Ter uma refeição quente por dia é o maior desafio no Haiti

Alimentos podem esgotar, avisa ONU

Criança sentada no que resta da sua casa, depois do terramoto que atingiu o Haiti em agosto 2021 . Foto © UNICEF/Georges Harry Rouzier.

 

Conseguir uma refeição quente para todas as crianças a cada dia é um grande problema que o Haiti enfrenta atualmente, diz a freira portuguesa Helena Queijo, que trabalha naquele país da América Central. “Na escola primária, o grande desafio de cada dia é conseguir dar uma refeição quente a todas as crianças”, afirma a religiosa, que integra as Missionárias Espiritanas.

A missão onde está integrada esta religiosa é composta por seis irmãs e está presente em duas comunidades: uma, na periferia da cidade de Jacmel (sul do país situado na ilha de La Española) e a outra na montanha La Voûte, um pouco a norte daquela cidade, na metade leste do país. Perante a situação de profunda instabilidade e insegurança que se vive no país, a pobreza e a carência de diversos bens têm sido constantes. “Cada dia, aumenta o número de pessoas que nos pedem ajuda, em alimentos ou para questões de saúde, mas, por vezes, não somos capazes de dar resposta a tantas solicitações.”, explica a irmã. “A nossa missão vive de pessoas amigas, familiares, pessoas generosas que todos os meses enviam uma pequena ajuda, que para nós é grande. Sem esse apoio, nós teríamos de fechar a missão”, que acolhe crianças, adolescentes e jovens, sintetiza a irmã Helena, em declarações à Fundação AIS (Ajuda à Igreja que Sofre).

Juntas, as duas comunidades das irmãs são responsáveis por um centro de nutrição, uma escola primária e um jardim de infância. A realidade da região onde vive Helena Queijo é calamitosa. Desde a pobreza ao analfabetismo, são muitas as condicionantes que deterioram o ambiente local. “Temos consciência que não somos capazes nem podemos dar resposta a todos os desafios, somos apenas uma pequena gotinha de água que a cada dia tenta fazer e dar o seu melhor”, admite. Quanto ao receio de ataques e emboscadas, afirma: “É claro que tenho receio, assim como todas as pessoas que vivem aqui na Montanha La Voûte. Vivemos o dia-a-dia na esperança de que esse dia nunca chegue. Eu ponho a minha confiança em Deus que me ama, me chama e me envia cada dia nesta missão concreta onde me encontro.”

O Haiti enfrenta há largos uma crise de segurança sem precedentes, agravada nos últimos meses. Gangues armados espalham o medo através de sucessivos ataques por todo o país. Na última terça-feira, 10, eclodiram novos tiroteios na capital, Porto Príncipe, o que levou os trabalhadores humanitários destacados para auxiliar as populações locais a suspender o seu trabalho por falta de condições de segurança. Dezoito hospitais interromperam a sua atividade, para além de o porto marítimo e o aeroporto internacional de Porto Príncipe se encontrarem encerrados.

Nesta quinta-feira, 11 de abril, o Programa Alimentar Mundial (PAM), das Nações Unidas, avisou que as reservas as reservas de alimentos quer está a gerir naquele país podem esgotar-se até ao fim deste mês. De acordo com uma notícia da Lusa citada no Observador, o PAM “está a intensificar a ajuda alimentar no país, mas adverte que as suas reservas alimentares correm o risco de se esgotarem até ao fim deste mês”, afirmou Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas. O mesmo responsável acrescenta que a violência dos gangues perturba também o acesso à saúde dos haitianos na capital. O Hospital da Paz, por exemplo, o único grande estabelecimento de saúde ainda em condições de funcionar, está “sobrecarregado” e as ambulâncias têm “dificuldade em aceder às zonas controladas pelos gangues”, diz Dujarric.

 

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