“Ver para querer” é a forma de Paulo Andrade convidar os turistas a irem conhecer a autenticidade de São Tomé e Príncipe

A Solférias levou a São Tomé e Príncipe um grupo de 10 agentes de viagens de diferentes regiões de Portugal, uma viagem que contou com o apoio, entre outros, do Grupo HBD. O Turisver, que acompanhou a viagem, aproveitou para falar Paulo Andrade, Hotel Sales Manager da HBD Príncipe.

Por Fernando Borges

Paulo, como surge a HBD em São Tomé e Príncipe?

A HBD aparece por uma paixão do fundador da HBD que encontrou no Príncipe a hipótese de provar que é possível em África criar desenvolvimento com respeito pela população e sem danificar a natureza, e foi com este propósito que há 12 anos chegou a estas ilhas. Mais recentemente, como no turismo a HBD é conhecida sobretudo como uma empresa de hotéis, mudámos a designação para HBD Príncipe, para que as pessoas compreendessem melhor a localização geográfica, assim como a marca dos hotéis, que passou a designar-se Príncipe Collections, uma coleção de cinco hotéis que estão no Príncipe e em São Tomé.

Quais são as principais motivações da HBD nestas ilhas?

Os dois principais pilares da nossa presença nestas ilhas são a sustentabilidade ecológica e social, o que passa pela inserção das comunidades nos nossos projetos.

Quando iniciámos, uma das principais preocupações era conseguir garantir que a ilha, tão bonita como o é hoje, continuasse a sê-lo nas gerações futuras, e por via das concessões das roças e de zonas florestais conseguíssemos preservar ambas, o que passa pelo controlo das espécies invasoras e garantir os ecossistemas – isto na parte da conservação.

No campo social, o pilar passa pela formação. Na verdade existia uma ilha, existia uma população, mas não existia formação profissional. O turismo não existia, havia um pequeno hotel, que era o Bom Bom, e três voos semanais para o Príncipe. Hoje, com a STP Airways, existem 11 voos, e isso aconteceu por via do turismo.

Mas para termos bons hotéis e ter um bom serviço começámos pela parte da educação, tendo investido na contratação de professores, nomeadamente de inglês e outras áreas para capacitar as pessoas. É a geração que na altura iniciou a formação escolar que hoje está a trabalhar nos nossos hotéis, tendo nós criado mais emprego e melhores condições de trabalho, nomeadamente, com contratos que incluem, por exemplo, subsídio de férias e de Natal. Tudo isto levou a que as pessoas tivessem maior esperança e um trabalho digno.

Isto não quer dizer que todas as pessoas a quem demos a oportunidade de estudar e formação continuem a trabalhar na empresa. Mas criámos essa base na ilha e criámos as condições de progressão dentro da empresa.

“O principal fator de desvantagem, principalmente para quem está no sector, é o desconhecimento do destino. Apesar de em Portugal conhecerem ou já terem ouvido falar de São Tomé e Príncipe, no resto da Europa há um quase total desconhecimento sobre estas ilhas”

Como caracteriza cada um dos hotéis HBD?

Há sobretudo uma separação nas experiências. O Bom Bom é um hotel de quatro estrelas composto por cabanas na praia, perfeito para quem sonha ter uma casa na praia, enquanto o Sundy Praia está virado para um tipo de cliente que procura maior exclusividade e não quer preocupar-se com detalhes porque todos os serviços estão incluídos. O Roça Sundy é destinado a quem procura um turismo mais imersivo, para quem quer mergulhar na cultura da ilha do Príncipe porque está inserido numa comunidade onde existe uma escola, uma fábrica de chocolate, pequenos produtores de cacau… fazendo tudo isto parte de uma experiência.

Ainda temos o Roça Belo Monte, um hotel tranquilo que surgiu da recuperação de uma antiga plantação de cacau na ilha do Príncipe. É um hotel inserido num projeto de desenvolvimento sustentável da ilha e que é também um local de encontro de vários cientistas e investigadores da biodiversidade da ilha.

Já o Omali, em São Tomé, é a nossa base de apoio para quem chega e para quem parte. O cliente quando chega a São Tomé não pode voar imediatamente e no mesmo dia para o Príncipe e pode ficar no Omali. Quem parte tem também ali um porto seguro para partir à descoberta da cidade.

Que dificuldades encontram São Tomé que impedem um maior crescimento turístico?

