Analistas dizem ainda que há fortes hipóteses de haver fraude eleitoral por parte do ainda presidente venezuelano. E temem que o país resvale para um golpe de Estado que poderia acabar em guerra civil.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse, na semana passada, que o país decidirá entre “guerra ou paz” nas eleições presidenciais de 28 de julho, nas quais o próprio tentará mais uma reeleição e enfrentará nove candidatos. “No dia 28 de julho decidiremos guerra ou paz. ‘Guarimba’ (protesto violento) ou tranquilidade. Pátria ou colónia. Democracia ou fascismo”, afirmou. Mas disse mais: o herdeiro do ‘chavismo’ explicou também estar convencido de que os Estados Unidos tratarão de interferir para promover a sua derrota.
Para a oposição, esta declaração equivale a uma espécie de grito de derrota – os analistas afirmam que o chavismo está prestes a chegar ao seu estertor e que Nicolás Maduro sairá derrotado das eleições – a não ser que consiga produzir um grande embuste. De qualquer modo, especialistas da ONU estão com viagem marcada para a Venezuela para observarem as eleições. O líder do país declarou que em 29 de julho – o dia seguinte às eleições – assinará um “primeiro decreto” para convocar “um grande diálogo nacional” e, assim, “pensar a Venezuela do futuro”.
Talvez seja um pouco tarde: a líder da oposição, María Corina Machado, responde que espera que Maduro concorde em negociar uma transição ordenada porque, segundo ela, o embaixador Edmundo González Urrutia, que concorre pela principal plataforma de oposição, vai ganhar as eleições. Na opinião da ex-deputada, Maduro (no poder desde 2013) – perdeu “a confiança e o apoio do povo” e, por isso, optou por semear “o medo”, uma estratégia que “não funciona”.
Outro candidato da oposição, Antonio Ecarri, pediu um debate entre os candidatos presidenciais porque o país está a enfrentar “outra crise”, que o coloca “à beira de uma guerra civil”.
Para já, Nicolás Maduro não tem as sondagens a seu favor. Todas as pesquisas indicam uma preferência por Edmundo González Urrutia, que, segundo um estudo divulgado pelo site AS/COA, chegam aos 60% – com Maduro a não conseguir sequer chegar aos 10%. Recorde-se que González Urrutia é uma espécie de candidato de recurso – depois de Maria Corina Machado, que venceu as primárias da plataforma da oposição, não ter conseguido inscrever-se como candidata. Ainda assim, a margem conseguida pelo embaixador é enorme – e os analistas afirmam que Maduro só vencerá com o recurso a uma fraude de grandes proporções. Ou seja: os analistas estão à espera desse desfecho.
Parte dessa hipotética fraude, tem a ver com o facto de cerca de 25% dos eleitores viver fora do país. Segundo relatam os jornais, Maduro deu indicações para bloquear a inscrição a votantes destes expatriados -sendo certo que uma imensa maioria deles saíram da Venezuela para fugirem ao regime. De um total de 21 milhões de eleitores, entre 3,5 milhões e 5,5 milhões de venezuelanos elegíveis para votar vivem fora do país. Destes, apenas 69 mil estão registados para votarem. Nos consulados venezuelanos em vários países, centenas de cidadãos esperam dia após dia em longas filas, enfrentando atrasos inexplicáveis, instruções confusas e exigências inesperadas de funcionários despreocupados. Argentina, Chile, Colômbia e Espanha registam este tipo de incidentes.
Mas alguns analistas vão mais longe e alertam para o verdadeiro perigo: sendo difícil que a fraude eleitoral possa ultrapassar uma diferença tão abismal como aquela que as sondagens indicam (de mais de 50 pontos percentuais), Maduro pode ser levado a criar um qualquer artifício para desmarcar as eleições – ou então recorrer a um golpe de Estado na sequência de um mau resultado. O que de facto colocaria o país à beira de uma guerra civil.
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