Venezuela responde com patrulha aérea a sobrevoos dos EUA na Guiana

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro (à direita), em encontro com o novo embaixador da Guiana em Caracas, Richard Van West-Charles, em fevereiro| Foto: EFE/Miguel Gutiérrez

O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López,
anunciou nesta sexta-feira (10) o envio de “patrulhas aéreas” depois que os
Estados Unidos anunciaram o sobrevoo de dois aviões da Marinha sobre
Georgetown, capital da Guiana, e seus arredores.

Durante um evento militar transmitido pela emissora estatal
VTV, López afirmou que em “questão de uma hora” houve um “destacamento
organizado” de aeronaves Sukhoi 30MK2, F-16 e K-8 para defender o espaço aéreo,
embora não tenha especificado a área para onde as aeronaves foram enviadas.

Na quinta-feira, o ministro descreveu o sobrevoo dos aviões americanos como “reiteradas provocações” do Comando Sul dos EUA, “patrocinadas pelo governo da Guiana, que assumiu o papel de uma nova colônia dos EUA”.

A embaixada dos EUA na Guiana informou na rede social X
(ex-Twitter) que o sobrevoo seria realizado com “dois F/A-18F Super Hornets da
Marinha embarcados no USS George Washington [porta-aviões]” e “com a cooperação
e aprovação” do governo guianense.

A Venezuela alega ter soberania sobre Essequibo, uma região
de quase 160 mil quilômetros quadrados que corresponde a 70% do território da
Guiana.

Uma decisão internacional do final do século XIX determinou
que a área era do Reino Unido, de quem a Guiana obteve independência em 1966.
Neste ano, foi assinado um acordo para que a disputa fosse resolvida por uma
corte internacional, o que nunca aconteceu.

Uma demanda da Guiana para que o caso seja decidido pela
Corte Internacional de Justiça (CIJ) tramita desde 2018.

A disputa se tornou mais tensa a partir de dezembro do ano
passado, quando, num referendo questionado, a Venezuela aprovou medidas para a anexação
do Essequibo. Desde então, o chavismo aprovou a criação de um estado
venezuelano e de uma área de segurança na área, entre outras medidas.

A reivindicação venezuelana sobre a área vem desde o século
XIX, mas a temperatura dessa disputa aumentou a partir de 2015, quando a
empresa americana ExxonMobil localizou grandes reservas de petróleo no
Essequibo.

A Guiana tem obtido os maiores índices de crescimento econômico do mundo graças a concessões para a exploração das riquezas da área, o que tem sido condenado por Caracas, que alega soberania sobre esses recursos. (Com Agência EFE)

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