Por Carlos Arouck
Na Amazônia, a França busca garantir influência geopolítica na América do Sul, tendo como objetivo integrar-se ao Tratado de Cooperação Amazônica devido à presença da Guiana Francesa em seu território. Essa iniciativa de Macron foi vista pelo Itamaraty e ambientalistas como populista, contornando a decisão do chefe de Estado de não interromper suas férias para ir à Cúpula da Amazônia liderada por Lula. Apesar de não ter contatado o governo brasileiro diretamente, a França busca reforçar sua presença política na região, especialmente devido à importância estratégica da Guiana Francesa, localizada na fronteira norte do Brasil.
No passado, a França já havia tentado participar das decisões regionais no Brasil, buscando cooperação em segurança e defesa na fronteira entre o Amapá e a Guiana Francesa. A adesão ao Tratado de Cooperação Amazônica é parte desse esforço histórico, visando fortalecer sua influência na região e justificar sua posição no debate global sobre desmatamento. Além disso, a presença da França na Guiana Francesa oferece vantagens estratégicas, como o Centro Espacial Kourou, fundamental para programas espaciais europeus, e uma posição privilegiada no Caribe e na América do Sul. A presença militar francesa no local visa garantir a proteção do departamento, a segurança de suas instalações e a defesa de seus interesses na região, permitindo também o monitoramento e antecipação de possíveis crises.
A situação é intencional e complexa e envolve questões de interesses políticos e econômicos. Com a França buscando explorar urânio no Brasil e já mantendo uma longa história de extração desse recurso no Níger, surge uma ligação entre a necessidade energética francesa (com 70% de sua eletricidade vinda de energia nuclear, grande parte proveniente de urânio) e a busca por novas fontes desse minério.
Níger em crise. 01/2/2024 – O “novo governo” do Níger expulsa embaixador e militares da França. O Níger é um país situado na África Ocidental, conhecido por sua produção de urânio e sendo um dos principais fornecedores desse material para a França ao longo dos anos. Em 2022, o Níger destacou-se como o segundo maior exportador de urânio natural para a França.
A rápida movimentação de Macron para estender suas operações de extração de urânio para o Brasil levanta questionamentos sobre suas intenções e motivações. A Primeira Ministra Italiana, Giorgia Meloni, já expressou suas preocupações, rotulando Macron como “escravocrata e explorador”, o que traz à tona debates sobre o impacto que a exploração de urânio pela França no Brasil poderia ter sobre a economia brasileira.
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