Testamos o Apple Vision Pro: a experiência com o headset é realmente única, mas solitária | Tecnologia

Vision Pro — Foto: Getty Images

Toda nova tecnologia impressiona – e a sensação de estar diante de algo inovador mexe com pessoas de qualquer geração. Não à toa, o Apple Vision Pro, oficialmente lançado pela Apple nos Estados Unidos em janeiro, tem muitos jovens entusiastas. Por outro lado, novidades tecnológicas também geram receios e, muitas vezes, um certo ceticismo: será que essa inovação realmente vai mudar a nossa vida?

Responder a esta pergunta em relação ao Vision Pro ainda é complicado. Na verdade, ao testar o dispositivo, a convite da agência Ampfy, confesso que saí com dois pensamentos: sim, a tecnologia do Vision Pro, baseada em computação espacial e realidade mista, vai mudar muita coisa. Mas, como produto comercial, o headset ainda está longe de se tornar um dispositivo do nosso dia a dia, como aconteceu com os smartphones.

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Muitos fatores nos levam a crer que o produto tem grandes chances de se tornar nichado para certos públicos e setores. O primeiro ponto é, inegavelmente, o preço: Gabriel Borges, cofundador e Chief Startegy Officer da Ampfy, comprou o seu headset nos Estados Unidos pelo equivalente a R$ 30 mil.

Gabriel Borges, cofundador e Chief Startegy Officer da Ampfy, comprou um Apple Vision Pro nos EUA pelo equivalente a R$ 30 mil — Foto: Divulgação/Ampfy

Além disso, durante a experiência com o Vision Pro – e ao escrever essa matéria -, o que mais me chamou a atenção é a solitude causada pelo dispositivo. Embora seja impossível não sair impressionado com a qualidade da tecnologia – esqueça tudo o que você já viu sobre metaverso e realidade virtual/aumentada -, só quem usa o headset consegue saber exatamente o que isso significa.

Ainda que a tela diferenciada do Vision Pro possibilite a interação do usuário com pessoas ao seu redor e também com outros dispositivos – você consegue pegar o smartphone e escrever mensagens sem precisar tirar os óculos, por exemplo -, o que o usuário do headset vê e ouve e com o que interage é algo que só ele mesmo consegue ter noção.

Sim, é possível ter experiências coletivas dentro do aparelho, com outras pessoas conectadas aos seus headsets. Mas, ainda assim, como demonstrar (neste texto, inclusive) como as imagens extremamente reais e a fusão entre os mundos real e virtual, prometidos pela Apple desde o anúncio do dispositivo, são realmente muito surpreendentes?

Imersão ‘quase’ real

Demonstração de uso do Apple Vison Pro — Foto: Divulgação/Apple

Alguns detalhes fazem toda a diferença no Vision Pro, especialmente em relação a outros óculos VR. Ao aplicar um objeto 3D no ambiente real, as câmeras do headset conseguem balancear pontos como luz e sombra, conforme a disposição do ambiente. Se você colocar uma cadeira perto da janela de uma sala, por exemplo, verá a mesma mais iluminada do que se colocar em outro canto do ambiente. E, sim, isso contribui para a fusão real + virtual.

Sem dúvida, a experiência que mais me impressionou durante o teste foi a imersão ao lado da cantora Alicia Keys e sua banda. O conteúdo, chamado ‘Alicia Keys: Rehearsal Room’, faz parte do novo formato Apple Immersive Video desenvolvido pela empresa e que inclui mais de 150 filmes, que combinam gravações 3D de 180 graus (em qualidade 8K) com áudio espacial.

Aqui, é importante dizer: o áudio espacial é incrível. Enquanto os olhos acompanham a cantora em uma jam session em um estúdio, o áudio oferece todas as sutilezas conforme o movimento dos olhos e cabeça. Ou seja, se você focar no músico tocando guitarra, é o som da mesma que ganha destaque. Se você se afasta ou se aproxima da cantora, o som segue a movimentação.

A sensação era de estar realmente no estúdio ao lado de Alicia Keys. Mas nada disso pode ser percebido, de fato, no vídeo de divulgação do projeto. O que nos leva ao ponto anterior: por enquanto, a experiência com o Vision Pro é única, mas solitária.

Menos pessoal, mais corporativo

Questões como nunca desconectar o headset da bateria ou, até mesmo, o peso dos óculos podem ser problemas ou não, a depender totalmente de cada usuário. Para mim, a bateria com fio não é um incômodo. O headset, em si, é confortável, mas longe de despertar a vontade de passar um dia inteiro com ele.

Também é válido dizer que, em comparação com outros dispositivos que já utilizei, incluindo Meta Quest 3 e Microsoft HoloLens 2, o Vision Pro causa menos efeitos colaterais: não tive enjoo nem dores de cabeça, algo que sempre acontece quando uso headsets.

Enquanto ainda não sabemos como será a versão brasileira do dispositivo, fico com a impressão de que o Vision Pro é uma tecnologia que pode fazer a diferença em setores como educação, medicina e indústria. Os universos do entretenimento e da propaganda também têm muito o que aproveitar ao criarem novos produtos e novas formas de exposição de mídia.

Na versão atual, porém, apenas a primeira da Apple, é difícil imaginar o dispositivo integrado totalmente em nossas rotinas. Talvez os Simpsons tenham errado essa previsão.

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