Tragédias ambientais no Brasil vão tornar-se mais frequentes

A geografia brasileira singular explica a vulnerabilidade. Abafada pelas notícias sobre a calamidade no Sul do país, tem passado despercebida a maior seca em 61 anos no Pantanal, bioma no Centro-Oeste do país, classificada como “crítica” pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico, por défice chuvoso de 30%.

Segundo Márcia Seabra, a coordenadora do Instituto Nacional de Meteorologia, “há um bloqueio atmosférico na parte central do Brasil atualmente”. “Essa obstrução causa as ondas de calor nas regiões centrais e impede que a frente fria do Sul se desloque para outras regiões do país, o que explica o volume enorme de chuvas no Rio Grande do Sul e a seca na parte central, atingindo o Pantanal”, explicou, citada pelo portal G1.

Com as tragédias sucessivas – as chuvas extremas no Brasil no ano passado já haviam causado pelo menos 132 mortes, mais de nove mil feridos e cerca de 74 mil desalojados -, a discussão, alertam os cientistas, deve sair da bolha da comunidade a que pertencem e chegar, de uma vez, ao poder público.

“O Brasil teve muitas histórias de deslizamentos e de inundações”, continua Nakagawa, em conversa com o DN, “mas uma enchente deste tamanho em tantas cidades e ao mesmo tempo será um marco”. “E será um marco porque os próprios cidadãos locais começam a equacionar se vale a pena reconstruir o que foi destruído, uma vez que, se as enchentes se repetirem, o problema pode voltar”.  

“Esta catástrofe, já comparada aos grandes furacões no sul dos Estados Unidos ou aos tsunamis noutros pontos do globo, tem de trazer à discussão as questões das mudanças climáticas, do aquecimento global e do descontrole na gestão ambiental versus a gestão das cidades”, afirma.

“Nós ficamos felizes ao ver a mobilização no auxílio a esta tragédia mas essa mobilização não pode existir apenas após”, adverte o professor de Responsabilidade Socioambiental e Sustentabilidade. “Deve existir também antes para evitar outras no Brasil e no mundo, precisamos de normas e regras públicas para minimizar, diminuir e acabar com o excesso de carbono, precisamos de produtos, serviços, start ups e muita pesquisa na academia”. 

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