
Ele afirmou que o veículo de trabalho estava parado em uma das vagas de estacionamento na Avenida da República.
Bruno admite que xingou o motorista, perguntando se ele era “maluco por tentar jogar o carro em cima dele”.
Em vídeo que se tornou viral, é possível ver o motorista, já fora do carro, tentando agredir o motoboy. Durante as ameaças, o português falou repetidas vezes “Vai para o teu país”.
— Eu tinha acabado de fazer uma entrega, ia subir na moto e ele chegou buzinando e quase me atropelou. Gesticulei e xinguei. E de dentro do carro ele estava gesticulando — disse Bruno, continuando:
— Ele viu que eu era brasileiro e já saiu do carro mandando eu voltar para o meu país. Mantive a calma, disse para ele olhar a idade dele e falei “Está maluco, não quero te agredir”. Parecia que ele estava se sentindo ofendido e vinha para cima.
O advogado de Bruno, Marcel Borges, lembrou que ele ficou sereno e evitou revidar. Ele contou que o seu cliente fez uma queixa de agressão e xenofobia contra o motorista na Polícia de Segurança Pública (PSP).
— Vamos levar para a frente, não vai ficar barato porque o motoboy é sempre visto como bandido. A gente vê que é diferente e tem que ter sangue frio para lidar com xenófobos — disse Marcel.
Bruno afirmou querer levar adiante a queixa para que sirva de incentivo aos outros brasileiros vítimas de xenofobia.
— Não sei no que vai dar, mas pode ser uma oportunidade de levar uma mensagem para quem passa por xenofobia e, por ser imigrante, teme levar as queixas adiante. Quero encorajar as pessoas que têm medo de represálias — completou Bruno.
O carioca contou que ficou assustado com a dimensão do caso. Ele disse que seu perfil numa rede social recebeu apoios e ataques e que sua vida mudou:
— Fiquei assustado com as milhares de visualizações. Minha vida virou um inferno pela exposição. Maioria apoiando, mas continuei sofrendo ataque. A gente acha que sabe o que as pessoas sentem quando sofrem xenofobia. Mas só entende mesmo quem sente na pele. E estou sentindo.
O motoboy disse que mora há dois anos em Portugal com o filho, de 16 anos. Ele contou que trabalhava como funcionário da prefeitura de Rio das Ostras antes de emigrar, uma decisão que tomou após enfrentar uma depressão.
Apesar da longa carga horária cumprida diariamente nas ruas, ele contou que nunca havia sofrido xenofobia. Mas disse que sempre tentam atingir ele ou a moto em situações de trânsito, nas quais afirmou que tenta manter a calma para não ser prejudicado.
— Tive a calma e a tranquilidade de não reagir. Se reajo, vou preso e perco a guarda do meu filho, porque estamos sozinhos em Portugal.
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