PSP trava golpe milionário dos ‘Super Dragões’ na Taça de Portugal
Encontrados 4 mil bilhetes no Dragão para o Jamor, que seriam para a claque. Família Madureira podia ganhar cerca de 200 mil euros só com um jogo.
Tânia Laranjo e Ana Isabel Fonseca 01:30
São quatro mil bilhetes já reservados para a claque azul-e-branca para a final da Taça de Portugal. A PSP encontrou, domingo, os bilhetes no Dragão e a referência de que se destinavam à claque foi junta ao processo. Resta saber o que fará o clube, já que os bilhetes, por ainda não terem sido entregues, não puderam ser apreendidos. Podemos estar a falar de uma quantia verdadeiramente milionária, quando se sabe que há bilhetes a serem vendidos a mais de 500 euros. Se usarmos 50 euros como referência – o que é manifestamente pouco -, significa que o clã Madureira ia ganhar, num fim de semana, 200 mil euros. Livre de impostos e apenas tendo uma ‘moeda de troca’, como diz o Ministério Público do Porto: aplaudir Pinto da Costa, que se vai sentar no banco de suplentes, pela última vez.
O elevado número de bilhetes reservados para os Super Dragões não deixou de surpreender as autoridades, tendo em conta que tinham esgotado rapidamente e que se acumulam queixas por parte de sócios do clube que não conseguiram garantir lugar no Jamor.
A Divisão de Investigação Criminal da PSP do Porto não apreendeu os bilhetes que estavam no Dragão, mas encontrou mais três mil nas casas de vários dos arguidos. Na moradia de Sandra e Catarina Madureira, em Vila Nova de Gaia, estavam mil bilhetes para o jogo que se realizou no domingo entre FC Porto e Boavista. Entre eles foram encontrados convites, que não deveriam sequer ser vendidos. Outros dois mil foram apreendidos em buscas realizadas a outros suspeitos. Estes seriam para os dois últimos jogos que os azuis-e-brancos ainda vão disputar: contra o Sp. Braga, a contar para o campeonato, e a final da Taça de Portugal, frente ao Sporting.A PSP revelou também na segunda-feira, em comunicado, que foram apreendidos 44 mil euros em dinheiro, no âmbito da ‘Operação Bilhete Dourado’. Cerca de 20 mil estavam espalhados em casa da mulher de Fernando Madureira, sendo que a investigação suspeita que o dinheiro será fruto da venda ilegal de bilhetes. Terá sido, aliás, com a continuação do esquema que Sandra Madureira continuou, apesar da prisão do marido na ‘Operação Pretoriano’, a sustentar o elevado nível de vida. Era agora a filha mais velha, Catarina, que dava a cara pelo negócio criminoso.
Assume esquema 15 dias após a prisão do pai
Cerca de 15 dias depois de Fernando Madureira ter sido detido na ‘Operação Pretoriano’ – onde se investigam as agressões na assembleia do FC Porto – a filha mais velha, Catarina, assumiu o lugar do pai no negócio da venda ilegal de bilhetes.
A PSP apanhou a jovem em flagrante durante uma vigilância. Catarina estava a vender bilhetes para o jogo entre o FC Porto e o Arsenal, a contar para os oitavos de final da Liga dos Campeões, que se realizou a 21 de fevereiro. Nestes jogos os bilhetes assumem sempre valores elevados. O dinheiro resultante da venda destes bilhetes foi depois levado por quatro elementos dos Super Dragões para uma pastelaria que funciona quase como sede da claque portista.Relativamente ao jogo com o Arsenal, já tinham sido apreendidos bilhetes a Vítor Oliveira, mais conhecido como ‘Aleixo’, e a outro elemento dos Super Dragões, também detidos na ‘Operação Pretoriano’. Nas buscas no final de janeiro, a PSP apreendeu na casa deste arguido 104 bilhetes, dos quais 87 eram para o jogo com o Arsenal dos oitavos de final da Champions. ‘Aleixo’ foi novamente alvo de buscas, agora na ‘Operação Bilhete Dourado’.
casas sem sedeA investigação do DIAP do Porto sustenta que eram criadas casas do FC Porto sem sede física para a obtenção de bilhetes e também para a revenda de convites.bilhetes motivam
O juiz Pedro Miguel Vieira defende no despacho que as agressões na assembleia do FC Porto ocorreram porque ‘Macaco’ queria proteger o negócio dos bilhetes.extrai certidãoA ‘Operação Bilhete Dourado’ nasce de uma certidão do caso ‘Pretoriano’. As suspeitas foram levantadas no final do ano passado quando se investigavam as agressões.testemunhos
A procuradora que tem em mãos este caso é a mesma da ‘Operação Pretoriano’, que em janeiro fez 12 detidos. Existem também algumas testemunhas que são comuns aos dois processos judiciais.arrisca prisãoSandra está impedida desde fevereiro de contactar com os membros dos Super Dragões. Caso tenha violado essa proibição, pode mesmo ver a sua situação agravada com uma medida privativa da liberdade.
Casal separado em dia de aniversário
Fernando e Sandra Madureira fazem anos no dia 13 de maio. Ele 49, ela 47, um aniversário em que o casal esteve separado. Sandra não pôde visitar o marido na cadeia anexa à Polícia Judiciária do Porto, onde está preso. A mulher de ‘Macaco’ passou o dia na sua casa, em Vila Nova de Gaia.
ARGUIDO EX-VICE FOI UM ALVOAlípio Jorge Fernandes, antigo ‘vice’ do FC Porto e atual membro do Conselho Consultivo, foi um dos alvos da operação que decorreu no domingo. É o responsável das casas, delegações e filiais do clube. O Ministério Público diz que o clube sabia do esquema e que era a moeda de troca pelo apoio dos Super Dragões.Super Dragões ajudamA investigação diz que a família Madureira tinha ajuda de membros dos Super Dragões como João ‘Gato’ e Manuel Barros, com a alcunha de ‘Manel do bombo’.
BUSCAS CONSTITUÍDOS 13 ARGUIDOSDurante as buscas realizadas pela PSP foram constituídos 13 arguidos. Entre eles estão não só vários elementos da família Madureira – como a mãe, a avó de Sandra e o noivo de Catarina -, mas também alguns funcionários do FC Porto. É o caso de Cátia Guedes, que estava responsável pela operação de emissão de bilhetes.
São quatro mil bilhetes já reservados para a claque azul-e-branca para a final da Taça de Portugal. A PSP encontrou, domingo, os bilhetes no Dragão e a referência de que se destinavam à claque foi junta ao processo. Resta saber o que fará o clube, já que os bilhetes, por ainda não terem sido entregues, não puderam ser apreendidos.
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