Suspeito de homicídio de cidadão cabo-verdiano detido na ilha do Faial

Faial – A Polícia Judiciária anunciou a detenção do alegado autor da agressão em frente a uma discoteca que vitimou um cidadão cabo-verdiano na ilha portuguesa do Faial, nos Açores. Ademir Moreno foi agredido na madrugada de domingo acabou por morrer esta terça-feira no hospital da Horta, onde se encontrava em coma induzido.

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Ademir Moreno ,de 49 anos e natural da cidade da Praia, em Cabo Verde, foi vítima de uma agressão que o deixou inanimado na via pública, com um hematoma craniano. O homem trabalhava no ramo da construção civil não resistiu aos ferimentos e acabou por falecer esta terça-feira no hospital da Horta.

Ella Stattmiller é uma das organizadoras de uma manifestação que decorreu no final do dia de terça-feira na Horta para denunciar um crime para o qual só nesta quarta-feira veio a ocorrer a detenção do suspeito.

“Houve um cidadão de 49 anos que foi, infelizmente, brutalmente morto por um cidadão português, açoriano, na noite de sábado, dia 16 de Março. Nós decidimos fazer uma vigília em  homenagem à vítima, prestar homenagem ao cidadão, reconhecer a sua vida e a sua contribuição para esta comunidade. Mas também uma manifestação anti-racista porque nós queremos trazer mais atenção para casos deste teor e não queremos que seja descartada a grande probabilidade deste caso ter sido fruto de crime de ódio, dado a testemunhas oculares que nós temos e dado antecedentes com a mesma pessoa, com o agressor”, descreve Ella Stattmiller do colectivo da manifestação.

A Polícia Judiciária anunciou a detenção do alegado autor da agressão em frente a uma discoteca que vitimou um cidadão cabo-verdiano na ilha portuguesa do Faial, nos Açores.“O caso está a ser investigado neste momento. Felizmente já conseguimos que as testemunhas que nós temos fossem depor. Não sei a nível de julgamentos como é que está a correr. A manifestação teve um bom efeito nesse sentido, porque foi bom para motivar a pesquisa mais aprofundada sobre este assunto”, acrescentou.

Ella Stattmiller sublinha que existe uma posição de “passividade” por parte das minorias que vivem na ilha do Faial: “Neste caso não existem muitas queixas formais de pessoas que sofrem racismo, mas eu sinto que, como é um meio muito pequeno, existe uma posição de passividade por parte de minorias. Não há muitas queixas formais, mas existem sim muitas situações de violência verbal, física que até hoje ainda não tinham resultado, a não ser uma ou outra, que ainda não tinha o resultado em morte. Mas há muito, há muito… É uma sociedade bastante racista e é uma sociedade que olha para o racismo como algo inofensivo”.

A Associação dos Imigrantes dos Açores (AIPA) condenou a “brutal agressão” que levou à morte de Ademir Moreno. A associação critica, ainda, todas as manifestações que possam propagar “ódio, xenofobia ou racismo”.

“Não estou ligada à AIPA. Nenhum de nós está. O que aconteceu foi nós somos apenas um grupo de cidadãos que decidimos criar, fazer alguma coisa relativamente a esta situação e entramos em contacto com a AIPA para algum apoio. E foi assim que esta conexão foi feita”, concluiu.

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