Presidente são-tomense exonera ministro dos Negócios Estrangeiros


“É o senhor Alberto Neto Pereira exonerado, a seu pedido, das funções de ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Comunidades para as quais havia sido nomeado” em novembro de 2022, lê-se no decreto presidencial, a que a Lusa teve acesso.


“O decreto presidencial entra imediatamente em vigor”, estabelece o documento enviado para publicação no Diário da República.


O ministro dos Negócios Estrangeiros são-tomense demitiu-se do cargo após declarações polémicas em que considerou que Portugal e Angola não têm prestado ajuda suficiente ao ensino do português na Guiné Equatorial.


“Por ter consciência da gravidade da situação e assumindo as minhas responsabilidades, decidi remeter ainda hoje uma carta a sua excelência, o senhor primeiro-ministro e chefe do Governo, colocando o meu lugar à disposição”, declarou Alberto Pereira, em comunicado.


“Neste sentido, espero salvaguardar a minha imagem, a imagem do Governo e sobretudo a imagem do nosso país. Caberá a sua excelência o primeiro-ministro e chefe do Governo a decisão final”, acrescentou o chefe da diplomacia são-tomense.


Alberto Pereira havia considerado que países como Portugal e Angola não têm prestado ajuda suficiente ao ensino do português na Guiné Equatorial, país mais recente da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), e, pelo contrário, “só criticam”.


O ministro falava na receção de cerca de 30 quadros da Guiné Equatorial que vão aprender português e realizar estágios em várias áreas em São Tomé e ajudar na organização da XIV Cimeira dos chefes de Estado e do Governo da CPLP, que se realizará na capital são-tomense, em 27 de agosto.


Na sexta-feira, o primeiro-ministro são-tomense disse que as críticas do ministro dos Negócios Estrangeiros a Portugal e Angola não refletem a posição do Governo.


“De uma maneira muito clara eu quero dizer que as palavras do ministro não refletem a posição do Governo, o sentimento do Governo, a apreciação do Governo, por isso mesmo é que o ministro reconheceu que esse desabafo, que tem de ser enquadrado num contexto particular, causou inconforto, talvez danos e não estava alinhado com a posição do Governo”, sublinhou o primeiro-ministro.


Neste sentido, Patrice Trovoada considerou que Alberto Pereira “teve uma atitude bastante responsável, digna e corajosa em apresentar a sua demissão”.


Esta é a primeira demissão no Governo de Patrice Trovoada, em funções desde novembro do ano passado.


A demissão do chefe da diplomacia são-tomense acontece a um mês da realização da XIV cimeira dos Chefes de Estados e de Governo da CPLP, quando São Tomé e Príncipe vai assumir a presidência da organização.


Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste são os nove Estados-membros da CPLP.

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