O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, reuniu-se na quarta-feira 10 com membros da oposição ao governo de Nicolás Maduro na Venezuela. Tentando fazer as vezes de mediador, apresentou uma proposta para “paz política” do país, a poucos meses da eleição presidencial, marcada para 28 de julho, cuja legitimidade do processo vem sendo questionada por grande parte da comunidade internacional.
Petro é considerado um aliado de Maduro, mas, recentemente, criticou duramente o bloqueio do chavismo ao livre registro de candidatos da oposição para as eleições, o que ele qualificou como um “golpe antidemocrático”. Mas parece ter ido fazer as pazes em Caracas, onde também encontrou o ditador venezuelano no Palácio de Miraflores, a sede do regime.
“Paz política”
Às lideranças da oposição, o colombiano disse que seu plano trata-se de uma proposta democrática para garantir o “bem-estar do povo venezuelano”. Ele não especificou, entretanto, quem eram seus interlocutores nem revelou mais detalhes. Já com Maduro, segundo comunicado divulgado por Bogotá, Petro reiterou sua defesa da “paz política na Venezuela” e disse que a Colômbia “pode ajudar muito” nos diálogos.
“Falei com o presidente Maduro sobre a proposta que fiz a ele e a setores da oposição, talvez a mais importante neste momento para garantir que este país possa ter paz política”, afirmou Petro. “Fundamentalmente, uma intermediação, uma mediação colombiana para alcançar a paz política.”
Ainda não se sabe quem mais participou do encontro. No entanto, representantes da Plataforma Unitária Democrática (PUD), importante coalizão de oposição ao regime venezuelano, negaram ter participado do encontro. O círculo próximo de María Corina Machado, a vencedora das primárias opositoras cuja candidatura foi inabilitada pelo governo, disse o mesmo.
O papel da Colômbia
Nesta semana, o ministro das Relações Exteriores colombiano, Luis Gilberto Murillo, anunciou que seu país participará como observador eleitoral nas eleições presidenciais da Venezuela, além das missões da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia.
A visita diminuiu o mal-entrar entre a diplomacia dos dois países. Para Petro, interessa ter diálogo com a Venezuela por causa dos processos de diálogo entre o governo colombiano e grupos paramilitares – como o Exército de Libertação Nacional (ELN) e o que restou das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) –, nos quais a Venezuela vem atuando como garantidora, além de anfitriã das negociações.
Denúncias da oposição
As eleições venezuelanas estão agendadas para o dia 28 de julho, e os candidatos tinham até 25 de março para registrarem seus nomes no pleito. Naquele dia, a Plataforma Unitária Democrática, denunciou que “nunca” teve acesso ao sistema de candidaturas na plataforma online do CNE desde que o processo foi aberto, em 21 de março.
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A PUD desejava registrar a candidatura de Corina Yoris, indicada como substituta de María Corina, que venceu com mais de 90% dos votos as primárias da aliança opositora no ano passado. Ela era favorita nas pesquisas, mas foi inabilitada para exercer cargos públicos por 15 anos. Em entrevista às Páginas Amarelas de VEJA, Machado havia dito que as eleições na Venezuela não poderiam ser consideradas livres caso ela não fosse permitida a participar, dado que havia sido escolhida como representante da oposição por voto popular. E profetizou: “O regime vai continuar cortando a cabeça de candidato após candidato até encontrar um fraco suficiente que seja capaz de derrotar”.
Pouco depois do cerco às candidaturas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou ser “grave” que Corina Yoris não tenha conseguido se registrar para participar do pleito, aumentando o tom com Caracas.
Um total de doze nomes conseguiram se registrar no pleito, e Manuel Rosales, um ex-rival do falecido Hugo Chávez, despontou como o principal adversário de Maduro. Ele pertence a um dos partidos da coalizão que forma a Plataforma Unitária Democrática.
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