Publicado 14/03/2024 14:27 | Editado 14/03/2024 14:28
O Procurador-Geral da Venezuela, Tarek William Saab, revelou nesta quarta-feira (13) a detenção de um líder da oposição local e um militar desertor sob acusações de estarem ligados a uma suposta conspiração para assassinar o presidente Nicolás Maduro. A prisão ocorreu na cidade de Maturín, no estado de Monagas, no leste do país.
Saab declarou em um comunicado que os detidos, identificados como Whilfer Piña, líder do partido opositor La Causa R, e o ex-sargento da Guarda Nacional Renzo Flores, foram inicialmente presos por publicarem ameaças graves incitando ao assassinato do chefe de Estado. Segundo o procurador-geral, investigações preliminares sugerem a existência de uma nova conspiração por trás dessas ameaças, feitas por telefone e em redes sociais.
Piña teria publicado uma ameaça direta contra Maduro em seu status do WhatsApp, afirmando que “Em Maturín será a morte de Maduro”. As mensagens trocadas entre Piña e Flores indicavam planos de recrutar 50 militares para realizar um golpe de Estado, retirando um tanque e armamento de um quartel militar.
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“É incrível como não têm medo de nada e publicam abertamente nas redes (…). Eles são sociopatas muito perigosos porque não têm medo, em seu desejo de causar danos, de reincidir. Ninguém pode ficar incrédulo e pensar que são fatos isolados. Independentemente das datas, todas correspondem ao mesmo plano; a mesma cabeça e autoria material e intelectual dentro e fora do país”, disse o líder do Ministério Público.
Os dois homens serão acusados de conspiração, associação e tentativa de assassinato perante um tribunal de terrorismo em Caracas. Saab enfatizou que ambos passaram por exames médicos para garantir seu estado de saúde e respeito aos direitos fundamentais.
Saab criticou as tentativas de apresentar as prisões como desaparecimentos forçados, destacando que essas ações são parte de um esforço contínuo para garantir a segurança e a estabilidade do país. Ele lembrou os episódios anteriores de tentativas de assassinato contra Maduro, incluindo o uso de drones em 2018 e a Operação Gideon em 2020.
“Vamos ver o que dirão alguns dos odiadores de todas as horas. Para eles, certamente não foi nada, mas se acontecer nos Estados Unidos e na Europa a punição será severa e brutal.”
O Procurador-Geral reiterou o compromisso do Ministério Público com a defesa da paz e da ordem constitucional, chamando a atenção para a importância de se unir em prol desses objetivos. Ele enfatizou que a Venezuela continua sendo um exemplo de paz e convivência, apesar das tentativas de desestabilização.
As prisões de Piña e Flores marcam mais um capítulo na contínua tensão política na Venezuela, onde o governo de Maduro enfrenta oposição interna e pressões externas para uma mudança de regime.
Prisão de opositores
As prisões ocorrem no bojo do processo eleitoral que deve ocorrer em 28 de julho, dia do aniversário de Hugo Chávez. No entanto, a oposição enfrenta desafios significativos, especialmente com a inabilitação de candidatos proeminentes, como María Corina Machado, que venceu as primárias da principal coalizão opositora, mas teve sua candidatura rejeitada pelo Tribunal Superior de Justiça.
Segundo a sentença, um dos motivos é a participação no complô de corrupção orquestrado pelo ex-deputado da oposição Juan Guaidó, promovendo o bloqueio criminoso ao país. Além disso, por participar na espoliação de empresas e riquezas do povo venezuelano no exterior, destacando casos como a entrega da empresa Citgo à empresa canadense Crystallex. Esta ação causou danos ao patrimônio do país de aproximadamente 32,5 bilhões de dólares. Também pela entrega da empresa Monómeros, que estava falida, bem como pelo sequestro e roubo de 31 toneladas de ouro venezuelano, que se encontram no Banco da Inglaterra.
A sentença estabelece também que Machado, juntamente com Guaidó e outros, solicitou a aplicação de sanções e bloqueio econômico contra o país, gerando o sequestro de 4.000 milhões de dólares retidos no sistema bancário internacional. Essas medidas impossibilitaram a aquisição de determinados medicamentos pela população, causando danos à saúde.
Em 2023, uma Comissão Especial da Assembleia Nacional (AN) investigou o alcance e as responsabilidades das confissões do ex-presidente dos EUA Donald Trump contra a Venezuela, apresentando um relatório no qual foi demonstrada a participação de alguns líderes da oposição em planos de desestabilização e roubo de bens. recursos do país sul-americano.
Segundo o presidente daquela comissão, deputado Pedro Infante, os documentos apresentados evidenciam o crime de traição, sendo María Corina um dos envolvidos do partido da oposição, já que no comunicado de uma organização, por ela assinado, lhe foi solicitada a invasão por forças estrangeiras contra a Venezuela.
A decisão do Conselho Nacional Eleitoral também permite que o governo cumpra parcialmente um acordo feito com parte da oposição no ano anterior, que estipulava que as eleições presidenciais ocorreriam no segundo semestre de 2024. No entanto, a exclusão de candidatos proibidos de concorrer, como Machado, é usada por opositores do Governo Maduro como “preocupações sobre a transparência e a legitimidade do processo eleitoral”.
Além disso, a prisão da ativista Rocío San Miguel e as tensões sobre a região de Essequibo têm aumentado as preocupações internacionais sobre o processo eleitoral e a estabilidade na Venezuela. O Ministério Público anunciou em fevereiro a detenção de Rocío, que tinha um mandado de detenção por alegadamente estar envolvida na conspiração e na tentativa de assassinato do presidente Nicolás Maduro, conhecida como Pulseira Branca.
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