Plantação de cajueiros prejudica biodiversidade na Guiné-Bissau – Instituto

A reconversão de terras devido à agricultura itinerante motivada pela plantação de cajueiros pode prejudicar gravemente a biodiversidade na Guiné-Bissau, alertou hoje Aissa Regalla de Barros, diretora-geral do Instituto da Biodiversidade e Áreas Protegidas (IBAP).

A responsável manifestou esta preocupação numa entrevista à Lusa por ocasião do Dia Internacional da Biodiversidade, que hoje se assinala, sob o lema “Faça parte do plano”.

A diretora-geral do IBAP, instituição técnica do Ministério do Ambiente que promove os ecossistemas para uma utilização racional e equitativa dos recursos, elencou uma série de preocupações, destacando as consequências das alterações climáticas, a poluição marinha e o uso de terras para agricultura itinerante.

Aissa Regalla de Barros notou que “cada vez mais” a tendência do agricultor guineense é de invadir zonas de mata densa, que constitui habitat natural da fauna selvagem, para plantar cajueiro, aquele que é o principal produto económico da Guiné-Bissau.

“O problema devido à reconversão das terras é que cada vez mais [provoca] a aproximação entre o homem e a fauna selvagem, o que pode gerar algum conflito”, afirmou.

A bióloga deu como exemplos os ataques de búfalos às plantações de mulheres horticultoras na zona de Cantanhez e os de chimpanzés às crianças em Empada, localidades no sul da Guiné-Bissau.

A diretora-geral do IBAP considera que a situação ainda não atingiu um nível de conflito aberto entre os animais e o Homem, mas alerta para a necessidade de se precaver desde já, para “uma coexistência pacífica”.

Um outro problema que constitui perigo para a biodiversidade na Guiné-Bissau, segundo Regala de Barros, é a poluição marinha e a própria gestão de resíduos sólidos.

A diretora-geral do IBAP notou que a quantidade de resíduos de plástico que entra na Guiné-Bissau “é assustadora” e chamou a atenção de que aquele material “acaba nos pratos de comida” das pessoas.

“O plástico vai para o mar como lixo, o peixe alimenta-se de resíduos de plástico e os humanos consomem o peixe. Ou seja, o plástico vai para o nosso organismo através do peixe”, declarou.

A responsável chamou a atenção para a importância do mangal na Guiné-Bissau, que disse ser “um dos países mais vulneráveis” aos efeitos das alterações climáticas, por ter um território plano.

O mangal, no país conhecido por tarrafe, ocupa cerca de 15% do território guineense, sobretudo toda a zona da costa, mas nalgumas comunidades o seu corte tem sido acentuado nos últimos anos, o que Aissa Regalla de Barros diz provocar inundações sempre que a água do mar sobe.

“Felizmente temos zonas importantes de tarrafe [mangal] que acaba por proteger a costa, mas nas zonas onde não há mangal há realmente essa inundação e também a infiltração salina que acaba por destruir os campos agrícolas”, referiu a bióloga.

Outra das consequências da ação do homem no ambiente na Guiné-Bissau é o aumento das temperaturas, períodos de chuvas desregulados, erosão costeira e ventos fortes, alertou Aissa Regalla de Barros.

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