Em entrevista à agência Lusa, a propósito dos 100 dias do arranque dos Jogos Olímpicos, que se assinalam na quarta-feira, Pedro Roque refere que Portugal está “perfeitamente alinhado” com o previsto no contrato-programa com o Governo, que fala em quatro posições de pódio, 15 diplomas (até ao oitavo lugar) e 36 posições até ao 16.º lugar.
O responsável lembra que este foi o balanço de Tóquio2020, “os melhores resultados de sempre de Portugal” em Jogos Olímpicos, pelo que a Missão portuguesa parte para Paris com “uma base que nunca foi atingida em Portugal”.
“O que nós nos propomos é a, pelo menos, igualar aquilo que foi feito em Tóquio. Naturalmente que os sinais que foram dados em Tóquio foram muito positivos, com resultados que ainda não tínhamos tido. Termos a capacidade de manter estes mesmos resultados será uma grande conquista para o desporto português […]. Os objetivos são muito desafiantes, mas nós estamos perfeitamente alinhados com esses objetivos, podemos e devemos cumpri-los. Se não acontecer, também não será por uma diferença muito grande, é essa a nossa previsão”, afirmou.
Mesmo com três dos quatro medalhados em Tóquio2020 a terem um ciclo olímpico complicado — Pedro Pablo Pichardo, Patrícia Mamona e Jorge Fonseca tiveram problemas físicos -, o COP mantém a esperança de ter quatro medalhas, até olhando para os resultados dos últimos anos em campeonatos do mundo.
“No ano de 2023, tivemos três posições de pódio, foram todas de ouro. E isto foi a primeira vez que aconteceu em Portugal, em campeonatos do mundo, três posições de pódio de primeiro lugar. No ano de 2022, obtivemos cinco. No ano de 2021, nos Jogos Olímpicos, foram quatro. 2020 não conta, porque foi um ano de pandemia, em 2019 obtivemos seis, que foi o nosso recorde. […] O que quer dizer que, se nós fizermos a média, apontamos aqui para cerca de quatro medalhas”, referiu.
Salientando que estes resultados são “um indicador de qualidade” da equipa lusa, Pedro Roque assume que ainda há muito trabalho para fazer, uma vez que Portugal, com uma média de 1,12 medalhas por Jogos, está muito longe da média europeia (nove) e até de países de dimensão semelhante (7,5).
“O que quer dizer que a nossa melhor representação andou perto da metade desses países entre os cinco e os 12 milhões de habitantes e ficou abaixo da metade da média da União Europeia. […] Nós não vamos conseguir chegar à média da UE, muito previsivelmente, em Paris. Mas nós temos de apontar para outras edições dos Jogos Olímpicos, porque se queremos a convergência em tantas áreas da nossa sociedade, também no desporto, particularmente no alto rendimento e na participação olímpica, julgamos que devemos ter essa meta e esse objetivo”, sublinhou.
A 100 dias dos Jogos Olímpicos, Portugal tem 40 atletas com quotas garantidas, menos 16 do que na mesma ‘data’ em Tóquio2020 (disputados em 2021 devido à pandemia de covid-19), um valor influenciado pelo facto de o andebol ter falhado a segunda qualificação consecutiva — seriam 14 os andebolistas –, embora Pedro Roque não o considere um fracasso.
“Se há cinco anos nós pensássemos que fosse possível o andebol poder estar em duas ocasiões no jogo de decisão da ida aos Jogos Olímpicos e em um deles ter conseguido e no outro não ter conseguido, ainda por cima em casa do adversário, certamente que poucos acreditariam que este cenário fosse possível. O que é um facto é que o andebol demonstrou ser um projeto sustentável, um projeto com futuro”, disse.
Apontando para alguma renovação na equipa, Pedro Roque acredita que o número de atletas portugueses pode andar entre os 70 e os 80, com a qualificação para 63 a 67 eventos de medalha — foram contratualizados 66 com o Governo.
“Se tivermos em linha de conta que a quota para os Jogos de Paris foi reduzida em 8% comparativamente com aquilo que aconteceu em Tóquio, digamos que, na generalidade dos casos, os países vão ter menos atletas. Se conseguirmos manter aqui o número ou aproximarmo-nos muito do número de atletas em modalidades individuais em Paris, sairemos com um número muito, muito similar e isso será desde logo uma conquista”, salientou.
Pedro Roque acredita ainda que até possam estar na capital francesa, entre 26 de julho e 11 de agosto, mais mulheres do que homens lusos, nuns Jogos que apontam para a paridade, lembrando que em Tóquio2020 já eram cerca de 46% as mulheres na Missão e 54% homens, num número inflacionado pela seleção masculina de andebol.
Questionado sobre a possibilidade de algumas modalidades, ‘fugindo’ das mais tradicionais (atletismo, judo e canoagem), surpreenderem e conquistarem medalhas, Pedro Roque disse acreditar que sim, salientando, entre outros, os nomes do ciclista Iúri Leitão, campeão mundial de omnium, e do skater Gustavo Ribeiro.
“Sinceramente, não sabemos o que é que vai acontecer em Paris, mas os últimos anos têm vindo a demonstrar que temos mais modalidades preparadas para poderem discutir lugares de relevo nos Jogos Olímpicos, […] e que há mais atletas jovens a sonhar e, mais do que sonhar, a colocar isso como objetivo e a não ter medo de ir atrás desse mesmo objetivo. E o nosso país, nesse aspeto, em termos desportivos, aquilo que se sente é que há uma geração preparada e com uma mentalidade distinta, com uma mentalidade de não ter medo de chegar aos primeiros lugares, não ter medo de estar junto dos melhores, não ter medo de ser um dos melhores”, afirmou.
*** Nuno Ortega (texto), António Cotrim (foto) e Rui Filipe Pereira (vídeo), da agência Lusa ***
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