Tiago Antunes: Portugal não terá “vantagem direta” na Europa mas também não será “indiferente”

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ENTREVISTA SIC NOTÍCIAS

António Costa é o novo presidente do Conselho Europeu, cargo que assumirá em dezembro deste ano. O antigo Secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Tiago Antunes, falou sobre o voto contra de Giorgia Meloni, os líderes que podem vir a dar trabalho a António Costa, uma possível vantagem de Portugal na Europa e a reeleição de Ursula von der Leyen.

A escolha do antigo primeiro-ministro, António Costa, para o cargo de presidente do Conselho Europeu está na ordem do dia. O socialista português conseguiu o apoio da maioria dos 27 Estados-membros da União Europeia à exceção da primeira-ministra italiana que votou contra. António Costa “desdramatizou” a situação por ambos pertencerem a famílias políticas diferentes.

Em entrevista à SIC Notícias, o antigo Secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Tiago Antunes, acredita que o voto de Giorgia Meloni não terá sido com base “na pessoa” em questão mas sim em relação “ao processo”.

Em causa estará a suposta “exclusão” da primeira-ministra italiana para integrar o acordo entre Populares, Socialistas e Liberais. Terá sido, na opinião de Tiago Antunes, uma forma de mostrar o seu “descontentamento”.

Quem dará mais trabalho a António Costa?

A primeira-ministra italiana poderá não ser a única “interessada” em dificultar a vida de António Costa quando este assumir funções no próximo mês de dezembro. Além da Itália, o antigo Secretário de Estado destaca o nome da Hungria.

“É bem sabido quais são os líderes que têm criado mais dificuldades e tornado mais difícil o seu apoio às sucessivas deliberações que têm sido tomadas nos últimos anos. Mas o presidente do Conselho Europeu não escolhe os líderes que estão sentados à volta da mesa”, salienta.

António Costa terá, enquanto presidente do Conselho Europeu, mostrar que tem capacidade de orientar as negociações e debates de forma a encontrar o caminho do consenso entre todos.

Portugal em vantagem na União Europeia? Não será “direta” mas também não será “indiferente”

“António Costa não vai estar a defender ativamente a posição de Portugal, para isso está lá Luís Montenegro e fará certamente esse trabalho. Mas sendo alguém que foi primeiro-ministro português, conhece bem o país e o impacto das decisões europeias e aquilo que é necessário para dar as respostas que nós a partir de Portugal vemos como necessárias. Isso obviamente fará toda a diferença”.

O mandato de António Costa no Conselho Europeu será de dois anos e meio mas, para Tiago Antunes, é prematuro dizer que depois desse período o socialista vai voltar a candidatar-se.

Von der Leyen em risco?

Nas últimas semanas tem se dado como garantida a reeleição de Ursula Von der Leyen como presidente da Comissão Europeia. No entanto, Tiago Antunes recorda que não deixa de existir um certo “risco” que a alemã terá que enfrentar.

“Há de facto uma segunda fase, eleição por parte do Parlamento Europeu. À partida as três famílias políticas que apoiam esta solução chegam para aprovar Ursula von der Leyen no Parlamento Europeu mas por uma margem muito curta. O que significa que há, de facto, um risco”.

António Costa, o novo português favorito da Europa

O antigo primeiro-ministro português já tinha recusado um possível cargo na presidência do Conselho Europeu mas cinco anos depois, a resposta foi outra.

“Não é por acaso que os líderes o querem, é porque tem bom relacionamento pessoal com ele. Mas é muito mais do que isso. É porque reconhecem nele as qualidades de fazer pontes, encontrar compromissos, promover o interesse europeu, desbloquear situações de impasse” reforça Tiago Antunes.

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