O principal fator de desvantagem, principalmente para quem está no sector, é o desconhecimento do destino. Apesar de em Portugal conhecerem ou já terem ouvido falar de São Tomé e Príncipe, no resto da Europa há um quase total desconhecimento sobre estas ilhas. O acesso aéreo é também uma desvantagem porque existem poucas ligações para estas ilhas. Quando não há acesso aéreo o turista não consegue chegar, e não havendo concorrência as viagens ficam mais caras comparando com outros destinos semelhantes.

A formação profissional também é uma desvantagem porque se queremos ter um serviço realmente de qualidade é preciso investir muito na formação, embora, e numa análise mais profunda, não veja isto como uma verdadeira desvantagem mas sim como uma oportunidade relativamente a destinos mais remotos.

Quais são os vossos principais mercados?

O principal mercado, é português, pela língua e pelo conhecimento das ilhas. O facto de estarmos apenas a seis horas de Portugal, e não ser preciso visto, facilita muito o acesso. Depois aparece o mercado alemão, pela questão da natureza, o inglês também, pela tradição que houve na altura das produções de cacau, pela natureza, em especial a observação de aves, assim como o mercado francês que tem alguma relevância.

Podemos também falar de Angola por uma questão de proximidade, a que não é alheia a ligação da TAP entre Acra, capital do Gana, e São Tomé, o que tem facilitado a vinda de angolanos, assim como o Gabão. Parecendo um pouco estranho, temos ainda turistas dos Estados Unidos, talvez porque cada vez mais procuram destinos diferentes e pouco conhecidos.

Pouco a pouco estamos a abrir a outros mercados e apostar muito no mercado suíço, e no mercado espanhol, mas para isso é necessário mostrar credibilidade, o que passa pelo convite a jornalistas de todo o mundo para que nos venham conhecer e sentir, pois os jornalistas, falo de jornalistas e não de redes sociais, continuam a ser um garante dessa credibilidade, ao mesmo tempo que criam notoriedade e visibilidade ao contar as histórias aqui vividas.

“(…) no caso de Portugal, há a tendência de se voar para as Caraíbas, por causa dos charters e de ser um destino de sol e praia São Tomé e Príncipe também é, mas aqui oferecemos muito mais: gastronomia, beleza natural, segurança, a língua, que é uma mais-valia e, claro, as pessoas”

O que diferencia São Tomé e Príncipe de outros destinos igualmente africanos e tropicais?

Penso que é a autenticidade. Por exemplo, no caso de Portugal, há a tendência de se voar para as Caraíbas, por causa dos charters e de ser um destino de sol e praia São Tomé e Príncipe também é, mas aqui oferecemos muito mais: gastronomia, beleza natural, segurança, a língua, que é uma mais-valia e, claro, as pessoas. Portanto, se as pessoas perceberem o destino, rapidamente se apaixonam por estas ilhas, virão mais do que uma vez e trarão novos turistas.

Falando da HBD, que projetos existem para São Tomé e Príncipe? Há coisas que estão a acontecer e outras que estão pensadas a curto e médio prazo?

Sim, não só no que diz respeito ao turismo, mas também outros projectos que têm o efeito transformador, como a questão das tarifas que os clientes pagam nos nossos hotéis, a “Contribuição para a Comunidade e Conservação”, de 25€ por pessoa e noite e que reverte em favor de pequenos projetos, seja de formação ou de criação de pequenos negócios, de trazer formadores para capacitação das pessoas, não só das que fazem parte do grupo HBD mas também de quem viva na ilha do Príncipe. Assim como o fomentamos a produção do cacau, permitindo que os pequenos produtores possam vender ao grupo o cacau que produzem e nós, em quantidade, procuramos fora das ilhas quem possa comprar o cacau e desta forma ajudar esses pequenos produtores porque sozinhos não iriam conseguir chegar a esses mercados.

Temos ainda um projeto recente do nosso fundador que é, por via de uma contribuição financeira, garantir que as pessoas mantenham os seus usos e costumes para que quem nos visita consiga realmente sentir a autenticidade do Príncipe. Mas o grande desafio é continuar na capacitação e na formação, é insistir, porque aqui, como São Tomé disse, “é ver para crer”, e as pessoas que não conhecem são sempre muito céticas. Como aconteceu no início da nossa chegada. E aqui estamos e continuamos com novos projetos.

Que importância têm para a HBD ações como esta realizada pela Solférias?

Muita, porque como falámos há pouco, o desconhecimento do destino faz com que as pessoas não queiram arriscar. Trazendo a Solférias agentes de viagens, que são os nossos representantes lá fora, é mais fácil dar a conhecer as experiências, o destino, a segurança, os hotéis…, e isso ajuda-nos muito.

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