Velejador Mateus Isaac relembra início pelo pai e desafios antes das Olimpíadas: ‘Esporte que muda muito’ | Olimpíadas

Mateus Isaac se prepara para representar o Brasil nas Olimpíadas de Paris em uma modalidade estreante da vela na competição mundial. O velejador de 30 anos irá brigar por uma medalha olímpica na classe IQFoil de windsurf com um histórico de mais de duas décadas no esporte, iniciado pelo incentivo do pai, veterano das águas de Ilhabela, no litoral de São Paulo.

“Com sete anos de idade, ganhei meu primeiro equipamento. Antes disso, meu pai me levava na prancha dele e a gente velejava. Era muito legal, tenho boas memórias dessa época. Foi onde tudo começou. Dei uma paradinha quando eu tinha uns 10 anos e voltei com tudo aos 11”, relata.

Mateus Isaac na infância com o pai, Carlos Alberto Isaac — Foto: Arquivo Pessoal

Preparação olímpica

Com um ouro dos Jogos Pan-Americanos de Santiago 2023 na bagagem e histórico de terceiro lugar no ranking mundial, Mateus explica que a preparação na modalidade é bastante influenciada pelas instabilidades da natureza.

“Tem um preparador físico, que é o Daniel, que me ajuda. Ele coordena toda a parte física e depende muito, porque a vela não é um esporte que você consegue planejar os treinos. Está sempre mudando por conta do vento e por conta das condições [climáticas]. O que a gente tenta fazer são quatro dias na água e um dia de descanso. Obviamente, isso muda um pouquinho com as viagens, mas, normalmente, é assim que funciona”, conta.

A rotina de treinos ainda inclui a frequência de exercícios físicos e os cuidados com a saúde mental. “Tudo isso coordenando com a academia e com o cardio que a gente faz, que é remo, bicicleta e corrida. E a preparação mental tem psicóloga, a gente conversa sobre tudo para tentar melhorar bastante nesse aspecto”.

Mateus Isaac — Foto: Reprodução/Instagram

Desafios da natureza

O atleta garante que o maior desafio da modalidade é justamente se manter constante durante toda a campanha de eventos competitivos em meio às condições diversas de clima. No entanto, ele demonstra confiança para a disputa no país europeu por conhecer bem Marselha, na França, onde acontecerá a competição.

“A vela é um esporte que muda muito de um lugar para o outro, de uma condição para outra. O mais difícil é você conseguir se adaptar muito bem em todas as condições. Gosto muito do lugar, em Marselha, então acho que tenho tudo para estar bem adaptado”, reflete.

Expectativa para as Olímpiadas

Questionado sobre a importância da visibilidade da competição, Mateus entrega a empolgação para participar do maior evento esportivo do mundo e aproveita o fato de ser a maior concentração de atletas de elite de todos os esportes.

“A Olimpíada é o top do top, acredito que são os melhores dos melhores, então todos vão estar lá representando os seus países e a visibilidade é enorme. Muita gente está seguindo e acredito que vai ter bastante visibilidade para a gente”, afirma.

Ritual pré-competição

O velejador dispensa trilha sonora antes de entrar nas competições. Ele diz que preza pela calmaria na concentração da montagem dos equipamentos antes de cair nas águas. “Normalmente, não ouço muita música, não. Gosto de ficar mais no meu canto, mais quieto. Chegar cedo no clube, preparar meu equipamento e estar atento no que está acontecendo, no vento, nas condições, deixar meu equipamento bem preparado, bem limpo, organizado antes de entrar na água”, relata.

“Tenho sempre a minha rotina de como montar o equipamento com calma, de como prepará-lo. Aí me troco, fico mais na minha, pensando. Às vezes, converso com algum amigo, com meu técnico e faço uma rotina de alongamento e ‘bora’ para a água”, completa.

Além da vela

Mateus prova que é um velejador nato desde a infância quando cita a prática do esporte e de outras modalidades nas horas de lazer.

“Gosto de passar tempo com meus amigos, de surfar, de velejar com outros equipamentos. Gosto de andar de bicicleta. Gosto de fazer esporte em geral e gosto muito de estar com as pessoas que eu gosto, com meu cachorro, de passar tempo na Ilhabela, esse tipo de coisa”

Mateus Isaac — Foto: Reprodução/Instagram

Mas o atleta revela ser um grande consumidor de séries e filmes por conta da quantidade de horas dentro de aviões pelo mundo, muitas vezes sozinho, rumo às competições. “Gosto de ver filme de ação e umas coisas mais reais”, entrega.

Vida de atleta pelo mundo

Mateus reflete sobre vivenciar o que seria o grande sonho de muitas pessoas, mas de uma forma limitada. Isso porque ele tem acesso aos lugares mais cobiçados do mundo, ao mesmo tempo em que não consegue fazer o turismo em meio à dedicação da vida de atleta.

“A gente abre muito mão da vida social. Na verdade, passo muito tempo indo para lugares incríveis, que pessoas sonham muito em conhecer, mas indo para um hotel ou um apartamento e vou daquele apartamento para a praia, para o clube e volto para casa. Vou para a academia e vou para casa de novo. Depois, vou pro clube e é isso. Viajo o mundo inteiro, mas acaba que eu vejo só um triângulo de coisas e vou embora, mas essa é a vida”, explica.

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