Venezuela expulsa funcionários de agência da ONU para os direitos humanos. Medida “marca um endurecimento drástico” de Maduro contra críticos
O governo do presidente Nicolás Maduro vai manter a suspensão até que a agência “retifique publicamente, perante a comunidade internacional, a sua atitude colonialista, abusiva e violadora da Carta das Nações Unidas”
O governo da Venezuela anunciou esta quinta-feira a suspensão de funções do gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos no país, e ordenou a saída dos seus funcionários no prazo de 72 horas.
Na prática, esta decisão significa que o país fica sem qualquer supervisão estrangeira, numa altura em que o governo de Nicolás Maduro é acusado de intensificar a censura e a repressão sobre a população.
A medida surge na sequência de um comunicado emitido por aquela agência da ONU, no qual manifestava “profunda preocupação” com a detenção da ativista venezuelana Rocío San Miguel, conhecida por ser bastante crítica do presidente Nicolás Maduro.
Em comunicado, o ministro dos Negócios Estrangeiros justifica a decisão como uma resposta à postura que considera ser “inadequada” e “imparcial” do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. “Tornou-se o escritório de advocacia privado de golpistas e terroristas que conspiram permanentemente contra o país”, afirmou Yvan Gil, citado pelo comunicado.
O ministério acrescenta que esta suspensão irá manter-se até que aquela agência da ONU “retifique publicamente, perante a comunidade internacional, a sua atitude colonialista, abusiva e violadora da Carta das Nações Unidas”.
O gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos foi estabelecido na Venezuela em 2019, altura em que era dirigido pela ex-presidente do Chile Michelle Bachelet. Antes de deixar o cargo, Bachelet assinalou progressos no respeito pelos direitos humanos no país, mas sublinhou que ainda havia muito trabalho para fazer.
Citado pelo New York Times, Phil Gunson, especialista do International Crisis Group, notou que a expulsão da agência de direitos humanos, a par com a detenção da ativista Rocío San Miguel, “marca um endurecimento drástico” do governo de Maduro nas suas ações contra opositores e críticos políticos.
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