Piauí usa tecnologia e recupera seis mil celulares em nove meses | Tecnologia

Policiais fazem operação em loja de celulares: cruzamento de dados foi fundamental para investigações no Piauí — Foto: Governo do Piauí/Divulgação

O governo do Piauí desenvolveu um esquema de investigação inovador que foi capaz de recuperar quase seis mil celulares nos últimos nove meses e diminuir em 44% o número de telefones móveis furtados no estado durante o primeiro trimestre de 2024 em relação ao mesmo período do ano anterior. Diante do sucesso, o protocolo será adotado pelo Programa Celular Seguro, do Ministério da Justiça.

O primeiro passo para implementar a nova estratégia no Piauí foi criar um banco de dados com o IMEI dos celulares, o número de registro dos aparelhos móveis, que funciona como um CPF do dispositivo. Ele deve ser informado pelas vítimas nos boletins de ocorrência registrados após o roubo.

Para isso, foi firmada uma parceria com o Judiciário, que permitiu que um inquérito pudesse investigar o roubo de dezenas e até centenas de aparelhos. Até então era necessário abrir um procedimento para cada aparelho.

Uma ordem judicial obrigou as operadoras de telefonia a fornecerem a localização dos aparelhos à Polícia Civil. Com isso, os investigadores conseguiram centralizar todos os dados dos celulares roubados e suas localizações em um aplicativo.

Em seguida, foi desenvolvido um programa chamado Cell Guard, que faz o cruzamento dessas informações e permite a busca e rastreio dos celulares. Na sequência, são disparadas intimações em massa para esses aparelhos furtados. Uma mensagem é enviada para quem está com o celular, orientando a pessoa a devolver o telefone móvel em uma unidade policial.

Quem devolver o aparelho não é responsabilizado pelo roubo ou furto que foi registrado. Caso o celular não seja devolvido, os policiais continuam rastreando o dispositivo e podem fazer a apreensão pessoalmente.

Outro sistema desenvolvido para o esquema de investigação, o Lupa Bot, é utilizado em todo o estado e permite que, a partir de uma foto do IMEI dos celulares, os policiais façam consultas para verificar se aparelhos possuem restrição de roubo ou furto.

Resultado expressivo

Com a metodologia desenvolvida, as autoridades partiram para o próximo passo das investigações: identificar a cadeia de comercialização dos celulares roubados. Na Operação Interditados, que já está em sua 15ª fase, policiais realizam a interdição de lojas, físicas ou virtuais, que fazem compra ou revenda de celulares roubados. As ações policiais conseguiram identificar e suspender as atividades econômicas de 64 estabelecimentos e prenderam mais de 30 empresários.

— É uma forma muito inteligente de lidar com a questão de segurança pública, que inclusive é rara no Brasil, em uma articulação de esforços entre forças de segurança e justiça que faz com que você consiga um resultado muito expressivo — ressalta o especialista Rafael Alcadipani, membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

O sucesso da estratégia chamou atenção do governo federal, que quer incorporar a novidade no programa Celular Seguro, desenvolvido pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. O programa permite que em poucos cliques, o usuário cadastrado na ferramenta possa solicitar o bloqueio do telefone celular e de aplicativos financeiros instalados, como forma de evitar golpes. O projeto do Piauí entraria como um complemento, focado no rastreamento e recuperação dos aparelhos pelos donos.

Representantes do governo federal e das forças de segurança pública do Piauí se reuniram nesta semana para discutir o assunto.

— Estamos trilhando um caminho de boas práticas, de sucesso e, principalmente, de uma política baseada na inteligência, na tecnologia e no aprimoramento dos processos — disse o secretário de Segurança do Piauí, Chico Lucas.

O especialista Rafael Alcadipani, no entanto, destaca que é preciso adaptar a metodologia para outros contextos. Segundo ele, os demais estados do país vivem uma realidade diferente nesse problema.

— Uma coisa importante de ser destacada é o volume de ocorrências. Cidades maiores têm um volume muito maior de ocorrências e isso vai fazer com que você tenha mais dificuldade de adotar uma medida como essa. Mas sem dúvida nenhuma, é importante que você pense em adaptações dessa medida para outros lugares e pensar o que essa experiência do Piauí pode ensinar para São Paulo, Rio e outras metrópoles — disse Alcadipani.

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