O evento de moda do Porto acontece em julho. Sem acesso aos fundos comunitários, o Portugal Fashion vai ser financiado em parte pelo Turismo de Portugal. Ainda não há designers confirmados.
A semana da moda no Porto vai passar a acontecer apenas uma vez por ano. O Portugal Fashion (PF) vai mudar de formato: deixam de existir as habituais semanas de moda semestrais – outono/inverno e primavera/verão – e estreia um novo calendário. A próxima edição realiza-se entre 1 e 6 de julho.
“Com a quebra de fronteiras no mundo da moda, a que se soma o maior acesso imediato a conteúdos nacionais e internacionais, a Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE) e o Portugal Fashion decidiram mudar de estratégia”, lê-se num comunicado a que o JPN teve acesso. Esta mudança de formato já estava a ser pensada desde a pandemia e “advém da necessidade de criar um modelo de Portugal Fashion mais sustentável financeiramente”, declarou a diretora do PF, Mónica Neto, em respostas por escrito enviadas ao JPN.
No entanto, defende que a componente financeira associada à mudança “deve ser vista apenas como um meio e não o fim daquilo que deve ser a mudança de estratégia e de visão a longo prazo”.
Desde 2022 que é público que o certame, com quase 30 anos de existência, enfrenta dificuldades de financiamento, em resultado dos atrasos no acesso aos fundos comunitários Portugal 2030. Na última edição, que se realizou em outubro, a Associação Nacional de Jovens Empresários, que organiza o evento, enviou um comunicado às redações, no qual anunciava que o financiamento europeu não tinha chegado às últimas três edições do certame. E concluía dizendo que o PF poderia não voltar a acontecer.
Mas graças a um acordo com o Turismo de Portugal, que vai assegurar 30% do financiamento, o evento vai realizar-se no verão. Sobre a restante parcela de financiamento, Mónica Neto não adiantou quais serão as fontes.
A ANJE já começou a tratar de uma nova candidatura aos fundos europeus, mas o resultado da mesma só deverá ser conhecido em setembro.
PF em julho
A edição “número zero” da nova estratégia acontece, assim, num “calendário estratégico”, para evitar a sobreposição com outras semanas da moda internacionais e, assim, conseguir “trazer a Portugal mais compradores e profissionais internacionais, num momento crucial das decisões de compra”, explicou Mónica Neto.
Este ano, o PF promete continuar a montar passerelles em locais menos convencionais, depois de ter passado por uma antiga garagem automóvel, pelas ruas e espaços comerciais da cidade do Porto e, mais recentemente, pelo Museu do Carro Elétrico, mas ainda sem adiantar a programação. O evento está “em processo de confirmação dos designers”, referiu Mónica Neto.
Aposta na internacionalização
Para a edição inaugural, o PF “ambiciona tornar-se ‘chápeu’ internacional para toda a moda portuguesa”, apesar de a participação em semanas da moda internacionais não acontecer desde 2022, quando acabaram os fundos do ainda Portugal 2020. Assim, “pretende reforçar a capacidade e o potencial que o norte do país tem em ser um imenso hub criativo, não só na indústria da moda, mas também em outras artes”, como a música, cinema, arquitetura, artes plásticas, entre outras.
Ao mesmo tempo, a organização quer “fortalecer o seu lado internacional, de negócio, de profissionalização, capacitando mais designers e marcas de moda portuguesa”, disse Mónica Neto ao JPN.
A parceria entre o Afreximbank (Banco Africano de Exportação e Importação) e a ANJE, com duração prevista de três anos, terminava em março, mas vai continuar e ser renovada. “O projeto Canex continua a ser uma aposta da ANJE e do Portugal Fashion, que trouxe mais criatividade, cor e alegria à passerelle, e com o qual pretendemos continuar a contar, ajustando o mesmo ao novo calendário”, avança.
Já o BLOOM, plataforma conhecida por ser uma rampa de lançamento de jovens criadores residentes em Portugal, ambiciona ser “uma verdadeira incubadora de criadores de moda” e o“pilar deste evento anual”. Desta forma, “o BLOOM continuará a ser a nossa plataforma de renovação da moda de autor portuguesa. Com maior acompanhamento, mentoria e ‘olho para o negócio’, porque sem intenção de vendas não faz sentido começar uma marca”, afirmou Mónica Neto. Através da mentoria, o foco é o desenvolvimento de novas marcas que sejam “nativamente sustentáveis”.
Editado por Inês Pinto Pereira
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