O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, afirmou nesta segunda-feira 8 que “todos os presidentes” do bloco deveriam estar na cúpula do Mercosul em Assunção, em uma reclamação ao argentino Javier Milei, que deu o tom da reunião com a sua ausência.
“Não só a mensagem importa, o mensageiro é muito importante”, disse Lacalle Pou, referindo-se à ausência do presidente ultraliberal da Argentina, que enviou em seu lugar a ministra das Relações Exteriores, Diana Mondino.
“Se o Mercosul é tão importante, todos os presidentes deveriam estar aqui. Eu dou importância ao Mercosul. E se realmente acreditamos neste bloco, todos deveríamos estar aqui”, declarou o presidente uruguaio.
Além de Lacalle Pou e do anfitrião paraguaio Santiago Peña, participaram da 64ª cúpula de presidentes do Mercosul o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o boliviano Luis Arce, dias após ter contido o que descreveu como uma tentativa de golpe de Estado em La Paz.
Mondino, representando a segunda maior economia do bloco após o Brasil, disse após as declarações de Lacalle Pou que “esse tipo de encontro tem valor porque permite a troca de pontos de vista”.
“Não precisamos concordar, mas devemos ser capazes de ouvir diferentes opiniões. Espero que como grupo alcancemos essa maturidade”, acrescentou, ao anunciar a falta de consenso no documento final da cúpula.
Além das controvérsias envolvendo Milei, o bloco regional atravessa um momento difícil, com um acordo com a União Europeia estagnado e negociações com a China cheias de obstáculos.
Milei anunciou que faltaria ao evento após trocar críticas com Lula, a quem acusou de ser um “esquerdista” com “ego inflamado”. Em vez disso, viajou no fim de semana para uma conferência conservadora no sul do Brasil e se encontrou com o ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Voltamos a ser uma região balcanizada e dividida, mais voltada para fora do que para si própria”, afirmou Lula em seu discurso. “Nunca nos deparamos com tantos desafios, seja no âmbito regional, seja em nível global.”
Peña enfatizou a importância de manter a unidade do bloco, afastado de considerações ideológicas. “Estamos um pouco fatigados com a integração e precisamos renovar a cultura da integração”, disse a jornalistas.
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