Segundo o relatório de 2023 do Índice Ibrahim de Governação Africana (IIAG), Argélia, Botswana, República do Congo, Djibuti, Egipto, Marrocos, São Tomé e Príncipe, Serra Leoa, África do Sul e Tunísia, que representam 19,6% da população africana, têm um sistema que regista pelo menos 90% dos nascimentos no país.
Em Angola, Chade, Etiópia, Níger, Tanzânia e Zâmbia, que representam 20,4% da população do continente, menos de 30% dos nascimentos são registados, acrescenta-se no estudo.
No relatório refere-se também que só três países africanos dispõem de um sistema de registo de óbitos que regista pelo menos 90% das mortes ocorridas: Egito, Maurícias e Seychelles.
Por outro lado, Guiné, Malawi, Níger e Sudão do Sul registam menos de 10% das mortes ocorridas nos respetivos países.
Estes são alguns casos referidos no relatório produzido pela Fundação Mo Ibrahim, no qual se indica existir uma forte correlação positiva entre o acesso a estatísticas de qualidade e uma governação eficaz.
Além de atraso nos sistemas de registo civil, no estudo lamenta-se a falta informação sobre estruturas de saúde, a economia informal, o ambiente, a violência contra as mulheres, trabalho infantil e fluxos financeiros ilícitos.
Os autores do estudo defendem um maior investimento na recolha e análise de dados e sugerem estratégias para aumentar o impacto desta informação no progresso do desenvolvimento africano.
A independência dos institutos nacionais de estatística, o aproveitamento de fontes de dados alternativas, como os dados gerados pelos cidadãos e os dados de empresas privadas, e a aplicação tecnologias como a inteligência artificial são algumas das propostas.
“Sem dados, estamos a conduzir às cegas – as políticas são mal orientadas e o progresso no caminho para o desenvolvimento é limitado. Temos de agir urgentemente para corrigir o problema da falta de dados em África”, alertou o filantropo Mo Ibrahim, fundador e presidente da organização responsável pelo relatório.
O relatório foi lançado em Acra, no Gana, num evento organizado em conjunto com o Afrobarometer, cujo trabalho também contribuiu para este estudo baseado essencialmente no IIAG 2022, que avalia dados de 2012 a 2021 sobre 54 países africanos.
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