Turismo em Corumbá foge de pessimismo mesmo com Rio Paraguai baixando rápido – Meio Ambiente

Empresários se preocupam com futuro próximo, mas ainda não enxergam reflexo imediado

Ponte sobre o Rio Paraguai distante 70 quilômetros de Corumbá (Foto: Divulgação)

O nível do Rio Paraguai na região de Corumbá,  já sob decreto de escassez hídrica, está baixando continuamente. Segundo o acompanhamento diário do Serviço Geológico do Brasil, divulgado pela Marinha, nesta quinta-feira (23) o nível está em 1,44 m. O nível é considerado baixo para esse período do ano.

Por isso, inclusive, alguns especialistas acreditam que o cenário para 2024 pode se igualar ou ser pior que 2021, quando o nível do rio ficou em -60 cm, um dos menores da história.

Todo esse contexto preocupa a economia do setor de turismo da região, que representa cerca de 11% do PIB local conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Segundo a empresária Odila Maria Silveira Gonçalves, dona de um dos pesqueiros mais tradicionais de Corumbá, o nível do rio, como está, ainda não causa reflexo imediato, mas preocupa para o futuro.

“Até o momento ainda não está afetando, mas a gente está com receio porque o nível do jeito que está preocupa, porque Corumbá é praticamente movido pelo turismo de pesca”,

O pesqueiro de Odila tem cerca de 40 embarcações pequenas, o que pode ser uma vantagem já que, seguindo esse ritmo, a navegação com embarcações grandes pode parar em breve, como explica o pesquisador da Embrapa Pantanal, Carlor Padovani.

“Abaixo de um metro já não é possível mais navegar. No nível em que está, algumas embarcações já encontram dificuldade, então imagino que em um mês já não seja possível mais navegar pelo rio aqui”.

Ainda conforme Odila, muitos pesqueiros trabalham com reservas de até um ano de antecedência, então ela já tem reservas até quase o final do ano. “Agora temos que torcer. Da última que teve seca desse jeito, a coisa ficou pior já no final da temporada de pesca, lá por outubro, novembro. Se for do mesmo jeito, a gente ainda consegue trabalhar”.

Sem querer ser tão alarmista, a Acert (Associação Corumbaense das Empresas Regionais de Turismo), diz não acreditar na interrupção da navegação, nem em um reflexo direto para economia local.

“Apesar do nível baixo do Rio Paraguai, não houve, até o momento, nenhum impacto no setor da pesca esportiva. A navegação está tranquila”, explica membro da Associação, Ademilson Esquivel.

Ademilson também observa que pode haver uma diferença dos dados oficiais usados para medir o nível do rio e a realidade. “Temos ao longo do io Paraguai alguns trechos cujas profundidades não mais correspondem àquelas observadas nas cartas náuticas disponíveis ou apresentam irregularidades naturais ou não, mas isto não prejudica a navegabilidade dos barcos hotéis, não afeta a nossa atividade. Os nossos barcos hotéis possuem um calado pequeno, o que nos permite navegar com segurança.”

Importância do Rio Paraguai

O Rio Paraguai é importante porque serve ao abastecimento e aos transportes tanto de pessoas quanto de cargas. “Ele fornece água e umidade para os ecossistemas da região, além de ser fonte de renda e sustento para muitas populações tradicionais do Pantanal”, completa Ademilson.

Decreto escassez hídrica 

A ANA (Agência Nacional de Águas) decretou situação de escassez hídrica na região hidrográfica do Paraguai, válido até 31 de outubro de 2024. A resolução levou em conta os boletins do serviço geológico, que identificou índices mínimos dos níveis dos rios. A Região Hidrográfica Paraguai ocupa 4,3% do território brasileiro, abrangendo parte de Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul, inclusive, o Pantanal, a maior área úmida contínua do planeta, e se estende por áreas da Bolívia e do Paraguai.

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