Trabalhadores da maior fábrica exigem melhores salários

Os trabalhadores da Agripalma, maior unidade industrial de São Tomé e Príncipe, em greve há 19 dias, exigem melhores salários.

A fábrica de produção de óleo de palma biológico, construída por investidores belgas, exporta essencialmente para Europa e Ásia.

A Agripalma, com o mérito de ter reduzido o desemprego na região sul de São Tomé, mas os srus cerca de 900 trabalhadores queixam-se da precariedade salarial e más condições de trabalho.

“Os salários são muito baixos e o trabalho é muito forçado” reclama um cortador do andim, o fruto da palmeira.

O salário mínimo na Agripalma é de 3.500 dobras, cerca de 150 dólares, um pouco mais que na função publica São-tomense.

Os trabalhadores exigem aumento na ordem dos 38 por cento, mas a administração diz que só pode ir até cinco por cento.

Outro cortador do andim diz que “o que ganho só cobre uma semana bens essenciais”.

E “por teremos feito greve quem reside na área da administração da Agripalma ficou privado de água e energia elétrica”, conta o mesmo trabalhador.

Por outro lado, um enfermeiro do posto de saúde de Ribeira Peixe confirma que os trabalhadores também já não têm direito a receber medicamentos por val.

“O meu colega informou-me que veio aqui alguém da direção e deu orientações para suspender”, diz o profissional de saúde, que pediu anonimato para evitar represálias.

Perante a greve que já dura mais de duas semanas, Herlander Pinto, técnico da Agripalma foi autorizado a falar à imprensa em nome da administração da empresa.

“O ano passado foi muito difícil. Tivemos grandes perdas financeiras e dissemos aos trabalhadores que a empresa não está em condições de aumentar salários em 38 por cento e oferecemos melhorias para horas extras e subsídios de assiduidade, mas o sindicato recusou”, diz Pinto, que igualmente confirma a suspensão no fornecimento de água e energia eléctrica.

“Esses serviços fazem parte da atividade laboral da empresa e obviamente que em situação de greve geral eles deixam de ser fornecidos, porque ninguém está a trabalhar”, justifica.

O secretário geral da Organização Nacional dos Trabalhadores de São Tomé e Príncipe, João Tavares, critica o posicionamento do governo enquanto detentor de 12 por cento do capital da Agripalma.

“Como é que uma empresa cuja a exportação contribui para balança de pagamento, ninguém intervém no sentido de encontrar uma solução para a greve”, lamenta Tavares.

Desde 2020 que o óleo de palma é o maior produto da exportação de São Tomé e Príncipe superando o cacau.

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